Capítulo #59

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Meu pai me levou direto pra casa, ele e minha mãe não paravam de falar e de reclamar comigo, e eu não parava de chorar, nem ouvia o que eles falavam, só conseguia pensar que não iria mais ver a Ni, quando eu lembrava da gente juntas na viagem, do pedido de namoro, das horas que passávamos no celular, de tudo que tínhamos vivido e que não poderia mais acontecer, eu chorava ainda mais, parecia não ter mais lágrimas, cheguei em casa e até achei que fosse um alívio, mas não, tudo só piorava, eu já ia subir pro meu quarto, quando minha mãe me mandou esperar:
- Manuela! Fica aqui na sala, nós vamos conversar! - eu estava enfurecida de raiva dos meus pais, dei as costas e quando já ia subir, meu pai segurou no meu braço e disse pra eu esperar e ouvir minha mãe:
- Você precisa ouvir umas coisas Manuela! Nós não somos palhaços, então espere e nos ouça, senta no sofá agora!
- Eu sou obrigada à fazer o que vocês querem não é? Podem falar à vontade, acha que vou mudar o que sinto, porque vocês vão me dizer que isso é errado? Eu não teria saído de casa, se o que eu estivesse sentindo não fosse de verdade, vocês não param pra ver isso? Uma só vez, eu preciso que vocês me entendam!
- Manuela, eu não vou mais falar nesse assunto, isso morreu, essa garota morreu pra nossa família e pra você também! As aulas já estão terminando, você precisa focar e terminar as provas, e depois seu pai e eu vamos mandar você pra passar um tempo em outro lugar, provavelmente outro país, seu pai já começou a ver uns intercâmbios, não adianta você reclamar, nessa cidade seus dias estão contados e você por enquanto vai ficar sem celular e computador só na hora dos estudos.. Bom acho que é isso, agora você pode subir pro seu quarto e nada de visitas por enquanto! - eu fiquei com muita raiva e muito ódio da minha mãe, comecei a gritar:
- Eu odeio vocês!!! Vocês são uns monstros os piores pais do mundo, podem me mandar pro inferno, mas eu vou continuar gostando de meninas e principalmente da Ni! - minha mãe levantou e me deu um tapa na cara,não foi forte e nem chegou a doer, não fisicamente, mas meu interior gritava de tristeza, e eu não ia perder a oportunidade de fazer com que minha mãe se sentisse culpada, comecei a chorar desesperadamente e até meu pai viu que minha mãe exagerou me batendo:
- Não era necessário isso! Você foi longe demais Sônia!
- Manu.. Filha... Me desculpa, eu não queria..
- Claro que queria, minha vida ta uma droga, eu preferia morrer do que viver com vocês! - falei isso e subi pro meu quarto, comecei a chorar sem parar, eu sentia uma tristeza enorme, parecia não caber no meu peito, me tranquei no quarto, aproveitei que meu notebook ainda estava no meu quarto e tentei falar com a Ni, mas ela não me respondia, provavelmente não tinha chegado em casa ainda, deixei algumas mensagens dizendo que a amava e que ela não esquecesse o quanto ela foi importante pra mim. Eu fiquei andando no quarto de uma lado pro outro, eu precisava fazer alguma coisa, meus pais iam me tirar do país e depois disso já era a Ni e eu, sempre que isso se passava na minha cabeça eu chorava ainda mais. Eu tomei um banho, ouvi meus pais brigando por minha causa, minha mãe tentou falar comigo mas era em vão, eu não a respondia, também não desci pra comer, depois de uma hora mais ou menos a Ni me respondeu, começamos a conversar pela web, eu falei o que minha mãe tinha feito, a Ni chorava muito, e me pedia desculpas o tempo todo, por não ter feito nada, aquilo me partia o coração, ela mal conseguia falar do tanto que chorava, não tínhamos ideia do que fazer ou de como ia ser,então decidimos conversar no outro dia na escola, era o único lugar que podíamos nos ver e nos falar, acabei dormindo com o notebook no colo, acordei quase 5 da manhã e a Ni ainda estava acordada me olhando, os olhos dela estavam com olheiras de tanto que ela chorou, ela falava o tempo todo que me amava e que tudo ia dá certo, não sei como ela conseguia ser tão positiva em meio ao caos, tomei banho e vesti o uniforme, ainda estava sem comer, meu pai foi me levar na escola, me deixou quase na porta da sala de aula e a escola toda tava avisada que eu e a Ni não podíamos chegar uma perto da outra, fui na biblioteca, onde combinei de ver a Ni, ela já estava lá me esperando, fomos pro último corredor e quando cheguei perto da Ni, foi a melhor sensação que já senti, nós nos abraçamos e nos beijamos, quando tentamos olhar uma no olho da outra, começamos a chorar, estava claro que não sabíamos até quando íamos nos ver, não dava mais planejar nada, eu então comecei a falar pra Ni, como um modo de despedida, mas uma despedida definitiva:
- Ni, não esquece nunca que te amo, não esquece que tentei de tudo pra gente ficar juntas, que tudo que eu mais quis, foi ficar do seu lado, desculpa por não ter sido mais forte..
- Não fala assim, por favor amor.. Parece até que, ai nem vou falar isso..
- Que é uma despedida? Talvez seja, mas um despedida pra sempre.. Daquelas que não dá mais pra voltar..
- Você falando assim, parece que vai morrer, não fala assim meu amor.. Eu não saberia viver sem você, se acontece algo com você, quem morre sou eu..
- Talvez não esteja tao longe disso.. - ela me olhou com os olhos arregalados e assustados, por perceber que eu não estava falando de brincadeira.

Minha lésbica vidaWhere stories live. Discover now