Capítulo 26

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Caitlin sobrevoa o Rio Hudson com o corpo de Caleb nos braços, voando na direção da Ilha Pollepel.  Ela mergulha, voando mais baixo, visando o pátio do castelo. O ar frio do rio assopra seu rosto, suas lágrimas, mas diferente de antes, não a acalma, - nada a acalmaria de novo. Caitlin pode ver seus antigos companheiros de coven, treinando sob a luz de tochas.  Ela sabe que tinha sido banida, e sabe que podem ter recebido ordens para matá-la, como Aiden havia avisado, mas ela não tem escolha.  Ela não tem mais aonde ir, e precisa ver Aiden.  Ela precisa saber se há algum jeito, alguma forma de reviver Caleb.  Ela se recusa a deixá-lo partir, e se não houvesse uma solução, ela tiraria a própria vida. Ela manda a cautela pelos ares e aterrissa no meio do pátio, no meio das expresses atordoadas de seus antigos companheiros.  Todos param de
treinar, e ficam parados, paralisados, observandoa espantados. Eles devem ter visto seu pesar, sua dor estampada em seu rosto, ao vê-la carregando o corpo de Caleb nos braços.  Ela para no meio do pátio empoeirado, chorando, e dentro de instantes Aiden aparece, marchando em sua direção. “Eu avisei você!” exclama ele, “Eu lhe disse que nada de bom aconteceria com sua partida, e lhe avisei que Caleb morreria,” completa, em tom severo. “Eu poderia ordenar sua morte por ter voltado aqui, você violou minha.” “Então me mate!” grita Caitlin, “Já não me importo. Não me importo com suas regras, ou com esta ilha. Só me importo com ele, Caleb, e ele está morto. Você tem que trazê-lo de volta,” ela pede, implorando, “tem que haver algum jeito. Deve existir um modo de trazê-lo de volta à vida, você tem que me ajudar!” Caitlin completa, soluçando. Todos os seus companheiros observam, em choque.  Até mesmo Polly está em choque, estupefata demais para dizer alguma coisa.  Aiden
lhes faz um sinal com a cabeça: “Deixem-nos.”. Em poucos segundos, todos saem do pátio. Now it was just Caitlin and Aiden alone, Caleb’s body between them. Aiden se inclina, colocando a mão na testa de Caleb.  Caitlin o observa, chorando, torcendo para que ele lhe dê alguma esperança. Por fim, após alguns instantes, Aiden balança a cabeça. “Ele está morto, sua força vital já abandonou este corpo. Ele foi ferido por uma arma muito poderosa, - pela Espada, não foi?”. Caitlin concorda, entre lágrimas. “E o que você fez com ela?” ele pergunta. “Eu a deixei lá!” responde Caitlin. Aiden de repente se levanta, com a cara amarrada. “Garota estúpida, você nos colocou a todos em perigo. Agora minha ilha será atacada! Você trouxe a guerra até nós.  Seus atos foram insensatos, egoístas!”
“Eu sei. Sinto muito. Por favor, apenas me ajude,” ela pede. “Não há nada que eu possa fazer,” responde Aiden. “POR FAVOR!” ela implora, “Tem que haver algum modo. TEM que existir uma solução!”. Vários minutos de silêncio se seguem, preenchidos apenas pelo som de seu choro. “Receio que não haja,” ele responde, finalmente. “ma você me disse, uma vez você me contou que vampiros podem voltar no tempo. Isto é verdade? Você me contou que meu pai está no passado em algum lugar. Isso quer dizer que eu e Caleb podemos voltar juntos, não quer? Não é verdade?” - ela está histérica. Aiden a encara, pensando. “O método do qual você fala, como eu lhe disse antes, é muito perigoso. A maioria dos vampiros morre tentando.”. Caitlin olha para ele, esperançosa. “Mas há uma chance, não é mesmo?” ela
implora. “Você está preparada para perder sua vida?” pergunta Aiden. “Sim,” ela responde, sem hesitar. “Você está certa disso?” “Tenho absoluta certeza,” diz ela. “Muito bem,” ele fala, “Siga-me.”. * Caitlin, carregando o corpo inerte de Caleb, segue Aiden pela floresta, com Rose em seus calcanhares; é seguida por seus antigos companheiros de coven. Todos chegam até a clareira na floresta, e Caitlin acompanha Aiden até o centro, enquanto os outros fazem uma ampla roda ao redor dela. Aiden fica na frente dela, enquanto ela posiciona o corpo de Caleb na grama. Uma grande lua cheia paira sobre eles, iluminando a clareira.  “Existe um ritual antigo entre os vampiros, raramente usado,” Aiden diz, “Entre os humanos, ele é usado como uma forma de matar um
