03• Cigarros e bebidas

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Anelise

Quando eu conheci a Camille por um grande acaso do destino a quase três semanas atrás, eu não pensei em como uma garota pudesse mexer tanto com meu psicológico. Eu tinha minhas dúvidas sobre sua sexualidade, mas ver que ela não negou minhas investidas me fez ter a certeza que ela gostava daquilo tanto quanto eu. Talvez ela fosse uma garota moderna e bem resolvida e gostasse de pessoas no geral, porque é assim que funciona, não escolhemos se vamos ou não gostar só de um ou de outro. No final o que move é o sentimento e quantas orgasmos você consegue ter em uma só noite.

Eu não gostava de relacionamentos, pra mim era cansativo e toda a dor que isso trazia não me parecia valer a pena o estresse. Já gostei muito, já me apaixonei também, mas eu sempre saía com meu coração partido e desde então eu jurei pra mim mesma que ninguém mais ia fazer isso comigo.

Da varanda do meu apartamento eu soprava a fumaça do cigarro enquanto bebericava um whisky. Era sexta-feira, faz quase uma semana desde o almoço com ela, eu não queria me envolver, queria algo casual, mas eu não sei o quanto ela estava disposta a isso também. Pressionei a ponta do cigarro no cinzeiro e caminhei até a minha esteira de exercício, já estava devidamente vestida pro aquecimento matinal, era apenas seis e meia da manhã. Eu sei que beber a essa hora do dia não era algo tão responsável, mas eu precisava esquentar meu corpo de alguma maneira. Coloquei os fones e liguei a mesma mantendo o ritmo e acelerando aos poucos.

Após uma caminhada de vinte minutos, me joguei no chuveiro sentindo as gotas escorrendo pelo meu rosto. Sai de lá e sequei meu cabelo, ele estava acima do ombro, com um corte em camadas. Vesti meu terninho social e peguei a pasta com os documentos para o dia.

Eu trabalhava sendo gerente em uma das fábricas do meu pai, ele ficava mais viajando pela Europa do que aqui no Brasil. Então eu assumi essa responsabilidade, juntamente com meu irmão mais novo,
Ele era um mulherengo, e não gostava muito desse mundo corporativo, assim como eu, tinha tudo que quisesse, mas precisava provar que merecia. Até fazia uns bicos de garçom em eventos, só pra ter não ficar tão perto da administração da empresa.
Mas hoje ele não ia escapar, pois precisamos resolver algo relacionado a máquina que deu pane ontem a noite.

Peguei meu carro suv preto e segui até a fábrica. Meu celular toca e eu coloco no alto falante do carro.

Maninha! Tem como você passar aqui no meu apartamento? Meu carro está em um conserto na oficina.

Mas que abusado. Pensei.

Justo hoje ele está no conserto? Você não leva a sério mesmo neh?

Ouço um sorriso travesso.

Quebra essa pro seu irmão.

Revirei os olhos.

Cinco minutos e eu já estou aí.

Desliguei a chamada e segui meu trajeto. Seria um longo dia.

🌸🌸🌸

— Então teremos que trocar uma das máquinas porque não está fazendo o fechamento dos potes como deveriam? — Questionei a engenharia de produção de alimentos. E ela concordou.

— Vai sair mais barato do que apenas mandar arrumar essa peça. Que futuramente pode vir a falhar de novo. — Ela anotou algo em sua prancheta.

— Deixe o orçamento com a Silvia da contabilidade. Vamos já providenciar esse reajuste.

Todos acenaram e segui até o escritório para assinar e revisar alguns papéis.

Antes de Você PartirWhere stories live. Discover now