Capítulo 4: O próprio medo

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I

Aquela situação pegou Loki completamente de surpresa, ele não podia acreditar no que os seus próprios olhos viam. Perguntava-se o que aquela mulher estava fazendo ali. Jamais esperou por isso, havia sido imprudente, e agora uma simples mulher poderia atrapalhar os seus planos. Ela o havia visto, e se contasse a mais alguém sobre isso os planos de Loki certamente seriam prejudicados. Mas ele não permitiria isso, já havia ido longe demais para tropeçar diante de pequenos obstáculos, se precisasse a silenciaria ali mesmo para sempre.

Enquanto Loki a encarava surpreso a jovem o observava com seus olhos semiabertos, parecia não acreditar no que via, para ela parecia que seria fácil acreditar que estava sonhando, começou a passar as mãos sobre seus próprios olhos em uma parca tentativa de fazê-los voltar à realidade, entretanto quando encarou a porta a sua frente novamente, não havia ninguém. Isso não era possível, pensava, embora estivesse com muito sono tinha quase certeza que tinha visto Loki em pé a sua frente. Confusa virou completamente seu rosto para a cama na qual se apoiava antes e viu o príncipe da mesma forma como ele estava antes. Tinha algo de errado, não estava louca, muito menos sonhando. Levantou-se e começou a procurar pelo quarto, imaginado que alguém poderia ter se escondido por ali, mas não viu nada. E de repente começou a sentir uma sensação estranha de medo, como se o ar que respirasse diminuísse, a cada segundo seu estranho medo parecia aumentar, e nem ao menos sabia por que estava se sentindo assim, só sabia que involuntariamente seus instintos clamavam para que ela fugisse de lá.

Em um canto do quarto Loki observava aquela estranha mulher, havia aproveitado o momento de distração dela para se esconder com suas ilusões. Seu cérebro dizia consistentemente para se livrar logo dela, antes que ela pudesse pensar em fazer algo. Se livrar dela seria mais fácil, apenas ameaça-la seria arriscado.

Lentamente ele foi se aproximando dela, a jovem parecia procurar por algo do lado oposto ao deus, ele foi se aproximando das costas dela, a observando melhor. Era uma mulher jovem, provavelmente não tinha habilidades de luta, não tinha um físico de guerreira, tinha uma aparência deveras frágil, cabelos longos e castanhos, bem claros, não era alta, nem baixa. Na verdade a seu ver ela parecia ser tão frágil quanto uma midgardiana. Lentamente ele ergueu uma de suas mãos em direção ao pescoço dela, ela parecia ser tão frágil, calculava que provavelmente conseguiria mata-la com apenas uma de suas mãos, tudo seria rápido, ela nem ao menos sentiria dor. Quando Loki já estava quase a tocando, parece que por instinto a jovem virou-se em direção a ele, só que ela nada enxergava a não ser o ambiente vazio.

Esse reflexo dela era irrelevante, não mudaria os planos malignos de Loki, encará-la nos olhos não o faria fraquejar. No momento em que finalmente ele iria tocá-la no pescoço, ele o sempre calculista começou a pensar no que poderia acontecer ali, certamente ela gritaria, pensar nisso o fez afastar sua mão um pouco, se ela gritasse logo apareceriam outros ali, na melhor das hipóteses um grito vazio seria tudo que ecoaria no local, mas depois o que faria com o corpo dela? Provavelmente alguém deveria saber que ela estava ali, pensar nisso começou a deixa-lo irritado, como se livraria daquela mulher sem chamar a atenção de ninguém? Se a matasse, com certeza teria que matar outros, isso seria arriscado. Talvez o melhor fosse colocá-la em um sono parecido com o de Odin, pensar nisso, o fez sorrir, seria por fim fácil. Estava preparado para enfeitiça-la, quando percebeu nos braços da jovem estranhas pulseiras com símbolos de criaturas mágicas, mau sinal, olhou ao redor e viu uma bolsa com alguns objetos utilizados para curar ferimentos, crispou os lábios, não conseguiria fazê-la adormecer. Entendia agora quem era ela aquela mulher, era a tal asgardiana designada a cuidar de "Loki", provavelmente conhecia muito de magia e não seria acertada facilmente por tais truques. Não sabia o que fazer, quando ouviu a mulher aparentemente murmurar algo.

Insaciável (Loki)Onde histórias criam vida. Descubra agora