LI - Frederico Bertolini

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Frederico Bertolini




Eu estava de terno, arrumando mais uma vez meu paletó, encontrando mais um defeito no gel que minha mãe havia passado em meu cabelo, confirmando se o meu relógio estava no pulso esquerdo, se minha barba não estava feita por demais e, além de tudo, ficava olhando para a porta da pequena igreja que Elisabeth havia escolhido, apenas esperando os olhos verde-esmeralda de Pandora iluminarem os meses que eu esperei por ela.

Longos e intermináveis meses.

No entanto ela não apareceu, não logo de cara. Não no momento que Jason se colocou na minha frente com mãos trêmulas e um sorriso inabalável nos lábios.

Eu coloquei a mão no ombro dele, como padrinho, para lembrá-lo de ficar tranquilo, pois, ao contrário do amor da minha vida, o dele estava do lado de fora da igreja apenas esperando dois minutos, fingindo estar elegantemente atrasada.

Ele colocou a mão sobre a minha e a apertou com força, quase me fazendo trincar os dentes, porém eu sorri, perigosamente, na direção dele, fingindo que nada havia acontecido e minha mão estava intacta.

O padre chegou.

Os convidados chegaram.

Minha mãe limpou suas lágrimas.

Meu pai acenou, satisfeito.

A mãe de Elisabeth era parecidíssima com ela, e ao mesmo tempo não era, talvez fossem os olhos, ou os cabelos, mas algo fazia com que elas fossem igualmente diferentes.

Os pais de Jason nem se fale, eram a cópia exata do filho, ou ao contrário.

Aponi estava ali com Luna, porém a terceira e esperada Duncan, não estava ali. Ela não chegaria. Ela não viria. Ela havia mentido.

Então, ao tradicional som de "Lá vem a noiva", Elisabeth flutuou pelo chão da igreja com graça ao lado de seu pai, algo que não combinava com ela, algo que não era dado como um adjetivo seu, porém que, naquele instante, era a única palavra que a descrevia. Ela estava estonteante. Até doía os olhos.

Seus cabelos castanhos estavam presos em um coque, cobertos por um véu, mas era visível o sorriso em seus olhos, suas mãos prendendo o buquê como se ele fosse escapar, seus passos eram determinados — quando não seriam? —, mas ela flutuava naquele vestido. Parecia uma nuvem, brilhante, com rendas e uma cauda, mas estava linda.

Atrás dela vinham duas garotas, uma que lembrava Cecília, a mulher dos bolos, e outra loira que eu completamente desconhecia. Uma sorria, a outra não. E, um pouco mais no fundo, um garoto e uma garota apareceram, ela segurava o vestido e ele segurava uma caixa, estavam de braços dados e andavam quase se arrastando, cansados.

Aparentemente poucos dos amigos de Elisabeth aprovavam o casamento.

Fiz questão de sorrir ainda mais, apenas para reafirmar que aquilo não era um erro e eles estavam fazendo exatamente aquilo que tinham que fazer.

Andrew Marshall apertou a mão de Jason com orgulho e ao mesmo tempo com aviso, mandando mais de um bilhão de mensagens em apenas um gesto, algo que não passou despercebido por ninguém.

Elisabeth entregou o seu buquê a sua amiga loira, tentando um contato visual, porém a mesma a evitou a todo custo, tomando o buquê em mãos e olhando para o chão.

Metade das inseguranças delas foram por mim entendidas em menos de uma hora depois.

A cerimônia ocorreu sem muitos problemas. Eles repetiram todas as palavras, o garoto das alianças as entregou no momento certo, piscando para Jason com um sorriso malicioso nos lábios, fazendo com que o meu amigo ficasse rubro, algo que não era muito difícil quando se tratando aquela garota.

PseudomágicaWhere stories live. Discover now