Suborno

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Na hora do almoço Dulce estava em seu escritório, luxuosamente decorado em branco, cheio de folhagens. Não perdera tempo molhando as plantas, como normalmente fazia ao voltar de uma viagem. Havia muito a fazer e, além disso, o homem da Gravadora TNT ocupara toda sua manhã.

Acabara de falar ao telefone com um certo Agente. Cooper, também policial do FBI, que lhe fizera perguntas intermináveis e tediosas a respeito de Luke Castellan. Não havia qualquer pista do paradeiro do contador, apesar de o Agente. Cooper ter examinado as listas de passageiros de todos os vôos que deixaram o país. A foto de Luke circulara entre as agências de viagens e bilheterias dos aeroportos, sem qualquer resultado.

- Se ele saiu mesmo do país, foi de maneira muito esperta - o Agente. Cooper dissera.

Dulce gemera baixinho ao imaginar o loiro Luke passeando com seu dinheiro pelas areias quentes de uma praia do Rio de Janeiro.

- A senhora não tem nenhuma ideia de para onde ele possa ter ido? - o policial lhe perguntara. Dulce estava perdida. Luke jamais lhe falara sobre a família ou amigos íntimos.

- Receio não ter qualquer informação para lhe dar - ela respondera. - O sr . Castellan era um excelente funcionário, até que tudo isso aconteceu, e estritamente devotado ao trabalho. Nunca forneceu informações pessoais, e eu também nunca perguntei.

Talvez fosse por isso que ela havia contado a Luke sobre seu divórcio, pensara enquanto o agente. Cooper fazia uma pausa no interrogatório. O relacionamento com o contador fora sempre tão impessoal que, ao revelar-lhe seu segredo, era como se estivesse fazendo uma confissão a um sacerdote. Sabia que ele não diria a ninguém, pois não era do tipo fofoqueiro, e, de fato, a reação dele fora cautelosa, friamente preocupada, como se não quisesse encorajar futuras confidências.

O Agente. Cooper agradecera e desligara o telefone. Antes mesmo que Dulce pudesse planejar o que faria durante a tarde, Annie a chamou pelo interfone.

- Ela está aqui - a secretária sussurrou.

Dulce nem precisava perguntar quem era ela: Belinda Peregrin, uma conhecida de Luke que, por acaso, era também uma modelo famosa. Belinda tivera um atrito com seu próprio agente e desde que Luke, que tinha uma queda por ela, lhe prometera que Dulce a representaria, a mulher não lhe dava mais sossego. Dulce já decidira que jamais representaria Belinda. Não que ela não fosse uma linda mulher, a despeito de estar um pouco avançada na idade para uma modelo.

Na verdade, era ainda muito requisitada. Porém era uma pessoa independente demais e sua reputação de "difícil de se lidar" poderia refletir negativamente na Agência Mystique. Se havia uma qualidade que Dulce exigia de suas modelos era o profissionalismo. E Belinda simplesmente não seguia essa regra.

- O que ela quer? - Dulce perguntou à secretária.

- Disse que tem um almoço marcado com você.

- Mas pensei que fosse para a próxima semana! - Dulce olhou em sua agenda. - E é mesmo na semana que vem. Ah, deixe entrar... Diga a ela que a atendo num minuto...

Dulce desligou o telefone exasperada. Lidar com o ego delicado de Belinda era a última coisa de que precisava naquele momento. Levantou-se assim que a modelo entrou em seu escritório.

- Querida, como vai? - A mulher alta e extremamente magra cumprimentou Dulce com um abraço formal. - Achei que você não se incomodaria se eu passasse por aqui. Está pronta para o almoço? - Ela parecia mais do que pronta, vestida de acordo com a última moda, como sempre.

- Belinda, o encontro tá marcado para a semana que vem - Dulce afirmou serenamente.

- Não me diga! - Belinda retirou da bolsa, com gestos afetados, uma agenda com capa de couro e examinou-a, mordendo o lábio. - Ora, veja, você está absolutamente certa. Que tolice a minha!

Try Again (Vondy-Adaptada)Onde histórias criam vida. Descubra agora