I WILL SURVIVE

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Passei a semana inteira treinando... Não tive tempo nem de pensar na vida. Era do ginásio para casa, da casa para o ginásio. Nem falei com ninguém esses últimos dias, não estou com cabeça pra fazer nada além de focar na meta: ganhar o jogo. Todo mundo se esforçava ao máximo, dava pra perceber isso de longe. Não era à toa. Esse era um jogo classificatório da temporada. Os nervos estavam à flor da pele e a diversão tinha sido erradicada a semana inteira. Ninguém queria curtir assim, tão em cima do jogo. 

E por causa disso eu estava morto. Puta merda. Treinei que nem um cão, então você pode imaginar como estava o meu humor.

E pra piorar as coisas, todo mundo jogava o resultado nas minhas costas. Já que eu era o melhor jogador do time e armador além de tudo...  Todas as jogadas partiam de mim, tinha que ter uma visão à frente do jogo. É simplesmente muita pressão para uma pessoa só.

Sentei no banco pra respirar e permitir que meus músculos relaxassem. Mas como de praxe a paz nunca dura na quadra.

-Vamos bunda mole levanta dessa cadeira! Temos mais 300 lançamentos de cesta de 3!

Depois que eu ganhei o torneio de arremessos, todos achavam que era minha obrigação fazer cesta fora do garrafão. Como se a equipe fosse de um jogador só. A expectativa em mim era tanta que uma vez fomos jogar contra um time mais baixo e no placar indicavam assim: Currey vs Heat. Porra, o time não tinha nome não, era só eu quem jogava? Era tenso, extremamente tenso.

- Ai Allan, sai fora mano. Sério, não tô pra zueira hoje não.

Parecia que tinha um festival de música na minha cabeça de tanto que pulsava. Abaixei ela e coloquei entre as pernas pra ver se passava um pouco. Ninguém consegue se concentrar quando não está bem.

- Vish o Currey tá passando mal!

-Pode apostar que é efeito da TPM. Ele sempre tem essas frescuras! É só falar em cesta de três que o filho da mãe inventa até dor de barriga!

Não sabia nem quem falava. Só queria que a dor de cabeça fosse embora. Recebi uma mensagem e decidi ignorar, com esse ânimo eu não ia responder nada de útil mesmo. Como o treino estava quase acabando decidi antecipar minha ida, comecei a pegar as minhas coisas e ir pro vestiário. O treinador viu que todo mundo estava esgotado e encerrou mais cedo. Pelo menos isso.

Tomar banho era sempre uma palhaçada, eu morrendo de dor de cabeça e a galera gritando. Allan era sempre o pior.

- Go on, now go. Walk out the door, just turn around now. Cause you're not welcome anymore, weren't you the one who tried to hurt me with goodbye, do you think I'd crumble. Do you think I'd lay down and die, Oh no not I, I will surviveeeeeeeeee.

Sim, o desgraçado estava cantando I will survive da Gloria Gaynor. Pra quem tinha dúvidas que ele era gay, elas acabaram na mesma hora. E o pior nem era isso, era que a galera fazia coro no refrão. Minha nossa, eu estava lascado! Eles faziam que nem em rádio, mal acabava uma música começavam a cantar outra, ninguém merece! Rolou até Queen! Começaram a fazer passinhos no chuveiro, uns dançavam que nem o Michael e outros faziam solo de guitarra. Era palhaçada demais para aguentar. Fechei o registro pegando a toalha pra me enxugar, pretendendo sair logo dali. Só pretendendo mesmo! Porque enquanto estava indo pro armário Silas me pegou desprevenido e começou a dançar me segurando.

Empurrei ele de brincadeira fazendo ele cair no chão. Sorte que ele nem ligou, inteligência na verdade não era muito a sua praia.

-Vamos Currey, animação cara! Carangueijo que dorme a onda leva. Você tá ligado né?

Meu astro do Basquete - Boston Globe I  (DEGUSTAÇÃO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora