O Infortúnio da Fortuna

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E neste infortúnio
do mau uso da fortuna,
me perdi de tal maneira
que até agora me procuro.

Procuro pelo 'eu'
que deixei inseguro.

Pelas masmorras
da culpa
rastejei
no escuro
(imundo)
daquele submundo
- que eu mesmo construí.

Agora grito estarrecido,
tremenda dor esta que sinto,
não dói a carne, mas a alma,
fazendo o corpo sucumbir.

Achava eu que o meu destino
era ser pra sempre rico,
porém demonstrei ser um fraco
e usufruí de forma errada
o dinheiro que herdei.

Com o meu orgulho ferido,
vejo que estava errado,
vejo que nunca tive nada,
nem amor eu cultivei.

Eu buscava a suposta alegria
que o dinheiro me traria
- ele trouxe sim, eu admito,
porém, rápido demais,
assim como veio,
foi-se ligeiro e voraz.

Meu refúgio do tormento
era escrever o que aqui dentro
ardia em meu ser.

Sou agora alguém novo,
desprendido do sufoco
que antes eu passei;
mas sem amigos fiquei
(na verdade, nunca os tive).

E o que mais dói
é saber que esse é só o início
da colheita desses frutos
indigeríveis.

Poemize-seWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu