8- O Rapaz Misterioso Parte 2

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-Querias dizer-me alguma coisa de manhã. O que era?-disse-me o rapaz muito diretamente. Sabia que o conhecia de algum lado. Mas é difícil de o reconhecer sem os óculos de sol.

-Adam?- perguntei. Devo ter parecido mesmo muito idiota porque ele revirou os olhos e encolheu os ombros.

-Culpado. Agora se não te importas, podes dizer-me o que querias de mim?- disse num tom meio arrogante.

-Sim, sim, claro. Eu sou a Merlia. Sou da tua turma e tu és o meu par para um trabalho que temos de fazer para ciências. - estiquei-lhe um papel que tinha no bolso com a minha morada- Eu queria saber se podias ir a minha casa amanhã para fazer-mos o trabalho e ...- interrompeu-me.

-Eu não estou interessado nesse tal trabalho. Se fizeres questão, põe o meu nome no final da ficha, se não, não ponhas. Tanto me faz. Se isso é tudo, então vou-me embora.- Virou-se e começou a caminhar. Pensei que aquilo era muito egoísta, infantil e irritou-me bastante. O meu corpo e a minha mente em conjunto com a minha boca fizeram algo que me espantou tanto a mim como a ele. Corri para o apanhar, agarrei-lhe a mão quente e ele virou-se para trás.

-Para ti pode não te interessar mas eu interesso-me. Não entendo porque não fazes o trabalho. Se for por causa de mim, troca de par. Mas faz o trabalho. Não sei porque raio me incomodou tanto o facto de não quereres fazer o estúpido do trabalho, mas a verdade é que incomodou. Chegas às aulas, sentas-te e ages como se não existisses! Por Santo Angeli! (estava tão irritada que nem dei conta de usar uma expressão nossa) Deixa de ser criança e de agir como se o mundo girasse à tua volta! Não gira! Faz a porcaria do trabalho comigo e tira uma boa nota! Eu até faço tudo se for preciso, mas tens de aparecer no mínimo. Se isto não serviu de nada, muito obrigadinha por me teres incomodado tanto com a tua infantilidade!- não sei onde raio tinha ido buscar tanta raiva. Mas aquilo incomodou-me mesmo... e depois do que eu disse, ou melhor, do que eu gritei, também o deve ter incomodado.

-Pronto, pronto! Tá bem! Mas se for para fazer o trabalho, só aceito se o fizer-mos em minha casa. Não gosto de ir à casa das outras pessoas.- depois pousou a mala, arrancou uma folha do caderno e escreveu a morada. -Diz que vens para ver o Adam. Se disseres que vens para fazer um trabalho, o mais provável é não acreditarem e não te deixarem entrar. Vem entre as 14:30 e as 15. -entregou-ma e foi-se embora. Deve ter mesmo ficado chateado. Olhei para a morada e não a reconheci. A letra era, no entanto, familiar. Fui para a cantina e contei tudo o que se tinha acabado de passar aos meus amigos. Nem quiseram acreditar. Ficaram boquiabertos e por momentos acharam que eu não estava a falar a verdade até lhes mostrar o papel rabiscado da morada. Olharam e apenas Damon sabia onde era. Não era de espantar. Bastava-lhe ter ouvido falar ou ter estado no local uma vez para saber onde era. Memória Fotográfica. Explicou-me o melhor que pode onde era a casa enquanto eu escrevia no papel as indicações.

-Fui para casa, ainda um pouco revoltada com a conversa que tinha tido no escola com Adam. Aquele rapaz conseguiu fazer-me ficar num transe estranho esta manhã, depois, numa raiva completa à hora de almoço. Nunca antes tinha acontecido tal coisa. E ainda não tivemos uma conversa de mais de 5 minutos. Imagina só quando tiver! Pus o papel em cima da mesa e tentei lembrar-me onde já tinha visto aquela letra. Nada me veio à cabeça. Paciência. Ei-de me lembrar, eventualmente. Eram quase 13:50. Decidi sair de casa cedo para poder ir para a casa do Adam. Como não sei onde fica, o mais provável é ficar perdida e, como não tenho carro, vou demorar ainda mais tempo a chegar. Peguei na mala com o computador, nas chaves e no telemóvel e saí de casa.


Romance Proibido - Livro 1Where stories live. Discover now