Lorena

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- Feliz aniversário! - Acordo com minha mãe entrando no meu quarto com um cupcake com uma velinha em cima.

- Que horas são? - Eu resmungo, esfregando meus olhos.

- Hora de você aproveitar seu dia! Vamos, faça um pedido. - Ela está sentada na beira da minha cama agora, os olhos ansiosos e um sorriso estampado no rosto. Eu sopro a vela e faço o mesmo pedido de todos os anos:

Quero conhecer meu pai.

Nunca contei isso á minha mãe. Ela provavelmente deve achar que eu peço coisas como um carro, um namorado ou entrar na faculdade. Mas, por mais que esses sejam desejos que perseguem sempre, conhecer meu pai está na lista desde que me entendo por gente.

Não é uma história complicada, na verdade. Isso acontece com milhares de pessoas. Meus pais se conheceram na adolescência, se apaixonaram, mas infelizmente tiveram que se separar. Anos depois, eles se reencontraram e, bem, eu estou aqui. Minha mãe não gosta muito de falar sobre isso, o que é óbvio, mas apesar de tudo, eu quero conhecê-lo. Quero perguntar por que nos abandonou, saber se ele se sente culpado.

- Ah, você cresceu tão rápido! - Ela diz, desviando meus pensamentos.

Eu me levanto da cama para me preparar para descer. Se bem conheço minha mãe, ela deve ter feito algum tipo de surpresa, como todo o ano. Esse não seria diferente.

- Lá vamos nós. - Eu suspiro.

• • •

- Feliz aniversário, Lorena! - Todos estavam na lanchonete. A Amber e Thomas, alguns amigos meus, alguns amigos da minha mãe. Sorri e cumprimentei todo mundo.

- Agora que já é adulta, podemos fazer coisas. - Fala Thomas no meu ouvido me fazendo dar um pulo. Ele ri.

- Eu não estou interessada em fazer coisas com você. - Rebato.

- Ah, Lorena, mas um dia vai estar. - Diz e dá uma piscadinha para mim. Ele nunca desiste.

Thomas é filho da Amber, melhor amiga da minha mãe. Elas trabalhavam juntas quando mais novas na mesma boate como bar girl. Amber acabou se dando melhor na vida quando casou com o dono da boate, e minha mãe ganhou esta lanchonete - que por acaso fica em baixo da minha casa - de herança de algum tio-avô. De qualquer forma, eu e Thomas convivemos juntos desde criancinhas e isso meio que ajudou para ele ter esse interesse em mim, mas o problema é que já faz muito tempo.

- Aqui está. - Diz ele.

- O quê?

- Seu presente. - Ele estende uma caixinha azul com um laço vermelho. Eu agradeço e abro na mesma hora. É um colar, com um pingente em formato de coração e provavelmente custou o olho da cara.

- Meu Deus, Thomas, isso deve ter sido muito caro!

Ele sorri maliciosamente para mim.

- É como eu já te disse antes, gatinha. Posso te dar tudo e muito mais.

Eu reviro os olhos e saio de perto dele. Minha cota por hoje já estourou.

A minha mini festa logo acabou e só me restou esperar pela boate de noite. Amber foi muito legal por ter reservado ela de graça para o meu aniversário - uma das vantagens de sua mãe ser melhor amiga da dona de uma boate.

A Última HerdeiraWhere stories live. Discover now