Chupeta

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_ E depois de se livrar de Johnny? O que você passou a fazer?
_ Fugi para uma cidade distante, arrumei um emprego lá, como quando eu saí do orfanato.
_ E tem alguma história que você gostaria de compartilhar? O que você fez por lá?
_ Eu me tornei uma destruidora de lares, eu me envolvi com 2 caras comprometidos e os manipulou até destruir seus relacionamentos. Igual a amante do Johnny fez comigo. Igual a amante do meu pai fez com minha mãe. Eu não queria mais ser a vítima eu que faria vítimas dessa vez
_ E você era feliz assim?
_ Claro que não. Mas eu me divertia vendo elas sofrerem. Até que...
_ Até que?
_ Um dia eu estava andando na rua e vi um cara triste com cara de cansado segurando a mão de uma garota. Ela parecia ser sem graça, aquele cara merecia coisa melhor. E isso me fez enxergar ali eu e o Johnny. Eu tive tanta vontade de fazer aquela garota sofrer tudo o que eu sofri.
_ E você fez?
_ Sim, eu calculei tudo, fiz ele me amar, fiz ela saber que ele me amava, fiz ela chorar... chorar muito. Acho que ela inclusive precisava de uma chupeta por que parecia uma criança que não queria perder o brinquedinho. Ela era realmente parecida comigo. Vivia sofrendo mas não largava o namoradinho.
_ E como você se sentia com isso?
_ Eu me sentia ótima, o sofrimento dela me fazia feliz.
O doutor me olhava com um olhar de julgamento, como se eu estivesse errada em ter feito aquilo com aquela sem sal
_ Certo, e então ela fez como você? Deixou ele em algum momento?
_ Não, ele que me deixou. Ele a amava, pediu perdão e hoje eles estão lá felizes. Diferente da minha história.

_ Quem precisa de chupeta na verdade sou eu doutor. Minha vida é uma coleção de decepções.

Cry BabyWhere stories live. Discover now