Capítulo 53

5.9K 574 51
                                    

_Pobre idiota – a voz de Amles soou como um trovão – acredita que pode me vencer. Eu matei seu pai – um riso alto seguido por um raio no céu – deixei sua mãe entre a vida e a morte – outro riso – agora restou apenas você, o único vivo da linhagem real, capaz de me impedir de reinar. Porém não passa de um adolescente idiota, o qual não teria problemas em matar.

Christian rosnou alto, arfando, logo depois um som animal surgiu dele.

_Oh – Amles ironizou – ele é igual ao falecido pai. Pobre coitado, entre tantas coisas boas em se transformar, ou poderes adquirir, o pobre infeliz é um lobisomem – riu irônico.

Eles estavam a menos de dez passos de distância, rodavam em círculos sem tirar os olhos um do outro, Christian segurava sua espada, seu peito arfava, e a raiva faiscava em seus olhos.

Assim que os olhos de Amles encontraram os meus ele parou, como se realmente estivesse pronto, agora, para começar sua briga.

Girou as mãos a frente do rosto, o céu se enegreceu pronto para uma tempestade. Com outro movimento de suas mãos tirou a espada de Christian de seu forte aperto, ela agora pairava a frente de seu peito. Christian arregalou os olhos assustado.

_Agora que temos plateia é mais interessante – falou Amles com um leve sorriso.

Ele jogou sua mão para frente, e como se estivessem interligadas a espada, ela se lançou forte contra o peito de Christian, o fazendo arfar. Vi com meus próprios olhos sua extremidade aparecer em suas costas, a espada o atravessou, e logo depois se prendeu a uma arvore próxima.

Meus olhos de emudeceram imediatamente, a respiração me faltou por segundos, meu coração virou apenas cacos encoláveis. Um desejo inexplicável cresceu dentro de mim, minha vontade era correr até ele, tocar seu rosto, de alguma forma aliviar a dor terrível visível em seus olhos. Lhe prometer que tudo ficaria bem, mas não podia, Amles estava entre eu e ele, sorrindo malignamente, se divertindo com minha dor.

Ele arquejou, respirando com dificuldade, aumentando ainda mais a dor dentro de mim.

Uma lembrança preencheu minha mente, por segundos Christian sumiu, dando lugar a mulher White Walker, a qual eu matei da mesma forma brutal. Logo depois eu me vi, virando a empunhadura de Christian, o fazendo arquejar. Fechei meus olhos balançando freneticamente minha cabeça, tentando me livrar daquela cena.

_NÃO – um grito esganiçado me fez abrir os olhos assustada.

Saindo do mesmo lugar de onde o Drept havia sumido, a mãe de Amles surgiu ofegante correndo até ele.

_Não faça isso meu filho – pediu ela.

_Não me chame de filho – ralhou Amles.

_Eles não tem culpa – falou a mulher parando a frente do filho – o erro foi meu – ela apontou para o próprio peito – somente eu devo pagar por ele.

Amles riu alto sem nenhum humor.

_Na verdade todos pagaram.

Ele se afastou de sua mãe, parando a apenas alguns passos de seu Chalé.

_Belo trabalho esse seu sua inútil – ralhou ele levantando as mãos, sua capa parecia ter vida própria ricocheteando com o vento – deixou que esses pirralhos atravessassem.

_por favor meu filho – ela juntou as duas mãos aos peito.

Não conseguia prestar inteiramente minha atenção na briga mãe e filho. Meus olhos vagaram encontrando os de Christian que não apresentavam mais aquele brilho vivido.

_Cale a boca – gritou Amles.

Suas mãos se movimentaram ferozmente no ar, os vidros das janelas de seu chalé se racharam, flutuando acima de sua cabeça com a parte pontiaguda virando para a mulher.

Meu olhos se voltaram novamente a Christian, ele contorceu sua boca em algo parecido com um sorriso, mas sua expressão só conseguia me transmitir dor. Seus olhos tinham novamente um brilho, mas não era de vida, e sim lagrimas que se formavam. O sangue fluía de seu ferimento manchando todo o meu velho moletom encardido. Sua respiração estava lenta e compassada, suas mãos pressionados contra o peito.

_Eu lhe dei uma segunda chance – berrou Amles, a cada uma de suas palavras o alvoroço entre os cacos de vidro ficava mais e mais forte – mas você falhou, como já era de se esperar.

_Meu filho – choramingou a mulher.

_Eu não sou uma pessoa de terceira chance.

Assim que suas palavras sumiram com o vento forte, os cacos de vidro sob sua cabeça se jogaram fortemente a frente junto a suas mãos. O seu sorriso maligno se instalou em seus lábios.

A mulher gritou agonizante caindo ao chão.

Inúmeros cacos de vidro acertaram a mulher, em todas as partes possível de seu corpo, onde imediatamente o sangue começou a fluir. Mesmo caída ao chão com segundos restantes de vida ela estendeu seu braço em direção ao filho. Pedindo piedade.

Ele apenas sorriu, e um último caco de vidro se jogou contra o mão da mulher, a atravessando prendendo contra o chão.

Eu quis dizer algo, o amaldiçoar, mas as palavras me faltaram, eu me encontrava ainda na mesma pose, do momento em que vi a espada de Christian o atravessar.

_Viu? – perguntou Amles se virando para mim, tirando seu capuz, deixando todo o seu rosto de traços malignos a mostra – eu fiz o que ela mereceu, não?

Neguei com a cabeça.

_Sim, fiz sim. Eu e você sofremos do mesmo problema, fomos abandonados por nossos pais. E juntos – ele deu um passo se aproximando de mim – formaríamos uma bela dupla, não acha?

_NÂO! – berrei, ao mesmo tempo junto com minha ira um forte trovão soou alto sob nossas cabeças.

O vento bateu contra meu vestido o balançando levemente.

Ele me avaliou dos pés à cabeça.

_Será uma pena matá-la – murmurou ele – tão linda assim.

Christian rosnou.

_Oh. Quase esqueci de nosso amigo é.... Como é mesmo... Oh sim, Christian.

Ele moveu seu dedo indicador da mão esquerda, e um dos poucos cacos que não se encontravam afundados na mulher levantou voou, flutuando rapidamente em direção a Christian, em direção a sua cabeça.

_Não – sussurrei levantando minha mão, como se conseguisse impedir que aquilo acontecesse.

O vidro explodiu no ar antes de acerta-lo, o cobrindo com uma pequena chuva de mínimo pó.

_Oh que lindo – Amles bateu palmas teatralmente – eles se amam.

_Cale sua boca – berrei, o vento começou a me circundar, não tão feroz quanto o furacão de minutos atrás – nós não somo iguais.

_O que sugere então minha querida? Que lutemos? – a zombaria não lhe deixava soar sério.

Sem nenhuma palavra movi minhas mãos, desejei que um raio caísse ao seu lado, e assim foi feito, uma grossa e larga rajada de luz caiu ao seu lado com um enorme estrondo queimando a grama, deixando um pequeno rastro de fumaça assim que foi embora.

Ele estreitou os olhos, que agora não passavam de uma fenda raivosa, moveu suas mãos em frente ao rosto, o vento ficou mais forte ainda, vários galhos das árvores ao nosso redor se quebraram girando a sua volta.

_Se você quer assim – gritou ele acima do zunido do forte vento – assim será.





A Grande EscolhidaWhere stories live. Discover now