_Agora dividiremos as cabeças? – sugeriu Christian.
_Sim.
Rodei Mojräd em minhas mãos, senti a leve ardência em meu pescoço.
_Seja você lá quem for – murmurei para a voz de minha cabeça – quero mostrar a você que estava certa, em todos os momentos que acreditou em mim.
"Eu sei que sempre estive minha querida, sempre acreditei, e sempre acreditarei em você".
Segurando firmemente a empunhadura com entalho de dragão, dei um passo à frente junto a Christian. A cobra estava longe de nós, mas sua língua rápida tinha um comprimento muito grande, conseguindo nos acertar.
Senti a superfície áspera tocar a pele nua de meu braço, causando um pequeno ferimento. Com apenas um reflexo me livrei de um segundo golpe de sua língua, enquanto ela ainda se encontrava esticada em minha direção, usei Mojräd para corta-la, a dor deve ter sido imensa, assim que pequenos pedaços vermelhos de língua caíram no chão a minha frente, a cobra arquejou.
Mesmo estando lutando contra a mesma criatura, não conseguia ver como Christian estava se saindo.
Tentei me lembrar de como havia agido quando enfrentei a cobra na segunda muralha, mas não conseguia. Apenas os sons daquela antiga batalha enchiam minha mente sem nenhuma imagem. Foi quando me lembrei, que naquela luta eu não mantive meus olhos abertos, eu simplesmente me entreguei a ligação que o colar tinha com meu corpo, deixando todos os meus sentidos serem guiados.
Eu iria repetir.
Fechei meus olhos, e assim que a única coisa que preenchia minha visão era a escuridão, senti a ardência em meu pescoço aumentar, minha corrente sanguínea parecia preenchida por um ácido feroz. Como naquela noite, agora meu corpo estava controlado pela força do colar. Levantei o braço que empunhava a espada, o balançando ferozmente no ar. Senti algumas vezes algo me impedir de prosseguir, mas não parei, cada movimento agora era mais complexo e complicado, mas conseguia reproduzi-los com certa precisão. Senti o momento exato em que atingi o couro grosso da cobra, escutei o baque surdo de algo caindo ao chão, abri os olhos, e vi o corpo desmoronar no chão sem cabeça.
Christian também havia conseguido fazer sua parte.
Assim como a aranha, a cobra também evaporou.
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A Grande Escolhida
FantasyCarolyn foi abandonada no orfanato da pequena cidade de Frenza, enquanto era um bebe. Os anos se passaram, e com eles a mesma historia, sobre o colar escondido na floresta, contada por Finnegam o zelador do orfanato. Historia a qual a garota se sent...