2.5 - Princípios de uma longa ressaca

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Capítulo editado, acontecimentos parecidos, porém FINAL DIFERENTE. Leia só o final, se preferir.

Demorou um pouco, mas elas conseguiram chegar ao início da fila quando era mais de meia-noite e já se configurava como domingo aos olhos dos mais conservadores. Para elas tanto fazia. Estava tocando uma música que Belize adorava, evidentemente um rock pesado, e Sarah foi puxada pela mão da menina em direção ao barulho.

Sarah, por sua vez, tentou puxar a mão de Kellen, só que a mão em questão estava fora do seu alcance, enrolada no pescoço de Fábio.

Quando Sarah olhou para trás, na ponta dos pés, por cima das cabeças da multidão, seu olhar encontrou com o da amiga e entendeu o que ela quis dizer sem nem usar palavras. Ela se reuniria com Belize e Sarah mais tarde. Tomara que fosse verdade, mas Sarah não iria interromper seu caminho até a pista de dança por isso.

Alguns rocks depois, em algum ambiente dentro da festa, começou a tocar algo que se assemelhava ao hip-hop, para instatisfação de Belize, que encaminhou Sarah para o bar. Ela desprezava tudo aquilo que não continha bateria, ou bateria desinteressante.

- Benzinho, você pode ter o que você quiser – Sarah parafraseou a música enquanto as duas se espremiam entre as pessoas ao longo do caminho. Fugindo da música em direção à embriaguez.

- Tem certeza? Eu sou uma dama de gostos exóticos.

Ela tinha razão, Sarah se encolheu toda por dentro ao ver a garota analisando o cardápio. Vindo Belize podia-se esperar tudo de mais exótico. Não seria de se admirar se ela pedisse a coisa mais cara dali, ainda por cima olharia para a infeliz que ia pagar a conta com seus grandes olhos pintados, manchados de lápis que diziam "Você disse: o que eu quisesse". Tampouco era para se surpreender se ela preferisse uma cachaça daquelas que vem numa garrafinha bojuda de plástico. Sarah ficava de ressaca só de pensar, torcia para que o desejo de Belize hoje se encontrasse no meio desses dois extremos.

- Quero uma tequila igual a da música. Quero que você também queira. Isso dá um total de duas – ela falou apontando a garrafa de Patrón no alto da prateleira.

- Melhor aumentar para um total de quatro, o que acha? Kel e Fábio podem aparecer por aqui a qualquer momento.

O parecer de Belize sobre o assunto foi um revirar de olhos. Que era o parecer padrão dela para a maioria dos assuntos.

- Se eles vierem para cá e começarem a beber de braços entrelaçados, dando bicadinhas no copo de shot vai estragar toda a atmosfera violenta da tequila.

- De onde você tirou a violência da tequila?

- É tudo uma questão de interpretação – disse Belize antes de mandar o conteúdo todo para dentro de uma vez só, sem nem chegar perto do artifícios do sal e do limão, pousando o copinho no balcão com uma força absolutamente desnecessária.

Se ela quebrasse alguma coisa ela teria que pagar. Já bastava Sarah ter sido deixada à deriva no procedimento do sal e limão. E a deriva estava apenas começando, Sarah adivinhou seu próprio abandono pelo solo de bateria que a música tinha começado.

- Situação ideal para começar minha dança. Não posso contar que a música permaneça boa assim durante a festa inteira.

- Vai. Eu te encontro lá – disse Sarah tentando equilibrar o sal e o limão numa mão e o copinho de shot na outra.

Belize se afastou fazendo um passinho, deixando Sarah pelas proximidades do balcão, ainda sem beber sua tequila. Aquela foi a primeira de três que ela mandou pra dentro num curto espaço de tempo.

O mundo dá voltasWhere stories live. Discover now