vampiro para sempre, mas entre vampiros, é uma forma de ressuscitá-los.”. “Você deitará aqui, ao lado de Caleb, e nós organizaremos seu funeral, repetindo algumas palavras, três vezes. Se der certo, após a terceira repetição, ambos renascerão juntos; caso contrário, os dois morrerão em definitivo.”. “SE você reviverem, devem saber que não estarão mais no presente. Vocês vão acordar em uma nova vida, um novo lugar, em uma nova época. Vocês não podem avançar no tempo, então não poderão voltar; não sabemos em qual lugar, ou em qual época.” “Mas estaremos juntos?” pergunta Caitlin. “Ambos estarão no mesmo tempo e local, sim. Mas suas memórias serão apagadas. Talvez não as suas, mas certamente as dele. Ele já morreu, então se você o encontrar nesta nova vida, ele não se lembrará de você. Será como se estivessem se conhecendo pela primeira vez, - você será uma estranha para ele, e ele pode até mesmo não gostar
de você. Você entende o que acabo de dizer?”. “Não me importo,” Caitlin responde. “Você também nunca mais poderá retornar ao presente. Então pode dizer adeus a esta nova vida, para sempre. Você deve estar preparada para sacrificar tudo que sabe, para voltar no tempo, até um local desconhecido, e ficar com um Caleb que não irá reconhecê-la, e que talvez não goste de você. Também é possível que você sobreviva à jornada, e ele não; você pode acabar completamente sozinha no passado. Você está preparada para tudo isso? Está preparada para morrer?” Entre lágrimas, Caitlin olha mais uma vez para ele, “Por favor, farei qualquer coisa.”. Aiden olha para ela solenemente por alguns segundos, enquanto um silêncio tenso paira sobre eles. “Muito bem,” diz ele, finalmente. “Deite-se ao lado dele.”. Caitlin se deita, na grama, bem ao lado de
Caleb. Ela olha para o céu, para a grande lua cheia, e vê nuvens passando na frente dela. “Segure na mão dele.” Caitlin estica o braço, e segura as mãos frias de Caleb entre as dela, apertando com força. Rose aparece correndo, e se deita entre os dois, olhando para Caitlin e gemendo. “Aproximem-se,” Aiden ordena aos outros vampiros do coven. Os outros membros apertam o círculo, e ficam a apenas poucos metros de Caitlin e Caleb, olhando para baixo. “Caitlin, feche os olhos. Pense sobre uma época e um lugar. Imagine onde você gostaria de estar, em que época gostaria de viver. Agarre-se a este pensamento, não o deixe escapar. E todos os outros, repitam comigo.” Deitada ali, observando a lua, Caitlin sente as batidas do seu coração, e tenta desesperadamente se concentrar.  Ela não faz ideia de onde gostaria de estar, em que período gostaria de viver.  Tudo o
que sabe é que quer ficar com Caleb. Ela deseja isso tão profundamente, que seu coração quase explode. “Nós agora lhes deitamos aqui para repousar,” diz a voz suave de Aiden. “Nós agora lhes deitamos aqui para repousar,” repete o coro de vampiros. “Caitlin e Caleb, para que ressuscitem em outro dia.” “Caitlin e Caleb, para que ressuscitem em outro dia.” “Com a graça de Deus.” “Com a graça de Deus.” Caitlin as vozes suaves de seus colegas de coven, repetindo o mantra uma segunda vez. Ao ouvi-los, ela sente um tremendo peso tomar conta de seu corpo, e seus olhos começam a se fechar. E então, repentinamente, ela começa a ouvir uma música, - uma bela e doce melodia.  É a música que Caleb havia tocado há tanto tempo, na Igreja Whaling em Edgartown, - Pathétique, de
Bethoven. Ao ouvir o mantra sendo repetido pela terceira e última vez, ao ouvir a expressão ‘Com a graça de Deus’, seu mundo começa a girar. Ela sente a presença de Caleb, mais forte do que jamais havia sentido, e sabe - simplesmente sabe, - que em algum lugar, de alguma forma, eles ficariam juntos novamente.  E então, tudo fica escuro.

Memórias De Um VAMPIRO (Transformada, Amada, Traída, Destinada, Desejada, Ect)Where stories live. Discover now