Capítulo 15: Dúvidas

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I

Para quem buscava se esconder, esses encontros inesperados representavam tudo que jamais deveria acontecer, um infortúnio, um grande azar, ou quem sabe, talvez, seja exatamente o contrário.

Loki observava atentamente aqueles olhos profundamente castanhos, em busca de qualquer movimento da jovem que pudesse atingi-lo. Enquanto a analisava se afastava levemente dela, se perguntando se ela começaria a gritar como Amora, algo que não seria nada agradável. Ele sentia a presença de alguns guardas por perto, ser encontrado novamente não era uma opção, não fazia a menor ideia do quanto aquela relíquia havia influenciado em seus poderes e muito menos quando ou como eles retornariam, tudo que ele sabia era que precisava evitar situações como aquela.

Sigyn demonstrava estar impressionada com o que via, talvez estivesse com medo ou quem sabe apenas surpresa. Nunca havia visto um jotun antes, tudo o que sabia sobre eles era o que havia lido em livros ou escutado de outras pessoas, mas estranhamente ele não parecia em nada com o que ela tinha em mente, ele não era gigante, e muito menos apresentava ser violento. Apesar disso tinha certeza que o indivíduo a sua frente se tratava de um jotun devido as suas características peculiares como a pele azul e os olhos de um vermelho intenso que conseguiam se sobressair a escuridão da noite sobre o brilho das estrelas.

Jotuns não eram seres bem vistos pelos asgardianos, e asgardianos não eram seres bem vistos pelos jotuns, era uma premissa simples, inimigos de longa data. E qualquer um que fosse encontrado nos domínios dos outros seria considerado uma ameaça só por estar no local. E isso era claro para qualquer morador daqueles reinos.

Pensar nessa lógica simples fez Sigyn se lembrar dos guardas que a vigiavam desde aquele incidente no palácio, o quase roubo. O que eles fariam se encontrassem aquele jotun que estava a sua frente, o machucariam? O matariam? Isso a fez sentir um nó em sua garganta, não sabia o que iria acontecer ali, mas já se sentia culpada. Questionava-se o por quê da presença dele ali, talvez estivesse em Asgard por acidente e provavelmente morreria apenas por isso, ou quem sabe ele fosse exatamente igual aos gigantes descritos na histórias, violento e mau.

– Por que você está aqui? – perguntou Sigyn, olhando o homem que se afastava aos poucos.

Ele nada respondeu, Sigyn não sabia o que deveria fazer, talvez devesse simplesmente sair correndo, ou quem sabe ajudá-lo, mas ele era um desconhecido e isso poderia ser perigoso. Mas e se ele não fosse? O encontrariam por sua causa, estaria ela condenando um inocente? Se pudesse provavelmente ficaria horas refletindo sobre o que fazer, mas o som de passos se aproximando cada vez mais a fez tomar uma decisão.

Ela era impulsiva, agia muitas vezes sem pensar nas consequências, quem sabe uma grande qualidade ou um grande defeito. Mas o que seria da vida se não nos arriscássemos pelo que acreditamos?

– Você está ferido! – disse a jovem se aproximando dele enquanto observava alguns ferimentos no homem.

A decisão dela já estava tomada, o ajudaria, afinal acreditava que era melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que condenar um inocente, ela estava com medo e isso era claro, mas precisava se arriscar, fazia parte de sua natureza.

– Você não pode ficar aqui, tem umas pessoas me procurando, e acho que eles vão te machucar se te encontrarem. - disse enquanto encarava o homem a sua frente que demonstrava uma expressão de surpresa – Venha comigo. – disse o puxando pela manga de sua roupa.

Loki nada dizia, não queria que ela o reconhecesse através de sua voz, afinal como iria explicar aquilo? Mas as ações dela o deixaram intrigado, não resistiu em questioná-la.

Insaciável (Loki)Onde histórias criam vida. Descubra agora