Capítulo- 4- Aprender a montar

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Na manhã seguinte minha vó veio nos acordar no horário de sempre, às 6h da manhã. Juliana já estava acordada, tinha arrumado a cama e terminava de se vestir. Eu não arrumava minha cama e nem tinha disposição para isso.

Depois do café, vesti o avental e calcei as botas que minha avó havia separado, quando o Samuel chegou já tirando sarro da minha cara, dizendo que agora eu estava mais preparada.

Seguimos direto para o galinheiro. Minha briga seria diária com aquelas galinhas. Como fui cedo, dessa vez não caí, e tudo bem, saí correndo, levei alguma bicadas, mas, como estava de botas, não me machuquei. Dei a cesta com os ovos para o Senhor Mário levar para minha vó, e seguimos para o estábulo para tirar o leite das vacas.

O segundo dia não foi tão ruim, embora eu ainda estivesse com nojo de pegar nas tetas delas e ainda me assustasse com seus mugidos. Não derrubei o balde nenhuma vez.

Depois levei a comida dos porcos. Oh, lugar fedorento, viu?! Após isso fui me encontrar com o caipira no estábulo. Ele já estava soltando os cavalos quando cheguei. Aproveitei que ele estava distraído e fui até onde o Furacão ficava. Eu estava encantada com aquele cavalo e precisava tocar nele. O encarei, e ele nem sequer relinchou para mim.

Devagar fui aproximando minha mão do focinho dele e mais devagar ainda comecei a acariciar o seu focinho, e ele não pareceu assustado comigo; pelo contrário, parecia estar gostando do carinho.

— É isso aí, garoto! Eu não vou machucar você! Gostei de você e acho que você também gostou de mim, não foi? Acho que nós dois estamos no lugar errado, não é mesmo?

Estava distraída e me saindo muito bem, quando o Samuel veio gritando e me empurrou para longe.

— "Cê" é louca, garota?! Pare já com isso!

O pobre do cavalo se assustou com ele também e começou a se agitar e a relinchar. Irritei-me.

— Você é um grosso, sabia? Eu estava apenas o agradando, e ele estava gostando!

— Ah, "tava"?! Só em sonho, ninguém consegue nem chegar perto desse cavalo, além de mim. Imagina se ele ia deixar "ocê", logo "ocê" se aproximar dele. "Cê" pirou, "uai". Não bate bem das cacholas, não.

— Deixe eu te provar!

— Não se aproxime daqui, garota!

— Você não manda em mim!

— Tubarão, pega ela!

Eu tinha ouvido mal, ou ele falara mesmo Tubarão?! Tubarão apareceu logo em seguida, saído da baia do Furacão. Era um cachorro vira-lata, meio amarelo, bem cuidado e de porte médio que veio com tudo e toda a raiva para me morder, então o caipira mandou ele parar:

— Não morda ela. Cuide. Só cuida. Mostre "pra" ela quem manda aqui!

 Mostre "pra" ela quem manda aqui!

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Mudança Radical (Degustação)Where stories live. Discover now