Capítulo 27 - Aemoh (Final)

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Depois de sair do táxi, Zack correu até a entrada do Instituto Médico, alcançando Martin ao tempo em que ele abria a porta de vidro fumê. Lá dentro, parte das luzes estava apagada e os corredores estavam vazios. Um único guarda que fazia a vigília noturna estava na recepção e os acompanhou com o olhar, conforme avançavam em silêncio até uma pequena sala.

Parecia-se à um consultório; as paredes brancas não possuíam adornos, e a mobília se limitava a uma mesa e um armário ao fundo do aposento. Papeis estavam metodicamente empilhados sob um peso de papel, e um porta retrato solitário estava virado de costas para ele. Martin deu a volta em torno de si mesmo e o encarou.

— Você veio depressa. — Disse, especulativo.

— Eu estava em Paris. Você não parece surpreso. — Zack cruzou os braços na altura do peito, sem saber se deveria gostar do tom daquela conversa.

— Seu namorado está aqui, não é nenhuma surpresa.

— Ele não é meu namorado. — Zack repetiu, devagar, o que havia dito ao telefone. — Na verdade, eu não o via há mais de um mês. Foi uma surpresa quando recebi sua mensagem, e algo me diz que algo muito grave aconteceu para que você tenha me chamado até aqui.

Martin exalou devagar. Deveria se sentir aliviado por saber que Zack não tinha nada a ver com os acontecimentos recentes, mas havia tensão em seus ombros quando falou:

— Você está certo, era por isso que eu não podia conversar mais cedo. Aquela criatura matou um policial ontem à noite, próximo à estação, na frente de todo mundo. Causa da morte? O coração parou devido à falta de sangue, tive que enviá-lo ao laboratório de Paris para que recebesse um segundo laudo médico.

A boca de Zack se abriu em "o", e Martin pensou que ele parecia genuinamente surpreso.

— Foram precisos vários disparos para fazer seu... Desmond, parar, ele chegou aqui com várias perfurações, inclusive no pulmão...

Zack o interrompeu.

— Onde ele está?

— Ele estava sem qualquer sinal vital quando chegou aqui. — Martin concluiu, ignorando a pergunta em um primeiro momento.

Zack respirou pesadamente, descruzando os braços para apoiar-se em uma parede atrás de si.

— Isso não pode ser, onde ele está? — Perguntou, com mais veemência. — Onde ele está?!

Martin o encarava em um misto de curiosidade e ressentimento quando se aproximou.

— Você também está certo sobre isso, ele não está morto. Eu gostaria que estivesse, mas ele estava vivo o suficiente para atacar o meu assistente, para ferir mais uma pessoa inocente, e depois sair caminhando com as próprias pernas!

Zack ficou pálido por um momento, sentindo que a sala de Martin parecia muito pequena agora. Tanto pela idéia de imaginá-lo machucado, quanto pelo medo de que Martin estivesse correto e ele estivesse machucando as pessoas. Sabia que isso não era possível, não sem um motivo, não podia ser...

— Eu preciso vê-lo, Martin, para onde ele foi?

Martin demorou alguns enervantes segundos em responder, como se não tivesse certeza ao fazê-lo:

— No laboratório. A porta só pode ser aberta por isto... — Martin enfiou a mão na abertura do jaleco que usava, retirando um cartão magnético. — Quando a polícia chegar aqui...

— Martin, eu lamento. — Zack sentiu seus níveis de estresse aumentarem gradualmente ao ouvir a palavra "polícia" — Apenas deixe-me falar com Desmond antes de chamar a polícia, tenho certeza que...

O Príncipe BastardoOnde histórias criam vida. Descubra agora