Dinael_ Entre Anjos e Demônios

Recebo uma visita indesejável

Eu estava tão cansado, passei quase toda a noite lutando contra mestiços e caídos, meu corpo doía e eu sentia que a qualquer momento eu iria desabar. Samira dormia tranquilamente na cama ao lado, parecia até um anjo, eu me peguei pensando em como ela era bonita e merecia ser feliz e eu desejava e ansiava pela felicidade dela.

Eu seria tudo que você quisesse! Pare com isso Dinael ela é sua protegida e você não pode ter nada com ela.

Meu subconsciente gritava, percebendo minha movimentação Samira acordou, mas não abriu os olhos.
__ Vá dormir e deixe de me olhar com essa cara.
__ Que cara? _eu parecia completamente confuso.
__ Essa cara de bobalhão apaixonado. _eu fiquei mais confuso e ela do nada abriu os olhos pulando da cama. __ Está apaixonado Dinael? _eu senti meu rosto ficar quente e tinha certeza que fiquei vermelho de vergonha da pergunta dela. __ Responda! Você gosta de alguém? _dessa vez eu vi uma certa irritação da parte dela em relação da própria pergunta.
__ Você enlouqueceu? Sou um anjo e anjos são incapazes de se apaixonarem. _respondi bem sério.
__ Quem te falou isso? Até onde sei os caídos sentiram desejo pelas mulheres e abandonaram o lar. _ela foi ríspida e sabia que tinha razão, mas eu tinha uma dever à cumprir e não podia abdicar de tudo para amar uma mulher.
__ Pode até ter razão, mas eu tenho um dever a cumprir. _ela me olhou séria e tentei ser seguro nas minhas palavras. __ Esse sentimentos só pertencem aos humanos, vá dormir! Ficarei de vigia. _ela queria discutir mas eu a interrompi mandando-a dormir de vez e assim fez.

Minhas pernas começaram a bambear devido o cansaço e minha cabeça a pender para o lado querendo descanso, meus olhos pesaram e quando quase estava caindo no sono um barulho me despertou, fiquei alerta segurando minha espada, me pus de pé procurando de onde vinha o barulho, mas não havia nada já que o quarto era um cubículo, dentro dele não tinha janelas somente a porta.

Sentei novamente na cadeira no canto da parede e senti os olhos pesados de novo, mas dessa vez uma mão quente posou no meu ombro e uma voz que eu conhecia muito bem de quem era me chamando.
__ Acorda garoto! _abri meus olhos e lá estava ele, meu irmão de carne e osso, era o que eu pensava. __ Cedendo aos desejos da vida humana não é?
__ O que faz aqui? _eu o olhei interrogativo e ele apenas sorriu com seus belos dentes brancos, ainda havia beleza nele, porém não era mais uma beleza pura, estava carregada de vaidade, inveja e luxúria.
__ Vim ver como está meu irmão favorito. _havia sarcasmo na voz dele, mas fingi que não tinha escutado.
__ Pode voltar, dispenso suas visitas. _ levantando-me para abrir a porta para ele, mas sabia que ele não havia entrado por lá.
__ Devia saber que não poderá comigo, essa guerra é inevitável.
__ E sei que é, sei também que há uma data para acontecer, então seria loucura apressar as coisas. _olhei nos seus olhos e vi um brilho maligno.
__ Será muito divertido quando ela for tomada pelos meus servos. _apontando para Samira que já havia dormido. __ Não poderá salvá-la, é o destino dela.
__ É o que veremos! _cerrei os olhos o encarando.
__ Você pensa que é bom Dinael? Acredite, você não é e nunca será! Te ensinaram a ser bom, humilde, sensato, correto mas não passa de restos de mim que rejeitei! Ninguém te queria, nem mesmo Ele, mesmo assim insiste em lutar ao Seu lado, é um fraco. _segurei firme no cabo da espada, porque sabia que partiria ele ao meio.
__ Saia daqui! _ele apenas sorriu e evaporou em uma nuvem negra e eu desabei no chão.

Sua hora vai chegar irmãozinho.

Quando pensei que estaria livre senti uma mão segurar minha boca e um braço segurar o meu peito, tentei me soltar mas ele era mais forte.
__ Quietinho rapaz! Precisamos ter uma conversa séria. _eu até imaginei quem era e esse cara me evaporou com ele.

Quando chegamos fui jogado no chão e ao abrir meus olhos vi que estávamos no escritório do Meia Noite e o próprio estava sentado na sua poltrona me olhando sério, o sujeito que me trouxe era nada mais que Abadias o antigo guardião de Samira, ele me olhava com cara de desprezo e nojo.
__ O que um moleque como você está protegendo a Sam?

Sam? Ele a chamou pelo apelido? Quanta intimidade!

__ Não é ninguém, não passa de uma cria de Lúcifer. _me levantei o encarando com frieza e raiva.
__ Quem é você pra dizer que sou ninguém? Até onde sei você a abandonou. _eu estava com minha espada em punho pronta para acabar com aquele cara que acabou com a vida de Samira, ainda teve a audácia de dar uma de machão para meu lado.
__ Eu precisei, não podia manter mais aquilo... _parou e respirou um pouco para se acalmar. __ Eu nunca voltaria pra casa.
__ Você não passa de um covarde, se deixou levar pela luxúria do mundo e deixou ela em perigo. _joguei tudo que estava guardado dentro de mim quando eu o encontrasse.
__ Eu nunca deixaria ela em perigo, mas não podia ficar com ela, não podia.
__ PORQUÊ? POR QUE NÃO PASSA DE UM COVARDE É ISSO? _eu perdi o controle e comecei a gritar.
__ É PORQUE EU A AMAVA... _ele gritou em alto e bom som me fazendo recuar pasmado com sua revelação. __Eu a amava com todo o meu ser, mas não podia nutrir esse amor. _fiquei tão bravo que voei em cima dele para matá-lo, rolamos pelo chão do escritório, mas antes que o Meia Noite viesse nos separar ouviu-se um estrondo do lado de fora. __ São eles. _disse Abadias. __ Garoto leve ela daqui agora. _não pensei duas vezes e saí correndo rumo ao quarto onde Samira estava, mas uma pancada na minha cabeça me fez caí no chão me dando visão de alguém vindo até mim e se agachando.
__ Pensou que fugiria moleque. _e mais uma vez fui nocauteado perdendo a consciência.