Capítulo 5

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Por Poncho..

Abro os olhos pesados e sinto como se um trator tivesse passado sobre minha cabeça. Me viro na cama, passando as mãos pelos cabelos.. Derrotado. Olho ao meu lado e a cama está vazia. Ela não veio dormir ainda. Pego o celular no bolso da calça e já são 3h18 da manhã. Ela já deveria ter vindo.. Levanto da cama, sentindo a cabeça latejar, o corpo doer. Cristo, porque mesmo bebi tanto? Ah sim, me lembrei. Depois que discuti com Anahi liguei para meu pai. Por que eu liguei para ele? Por que me importo com o que ele diz? É tanta coisa que acabei chutando o balde e procurando um alívio na bebida. Anahi anda me tirando do sério, me pai me confunde, não sei mais como agir ou o que pensar. Saio do quarto e a casa está apagada, ela não está na cozinha, nem na sala.. Atravesso o corredor e vejo a porta do quarto de Bernardo entreaberta. Abro e vejo ela dormindo, apertada e abraçada a Bernardo. Ela parece um anjo de tão linda e eu nunca me canso de olha-la. A expressão relaxada quando dorme, a boca delicada e os cabelos esparramados como seda. Ela dorme com o shortinho e blusa que estava antes, essa roupa que me provoca, esse corpo que é a minha casa. Fecho os olhos e sinto a falta dela em cada centímetro do meu corpo. A vontade de abraça-la e pedir desculpas me invade como flecha, mas não o faço. Não vou ser fraco a ponto de faze-lo. Ela precisa entender meu lado, eu fiz tudo por ela, por nós. Meu pai tem razão nisso. Mas quando se ama fazemos essas coisas, não? Eu a amo, amo com todas as forças. Que confusão e com essa dor de cabeça não ajuda em nada. Bernardo se mexe e eu penso que ele vai acordar, mas ele não o faz. Ele passa a mão no cabelo, tirando o cabelo já crescido da testa. Eu sorrio, lembro de Anahi resmungando que ele é minha xerox. E olhando assim, sorrio, ela tem toda razão. Até o modo de agir parece comigo, a expressão séria quando dorme, a cor dos cabelos e dos olhos e curiosidade por descobrir a vida. Até que ponto devo me posicionar perante eles? Por que isso é tão importante para mim? Por que não consigo viver como antes? Em um suspiro cansado, fecho a porta do quarto, pegando o telefone novamente no bolso.

Poncho: Pai? Te acordei?

Alfonso: Sim, algum problema?

Poncho: Não. – mente sem jeito – Só queria conversar.

Alfonso: Diga então.

Poncho: É Anahi. – ele diz cansado – Não gosto de brigar com ela.

Alfonso: De novo com isso, Poncho? Pelo amor de Deus! Já disse que você precisa ser o homem da casa. Você é um homem, não um capacho.

Poncho: Eles são minha família, minha vida, eu devo protege-los, não faze-los sofrer.

Alfonso: Você não está fazendo-os sofrer, você está construindo o respeito que deveria ter construído há muito tempo.

Poncho: Isso não leva a nada.

Alfonso: Claro que leva. Você precisa de respeito para ser alguém. Você quer seu filho te olhe como no futuro? Não é não, Poncho. Seja firme.

Poncho: Por que eu te escuto? Não quero ser como você.

Alfonso: Você me escuta porque sabe que tenho razão, sabe que estou certo. É assim que as coisas são.

Poncho: Meu casamento sempre foi perfeito, nunca precisei dessas teorias baratas de respeito.

Alfonso: Seu casamento era tão maravilhoso que você me ouviu. Abra os olhos, filho. Ninguém vive conto de fadas a vida toda.

I Won't Let You Go (Begin Again) 2ºTempOnde histórias criam vida. Descubra agora