O ritual do mal parte 2

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       Estava possesso de raiva empunhei a Anaklumuns e avancei contra Abadias, os caras tentaram me impedir, mas não teve jeito, a forma como aquele desgraçado tocava Samira me deixou irado e não era do meu feitio agir daquela maneira.

Todos olharam para mim em espanto enquanto eu voava avante ao altar, ouvi os gritos de Gabriel me repreendendo, mas eu não queria saber, meu objetivo era matar Abadias a qualquer custo.

       Foram chamados alguns guardas e caídos para me deter, mas a raiva que me consumia transmitia para minha espada e ela pegava cada vez mais fogo e os outros três elementos agiam em união, eu tinha a arma mais poderosa de todas.

Homens e mulheres fugiam aos gritos fugindo de mim, Abadias apenas me olhava friamente sem sair de cima de Samira e isso me deixava cada vez mais zangado.

        Quando já estava perto as chamas do salão se apagaram e depois surgiu um clarão de fogo junto com uma névoa escura que envolveu à todos e uma risada que arrepiou todos os pêlos do meu corpo, era uma gargalhada malévola e sombria que identifiquei logo.

Lúcifer!

__ Pensou que me deteria? _ele dizia e tinha certeza que era comigo. __ Gabriel? Veio participar também do meu renascimento? _ele ria, eu olhei para Gabriel e ele estava de olhos arregalados. __ Dinael, Dinael, eu tinha tantos planos para você, pensei que se renderia ao seu poder supremo, mas como é um tolo, morrerá junto com seus amigos. _a névoa se dissipou e lá estava ele parado me encarando com seus olhos vermelhos, mas usando o corpo de Abadias. __ Está pronto para morrer? _ele sorriu.
__ Mestre! _o sacerdote se ajoelhou perante Lúcifer e ele olhando com seus olhos frios.
__ Você é um incompetente, Raru. _então a terra se abriu e de dentro saiu dois enormes cães infernais e abocanharam o sacerdote o arrastando para as profundezas.

        Fiquei boquiaberto, simplesmente com uma única palavra ele mandou o homem para o inferno, toda a coragem que eu tinha inicialmente se transformou em medo, medo do ser que estava na minha frente a quem eu chamava de irmão.
__ Onde nós estávamos? _ele sorriu para mim divertindo-se da situação. __ Lembrei! Como deseja morrer Dinael?
__ Você mataria seu próprio irmão? _eu disse com a voz embargada, quase uma petição.
__ Irmão? _e começou a gargalhar. __ Não te contaram a verdade, não foi? _ ele virou e olhou para Gabriel. __ Vocês se acham tão santos e escondem a verdade de uma criança. _balançou a cabeça em negação sorrindo. __ Bom! Vamos ao ritual. _antes que se virasse, apontei a espada em seu peito.
__ Não vai a lugar nenhum! Pode acabar com essa palhaçada e voltar para o lugar de onde veio Lúcifer. _finalmente consegui formular uma frase.
__ Acha que tenho medo da sua espadinha? _ele tocou minha espada e ela derreteu nas minhas mãos.

       Foi aí que meu corpo tremeu como vara verde, dele destruiu a Anaklumuns como se ela fosse feita de alumínio, entrei em choque e não consegui sair do lugar, caí de joelhos e não percebi quando demônios surgiram e me agarraram. Olhei para Gabriel, mas ele também não reagiu e se deixou ser capturado assim como Daniel e Tobias.

        Fui amarrado em um tronco de frente para o altar e do lado do X de Hamin, eu ainda estava em choque, mas olhei para meus amigos e os vi de joelhos com as cabeças baixas amarrados, meus olhos se encheram de lágrimas, pela primeira vez eu chorava, chorava por ter metido meus amigos nessa, chorei por não poder salvar Samira, chorei por ser um idiota e deixar que Lúcifer me manipulasse daquela forma, me deixando fraco.
__ Vamos ao ritual. _Lúcifer concluiu, e apesar do medo os que restaram na salão continuaram a canção.

       Ele subiu outra vez em cima de Samira e começou a abrir seu vestido e distribuir beijos no colo dela e fazia isso olhando para mim, aquilo enchia meu coração de dor, raiva, medo, confusão e um ódio inigualável por meu irmão.

      Quando estava quase a deixando sem roupa, os olhos dela se abriram e o pânico transpareceu, ela empurrou Lúcifer com toda força que tinha o jogando no chão.
__ Saia de cima de mim. _ela olhou para si mesma percebendo que estava quase sem roupa, puxou o vestido tentando se cobrir e começou a chorar.

      Lúcifer se levantou levitando e foi direto para Samira agarrando-lhe os pulsos e sorrindo com malícia.
__ Você é minha querida! _deitou ela bruscamente no altar.
__ Não vou ceder sem lutar. _ela disse com a voz embargada pelo choro e começou a se debater feito uma louca.
__ Pare com isso! _ele tentava pará-la, como não conseguiu a soltou. __ Tragam eles para mim. _ele gritou e de repente dois caídos vinham arrastando duas pessoas, meu coração gelou na hora, eram os pais de Samira. __ E agora meu bem? Vai lutar ainda? _ele sorriu em triunfo, os caídos apontavam armas na cabeça dos pais dela, vi o desespero de Samira ao se deparar com seus pais a sua frente sendo usados contra ela.
__ Por favor não machuca eles. _ela pediu chorando. __ Eu faço o que quiser, mas deixa eles em paz. _mesmo depois de tudo que os pais fizeram ela os amava muito e sacrificaria sua própria vida por eles.
__ Boa escolha querida!
__ Não faça isso filha! _a mãe dela gritou aos prantos. __ Não mereçemos viver, somos os culpados por isso. Só queremos que uma dia possa nos perdoar.
__ Mamãe não vou deixar que morram, vocês são tudo que tenho.
__ Nos perdoe filha, ficamos cegos, pensamos que Deus seria incapaz de nos dar filhos. _o pai de Samira respondeu chorando. __ Recorremos ao lado ruim, mas agora sabemos que não foi nenhuma entidade que nos deu você, só Deus pode dar a vida. Nos perdoe filha!
__ Eu amo vocês! _Samira respondeu e deitou no altar fechando os olhos em rendição.
__ Boa menina! _Lúcifer disse sorrindo.
__ NÃO! SAMIRA NÃO! _eu gritei junto com seus pais, ela virou a cabeça e olhou para mim e sorriu.
__ Eu te amo Dinael! _fechou os olhos e se rendeu por completo.

        Eu gritava e me debatia chorando, não podia permitir que isso acontecesse, era minha missão, meu dever, eu era um anjo celestial, não um ser humano fraco. Quando pensei que as coisas estavam ruins, é que o pior estava por vir, um barulho de tiro e corpos caindo no chão, uma voz sussurrando.
__"Salve minha filha!"
__ NÃO! _os pais de Samira estavam mortos.

Dinael_ Entre Anjos e DemôniosWhere stories live. Discover now