Capítulo 27

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NOS CAPÍTULOS ANTERIORES, com Shirley tendo descoberto ser portadora do Espírito do Dragão da Alma e Ryan podendo ter sido levado pelos Sangrentos, a garota se junta a Keyla, Dewie e Todd para ir buscar o recém-transformado mortal. Ao descobrirem o endereço utilizando a conexão mágica que Shirley tem com a Ordem, eles encontram uma porta misteriosa. Onde será que ela irá dar? E o que será que se esconde atrás dela?

Boa leitura!!

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CAPÍTULO 27: OS CADÁVERES AINDA ESTÃO VIVOS

(escrito por ALÍDIA PACHECO)

Quando os jovens entraram pela porta misteriosa, deram de cara com um elevador de aparência moderna e bem cuidada, contagiado por um forte cheiro de metal. Surpresos, se entreolharam uns aos outros e entraram pelo invólucro, vindo para o repentino facho de luz elétrica que emanava do teto, retirando-se do escuro. De todos os 4, talvez Todd fosse o que estivesse mais nervoso, embora estivesse se esforçando para disfarçar isso. Quer dizer, aquele lugar era para ser a fazenda que seu pai andava escondendo de todos, até do próprio filho: entender que de fato havia uma conexão de Thomas com as mortes do Massacre das Brocas era um pouco chocante para o garoto, que pouco tempo antes estava trabalhando exatamente para aquele homem e seus asseclas assassinos. Mas papai não é um dos Sangrentos ainda, precisava se lembrar, mesmo que só para consolo. E, se depender de mim, ele nunca será.

Quando estavam os 4 dentro do elevador, fecharam a porta e apertaram o único botão que havia no display de controle, dando de ombros. Não era um tipo de tecnologia muito comum no Submundo, apesar da assimilação das tecnologias mortais estar se tornando cada vez mais comum desde a última década. Era irônico aquele pedaço de tecnologia mortal estar sendo utilizado justo pelas pessoas que queriam drená-los de sangue, mas Todd não se viu perdendo muito tempo pensando sobre esta ou aquela ironia. Suor escorria pela sua testa e um tremelique tomava os seus dedos, algo que não era exatamente comum. Todo esse movimento e descobertas sobre a índole de sua família o estava levando devagar à loucura, provocando, além de respostas físicas a esses novos estímulos, pensamentos cada vez mais surpreendentes em sua cabeça. Uma semana atrás o garoto acharia ridícula a ideia de estar indo resgatar justamente o ratinho que havia atrapalhado tanto o seu caminho no passado, mas agora ele estava até considerando parar de chamá-lo de "rato". Ótimo. Conseguiram fazer eu me preocupar com politicamente correto. Deve ser a porcaria do fim dos tempos mesmo.

Quando o elevador emitiu um BIP, as luzes piscaram uma vez e então o veículo todo começou a se mexer, descendo devagar o que pareceu ser uma série de andares. A tal da fazenda devia ficar no subsolo daquele prédio decrépito. Fazia sentido, levando em consideração que a operação toda dos Sangrentos devia ser secreta. Com certeza a Companhia Dernot possuía logística e fundos suficientes para construir esse tipo de aparato, ainda mais num bairro esquecido como eram as Brocas, longe dos holofotes da mídia e do poder da Instituição. Todd perguntava-se em mente quando os túneis teriam sido escavados, como exatamente que toda essa incursão se deu, mas não se surpreendia em estar sendo levado de elevador ao que poderiam ser 10 andares abaixo do chão, a tomar pelo tempo que estava demorando. Seja lá quando papai construiu esse lugar, fez um trabalho bem feito.

O rapaz estava certo. Assim que a porta de ferro tornou a se abrir e os adolescentes saíram pelo vão do elevador, deram de cara com uma instalação incomparável com qualquer outra no Submundo. Suspiros puderam ser ouvidos dos garotos, assustados com o tamanho e sofisticação daquela base secreta que haviam acabado de descobrir. O elevador havia dado numa imensa sala, mais parecida com um hangar ou galpão, ampla a ponto de tirar a respiração. Não dá pra acreditar no que eu tô vendo, o vampiro falava consigo mesmo, sem conseguir não ficar boquiaberto. A base talvez tomasse o espaço de 3 ou 4 quarteirões inteiros em área, iluminada com intensas luzes brancas elétricas no teto, fazendo com que tudo fosse bastante claro. Paredes cinza se erguiam por 5 andares, cheias de portas e passagens, dando num grande vão central, protegido por um corrimão de guarda-corpo. Daqui de onde os adolescentes estavam, dava para ver praticamente todo o mapa das instalações, que desciam ainda mais aqueles 5 andares, indicados pelas plataformas inferiores de onde eles estavam olhando agora.

A Ordem SangrentaWhere stories live. Discover now