Capítulo 13

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Em uma tentativa fracassada, eu tentava engolir o que o Maurício disse. Mas fazer eu aceitar isso é pedir para eu engolir um caroço de abacate, não tem como.

O Lucas e principalmente eu, ficamos olhando para meus pais. Até que meu pai teve coragem de olhar em nossos olhos.

-Sente-se, eu vou explicar - ele disse.

Já que não tinha o que fazer, sentamos no sofá ao lado que eles estavam. Meu pai respirou fundo antes de começar a dizer.

-A um tempo atrás - ele começou. -, eu e sua mãe estávamos passando por uma crise no casamento, você já era nascida, Melissa. Eu fui esfriar a cabeça e acabei me envolvendo com outra mulher.

Meus olhos caíram sobre minha mãe, meu pai a traiu e mesmo assim ela ficou com ele? Ou é muito amor ou é muita burrice, para mim essas sempre foram as únicas alternativas de alguém aceitar uma traição.

Minha mãe tentava segurar as lágrimas conforme meu pai ia falando e ia fazendo ela lembrar de tudo.

-Foi coisa passageira. - Ele continuou. - Coisa de uma noite, apenas. Depois disso a crise passou e seguimos nossas vidas.

Enquanto meu pai falava, ninguém ousava abrir a boca, nem mesmo o Maurício.

-Por isso - meu pai disse. - Fiquei surpreso quando a mãe do Maurício veio me procurar, depois de tantos anos, dizendo que aquele envolvimento teve consequências. No caso, o Maurício.

Olhei para o babaca, que é meu irmão. Nem no meu pior pesadelo eu imaginária que o Maurício seria o nosso irmão misterioso.

Meu pai tomou fôlego e continuou:

-Eu fiquei sabendo a pouco tempo e tratei logo de ser o pai que não fui a ele, e trouxe ele até aqui para vocês se conhecerem melhor, a primeira impressão que tiveram um do outro não foi das melhores.

-E tem mais, pai - o Maurício lembrou.

Tão estranho ver outra pessoa sem ser eu e o Lucas chamar o nosso pai, de pai. O Maurício então, é horrível. E agora ele é meu meio-irmão.

-Ah - meu pai disse se lembrando. - A mãe do Maurício teve que viajar para fora, fazer um tratamento, e ele não tinha onde ficar.

Eu não conseguia falar nada, então o Lucas perguntou:

-Ele vai morar com a gente?

-Vai - meu pai afirmou.

Eu não acredito, já não bastava ser meu meio-irmão, agora tem que vir morar aqui, na minha casa?!

-Eu sei que vocês não se deram bem - meu pai se apressou a dizer. - Mas espero que vocês tratem ele bem. Posso contar com vocês?

O Lucas me olhou e eu olhei para ele. Percebi no seu olhar que ele via que não dava de fugir.

-Pode - ele disse

O lucas disse isso só para nosso pai ficar tranquilo. Meu pai sorriu e olhou para mim.

-E você, posso contar com você, Melissa? - ele me perguntou.

O Maurício ainda estava vendo tudo, não podia ser em um lugar mais reservada essa conversa ?!

Minha vontade foi dizer um grande não, mas ao olhar para minha mãe e ver nos olhos dela um pedido de súplica, mudei de idéia.

-Não garanto nada - dei de ombros. - Mas posso tentar.

Senti uma tensão enorme sair de cima dos ombros da minha mãe, ela sorriu para mim, olhei para ela e retribui.

-Ótimo. O Maurício vai dormir aqui na sala - meu pai anúnciou e pelas costas dele, o Maurício fez uma careta de quem não queria dormir ali.

Surpresas do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora