Capítulo 3

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"Bastava proibir-lhe alguma coisa, e isso tornava-se logo o maior desejo de seu coração."

– George R. R. Martin

Patética. Era isso que a sua adorável e doce irmã era. E era exatamente por isso que Amanda não sentia qualquer remorso em quebrar o delicado coração de sua gêmea. Abigail precisava que pelo menos uma pessoa não lambesse o em chão que pisava, que não a visse como a garota perfeita. Ela não era perfeita!

Mas Amanda era. Era linda, poderosa e conseguia o que queria, na hora em que queria. Não era a toa que agora Abigail estava chorando pelos cantos por ter perdido o namorado.

Um pequeno sorriso maldoso se formou nos cantos dos lábios da garota, a sobrancelha bem feita e desenhada se ergueu em deboche enquanto observava o reflexo no espelho. Abriu um pouco a boca e devagar deslizou o batom vermelho preenchendo cada pedaço dos lábios carnudos com cuidado e precisão, por fim, quando se deu por satisfeita com a cor forte que brilhava chamando toda a atenção para a boca dela, Amanda encostou um lábio sobre o outro movimentando-os com delicadeza e extrema sensualidade para espalhar o batom de forma que não deixasse nenhum pedaço sem a cor viva. Por fim, levou a ponta dos dedos e limpou os locais borrados.

Ela sim era a imagem da perfeição!

Ela sim deveria ser amada por todos!

Ela sim deveria ter Noah ao seu lado!

Infelizmente, Abigail de alguma forma conseguia sempre conquistar o que deveria ser de Amanda, exclusivamente dela. Desde a atenção dos pais até o homem que amava.

Tais pensamentos fizeram com que o sorriso se fosse, as unhas pintadas de escarlate enterraram-se com violência nas palmas das mãos, machucando-as. A raiva que cresceu rapidamente no peito da garota não permitiu que ela sentisse o que estava fazendo. Tudo o que sentia ou via era a imagem da irmã, roubando-lhe tudo e todos. O ódio pulsava em seu corpo com a força das batidas do seu coração.

Não entendia como Abigail com seu jeito insosso conseguia conquistar até mesmo a fria mãe delas. Logo Emily que não gostava de ninguém além de si própria e que não suportava pessoas fracas. Amanda deveria ser a filha predileta! Ela havia se esforçado para chegar a perfeição que a mãe sempre desejou para as filhas, ela tinha lutado para aprender cada movimento, cada toque da personalidade de Emily! Era a réplica da mãe e não a sonsa da Abby!

Era tão injusto!

Quem deveria estar correndo atrás de migalhas de carinho e atenção dos pais era Abigail e não Amanda. Não a perfeita Amanda!

Esperava que todo seu esforço um dia resultasse no que queria; deixar a mãe orgulhosa, fazer com que a mulher a visse...

Só queria que ela visse...

Suspirou e passou a mãos por entre os fios platinados idênticos aos de Emily, arrumando-os, mantendo-os perfeitos, assim como os da mãe sempre estavam não importava se ela tinha acabado de ser fodida ou estava chapada demais para prestar atenção em tais detalhes. Ela tinha que ser perfeita, sempre perfeita.

Um pequeno rangido fez com que a atenção da garota fosse desviada para a porta, através do espelho viu-a sendo aberta. Uma pequena mão surgiu no batente antes do que o corpo esguio e diminuto da mulher adentrasse o ambiente. A inspetora Diane Clarke seria uma bela mulher se não agisse tão corretamente, tão cheia de seriedade profissional, sempre com suas roupas em tamanhos que não valorizavam suas curvas, seus cabelos negros e compridos presos em um severo coque na nuca, a pele clara sem qualquer maquiagem que desse valor olhos azul turquesa. Era um desperdício de beleza e isso irritava Amanda.

Confie em Mim (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora