Crônicas escolares (A saga de uma professora)

O estágio

Quando escolhemos uma carreira não (ou nem sempre) imaginamos os riscos que possamos correr. Assim foi comigo! Antes mesmo de me formar, já corria risco no estágio.Fazia meu estágio numa escola em Copacabana à noite (não por escolha diga-se de passagem ), lá tínhamos que ministrar aulas de redação para alunos do terceiro ano do Ensino Médio. Não fomos aceitos com um sorriso no rosto, afinal entramos para estagiar num horário que a turma ia embora cedo. Assim era uma luta fazer com que ficassem e participassem.Pior que isso, era ir e voltar de Copacabana. Nesta época, eu morava no Alojamento do Fundão e usava o ônibus 485 (para os intimos " Expresso Infernal ")para me locomover , no horario de 18:00 andar neste coletivo é  ser comparada à sardinha em lata era um elogio. Agora, a volta. Ahhh a volta.... Lembro-me de um volta pra casa no dia dos namorados, este mesmo ônibus indo para Olaria, os namorados ansiosos para encontrar com seus amores para festejar (parece que o pessoal só sai pra jantar fora e fazer sexo neste dia ), o motorista (com algum problema mental, só pode) resolveu que não ia entrar no Fundão e que também não ia parar na passarela do Fundão na Linha Vermelha. Isso umas dez e pouca da noite, ou seja, que o pessoal que vivia no Alojamento deveria ir para Olaria e depois tentar voltar.( Para quem não é do Rio, vou explicar melhor : Seria você passar próximo de onde deveria descer, mas em função de ser uma via expressa, não poder descer. Assim você precisa ir para o final do percurso do ônibus, que seria quase uma hora depois pra poder pegar outro ônibus voltando e só assim descer no ponto onde você poderia ter descido há uma hora antes, apenas não o fez porque o tal motorista resolveu não passar no seu ponto por capricho ou por loucura. Sei lá... Deu pra entender? Então algo assim... Dá pra ficar indignado ou não? ). Aquela hora. Imagine só...o Fundão um lugar de extrema segurança( parece até Suíça de tão seguro). Nós quando percebemos, começamos a reclamar, a discutir com o motorista, ameaçar de denunciá -lo. Depois de muito discutir, ele recuou e voltou para nos deixar no Fundão . Aí quem não gostou foi o pessoal de Olaria( um pessoal feroz diga-se de passagem),neste dia não chamaram a gente de santo porque não merecíamos. Saí de dentro do ônibus com a nítida sensação que mais um pouco seríamos linchados. Isso tudo para ter a bendita planilha do estágio assinada! E o pessoal acha que fazer faculdade para ser Professor é fácil! Há quem pense que lemos uns livrinhos, escrevemos uns " textinhos" e ponto. Já somos professores! Cada um de nós, humildes professores, é que sabemos o sacrifício que foi conseguir o tal canudo.