WoodCity

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      Senti o meu rosto queimar com a vergonha que havia passado naquele momento, tentei forçar um sorriso para disfarçar qualquer expressão que eu tivesse, mas com certeza o suor em minha testa e minhas mãos trêmulas me entregavam facilmente.

— Namorado? — Santiago observou a feição de Tyler — E ele sabe disso?

Hm...nós somos...mas faz pouco tempo, senhor — Tyler gaguejou de início.

Hmm, então se beijem...

— O que? — arregalei meus olhos.

Ah, pelo amor de Deus, Santiago — Sandra revirou os olhos e deu dois tapas no ombro do homem — Não liguem pra ele, venham...vamos arrumar um quarto para vocês.

— Obrigado por nos permitir a ficar — Tyler pegou a arma de volta e a colocou na barra da calça. 

— Você vai me contar isso depois — Alycia segurou o meu braço e riu — Mas agora vá descansar, Sandra vai cuidar bem de vocês.

— Contarei depois — sussurrei envergonhada.

       Sandra nos levou até um dos quartos desocupados daquele andar, algumas pessoas estavam pelo corredor quando passamos. No quarto havia apenas uma grande cama de casal, um banheiro simples e um mesa para comer.

— Ouçam, tem uma toalha lá dentro, não deixem de economizar na água, deixem as janelas fechadas e usem as velas com moderação — Sandra alertou — A comida será servida a noite e de manhã, desçam para o restaurante...ou melhor...para o que restou dele...

— Obrigada por nos avisar — coloquei minha irmã na cama e depois tirei minha mochila.

— Qualquer coisa que precisar pode falar comigo — Sandra colocou a chave na mesa e saiu do cômodo.

— Por que você disse que eu era seu namorado? — Tyler questionou depois de um tempo que Sandra havia saído.

— E-eu...eu não pensei...desculpa...aquela foi a melhor e primeira coisa que veio na minha mente...desculpa...

— Está tudo bem — Tyler riu colocando a mochila na mesa — Eu vou descansar um pouco antes de irmos jantar — ele se deitou.

~•~

      Quando a noite se aproximou, todos se reuniram no velho restaurante para comer a sopa de feijão que estavam servindo. Depois que todos se alimentaram, Santiago começou um discurso.

— Habitantes de Woodcity, vamos reforçar as regras já que ocorreram alguns incidentes há poucos dias e chegaram novos moradores.

— Você disse que iríamos passar poucos dias aqui! — uma mulher de cabelos cacheado e pele escura se levantou — Disse que nos levaria até um refúgio!

— Sim, mas ficaremos aqui até os recursos dos comércios ao redor acabarem — Santiago respirou fundo.

— E quais serão as novas regras — um garoto asiático indagou.

— Bom, vocês não sairão lá fora sem minha permissão, os alimentos vão ser controlados sendo 2 enlatados por dia e 3 garrafas de água, as munições só irão ser usadas em caso de emergência, qualquer pessoa que ficar doente deve me informar ou falar com Doutora April.

— Droga! Não aguento mais essa palhaçada — uma senhora bem idosa se levantou apoiando na bengala — Eu tenho que ir no mercado fazer a compra do mês e comprar meu jorna, eu vou me atrasar!

— Vó, já falamos sobre isso...a senhora não pode — Santiago a segurou para voltar a se sentar.

— Me larga — ela deu alguns tapas na mão de Santiago — Que coisa chata, vocês ficam inventando essa história de zumbis só para não me levarem para fazenda...quero minha casa de volta...— A senhorinha saiu reclamando.

— Ela não acredita no apocalipse? — perguntei pra Alycia.

— Santiago tentou contar mas ela não acredita...—Alycia me explicou e voltou a olhar para Santiago.

— Devíamos reforçar a segurança daqui já que ficaremos um tempo! — alguém sugeriu me chamando atenção.

— É uma boa idéia, mas como ?

— Fazer cercas com ônibus, telhas, madeiras e outras coisas — Sandra apoiou a ideia e continuou.

— Isso poder ser interessante — Santiago sorriu — Vou reunir um grupo pra procurar esses materiais, agora vão para seus quartos e descansem para o novo dia amanhã.

       Voltei para o meu quarto junto com Tyler e Hillary. Na hora de dormir, Tyler preferiu se deitar no chão, mas durante a noite acabou me pedindo um espaço para se deitar na cama.

~•~

       No dia seguinte, Santiago e alguns homens saíram em busca de criar as cercas, Tyler acabou indo acompanhá-los. Eu tinha tirado aquele tempo para treinar minha mira usando a besta que Alycia gostava de atirar.

— Agora me conta isso sobre aquele menino! — Alycia se sentou na poltrona empoeirada e colocou minha irmã no colo dela.

— Não é nada, Alycia...

— Como assim? Ele é seu namorado...— ela franziu as sobrancelhas e gargalhou — Já esqueceu?

— Na verdade...ele não é nada meu — respirei fundo — Eu apenas precisava de uma desculpa para deixá-lo comigo aqui.

Hmm, mas eu sinto que você queria, não é mesmo?

— Ai, pelo amor de Deus, Alycia...me poupe — revirei os olhos e voltei a treinar — Ele é só o cara que me protege e que vai me levar até meu pai.

— Vocês não pretendem ficar aqui?

— Não por muito tempo — recarreguei a besta — Tyler disse que só ficaríamos até ele conseguir uma forma de chegarmos ao nosso destino ainda mais rápido.

— Não é fácil se deslocar por esse novo mundo, Agnes...esse grupo já tentou várias vezes sair de Washington, mas é uma viagem cansativa quando não se tem carro...

— Sei que não, mas nós devemos tentar e você deveria vir com a gente...você poderia ficar em um refúgio seguro comigo e com a minha irmã...teríamos meu pai para nos proteger e viveríamos uma vida melhor. O que acha?

— Agnes, pare de sonhar — Alycia se levantou — Não há uma vida melhor para nós nesse mundo onde os mortos caminham, agora eles reinam o mundo, essa é a era deles.
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Apocalipse Zumbi - A Era Dos Mortos Vivos Onde histórias criam vida. Descubra agora