Depois de sair do táxi, Zack correu até a entrada do Instituto Médico, alcançando Martin ao tempo em que ele abria a porta de vidro fumê. Lá dentro, parte das luzes estava apagada e os corredores estavam vazios. Um único guarda que fazia a vigília noturna estava na recepção e os acompanhou com o olhar, conforme avançavam em silêncio até uma pequena sala.
Parecia-se à um consultório; as paredes brancas não possuíam adornos, e a mobília se limitava a uma mesa e um armário ao fundo do aposento. Papeis estavam metodicamente empilhados sob um peso de papel, e um porta retrato solitário estava virado de costas para ele. Martin deu a volta em torno de si mesmo e o encarou.
— Você veio depressa. — Disse, especulativo.
— Eu estava em Paris. Você não parece surpreso. — Zack cruzou os braços na altura do peito, sem saber se deveria gostar do tom daquela conversa.
— Seu namorado está aqui, não é nenhuma surpresa.
— Ele não é meu namorado. — Zack repetiu, devagar, o que havia dito ao telefone. — Na verdade, eu não o via há mais de um mês. Foi uma surpresa quando recebi sua mensagem, e algo me diz que algo muito grave aconteceu para que você tenha me chamado até aqui.
Martin exalou devagar. Deveria se sentir aliviado por saber que Zack não tinha nada a ver com os acontecimentos recentes, mas havia tensão em seus ombros quando falou:
— Você está certo, era por isso que eu não podia conversar mais cedo. Aquela criatura matou um policial ontem à noite, próximo à estação, na frente de todo mundo. Causa da morte? O coração parou devido à falta de sangue, tive que enviá-lo ao laboratório de Paris para que recebesse um segundo laudo médico.
A boca de Zack se abriu em "o", e Martin pensou que ele parecia genuinamente surpreso.
— Foram precisos vários disparos para fazer seu... Desmond, parar, ele chegou aqui com várias perfurações, inclusive no pulmão...
Zack o interrompeu.
— Onde ele está?
— Ele estava sem qualquer sinal vital quando chegou aqui. — Martin concluiu, ignorando a pergunta em um primeiro momento.
Zack respirou pesadamente, descruzando os braços para apoiar-se em uma parede atrás de si.
— Isso não pode ser, onde ele está? — Perguntou, com mais veemência. — Onde ele está?!
Martin o encarava em um misto de curiosidade e ressentimento quando se aproximou.
— Você também está certo sobre isso, ele não está morto. Eu gostaria que estivesse, mas ele estava vivo o suficiente para atacar o meu assistente, para ferir mais uma pessoa inocente, e depois sair caminhando com as próprias pernas!
Zack ficou pálido por um momento, sentindo que a sala de Martin parecia muito pequena agora. Tanto pela idéia de imaginá-lo machucado, quanto pelo medo de que Martin estivesse correto e ele estivesse machucando as pessoas. Sabia que isso não era possível, não sem um motivo, não podia ser...
— Eu preciso vê-lo, Martin, para onde ele foi?
Martin demorou alguns enervantes segundos em responder, como se não tivesse certeza ao fazê-lo:
— No laboratório. A porta só pode ser aberta por isto... — Martin enfiou a mão na abertura do jaleco que usava, retirando um cartão magnético. — Quando a polícia chegar aqui...
— Martin, eu lamento. — Zack sentiu seus níveis de estresse aumentarem gradualmente ao ouvir a palavra "polícia" — Apenas deixe-me falar com Desmond antes de chamar a polícia, tenho certeza que...
![](https://img.wattpad.com/cover/32760466-288-k362487.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Príncipe Bastardo
FantasyLIVRO VENCEDOR DO WATTYS 2016, NA CATEGORIA DE INOVAÇÃO Criado sob a lei da espada e da pureza do sangue, o bastardo Desmond jamais soube o que era pertencer a um lugar, muito menos a uma família. Condenado a um sono sem sonhos, o meio vampiro não e...