Capítulo 26

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Sabe quando acontece algo muito, muito bom em sua vida, que você chega a se perguntar o porquê de tanta coisa boa, chega a querer se beliscar para ver se tudo não é um sonho? Era exatamente o que eu sentia quando vi o Guilherme acordado.

Fiquei esperando minha mãe, o Lucas ou eu mesma me acordar por contra própria, mas, felizmente, isso não aconteceu. Tudo estava acontecendo mesmo.

Agora eu sei o porquê daquele negócio de luz no fim do túnel, querer dizer que mesmo quando a gente acha que tudo está perdido, que não tem solução nenhuma, o mundo gira e de repente, tudo da certo.

Até parece brincadeira, mágica ou qualquer outra coisa, mas uma hora ou outra, por mais que pareça tudo impossível, tudo dá certo. Cliché tudo isso, eu sei, mas quando a gente está feliz, é meio difícil não pensar em coisas óbvias.

A mão do Guilherme apertava fortemente a minha, enquanto eu ainda estava me acostumando com a idéia que, finalmente, tudo estava bem, como eu sempre quis.

-Henrique, chame um médico - pedi, sem parar de olhar para o Guilherme.

Senti o Henrique se afastando, assim que ouvi a porta se fechando, suspirei e soltei a mão do Gui.

-Meu Deus, não pode ser verdade - falei, analisando seu rosto com as mãos.

-Que eu estou vivo? Pois é, eu estou - o Gui disse, com a voz fraca.

Ele sorriu. Naquele momento, que vi aquele sorriso, mesmo em meio a fraqueza, tinha surgido, não me segurei e me joguei em seus braços.

-Eu senti tanto a sua falta, meu amor - sussurrei em seu ouvido.

Senti seus braços passando em volta da minha cintura. Ele me apertou contra seu corpo, até que eu me separei e o beijei com toda a saudade que tinha dentro de mim.

O beijo do Gui permanecia igual. Senti aqueles lábios nos meus, e nunca, em toda minha vida, eu fiquei tão feliz de poder ter beijado o Guilherme.

Me separei dele e me sentei na cadeira, segurando sua mão.

-Agora me conte o que aconteceu? - o Gui perguntou.

-Você não lembra?

Será que a batida tinha afetado alguma parte de seu cérebro e ele não lembrava se nada? Bom, pelo menos de mim ele lembrava, me chamou até se Lissa.

-A gente sofreu um acidente... - ele lembrou.

-E o que mais? - pressionei.

Ele franziu a testa, como se estivesse procurando inutilmente uma meia no meio da bagunça que era seu guarda-roupa.

Ele soltou o ar.

-Mais nada. Lembro de tudo, mas a partir do acidente, não lembro de mais nada.

Apertei mais forte a sua mão.

-Você está em coma desde o acidente - contei.

A expressão dele mudou, ele não esperava aquilo.

-Quanto tempo eu fiquei em coma? - perguntou ele.

-Sete meses, quase oito - contei.

Sua boca se abriu e ele quase chorou.

-Eu praticamente, nasci de novo - ele murmurou.

-Foi um milagre - concordei.

-E então, o que você tem para lê contar?

Me ajeitei na cadeira, me preparando para contar tudo o que tinha acontecido desde o dia daquele do acidente, mas não pude nem falar a primeira palavra que planejei, pois porta se abriu e o médico entrou.

Surpresas do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora