Capítulo 4 - Parte IV

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Abigail sabia o que viria a seguir e simplesmente não podia ver ou não conseguiria evitar que se quebrasse bem ali na frente de todos, na frente deles. Abby ainda tinha um pouco de orgulho para preservar, não permitiria que os dois lhe arrancassem até mesmo isso. Apressadamente colocou o fone no lugar e deu as costas ao casal, com passos rápidos seguiu para o ônibus que estava prestes a partir.

No momento em que sentou-se no último banco do automóvel soltou o ar que não havia notado que prendia. Se antes seu dia estava ruim, agora havia ido direto para o inferno apenas com o passe de ida.

Já fazia algum tempo que não o via e isso só aumentava o buraco dentro de seu peito, mas a morena nunca poderia imaginar que tê-lo bem à sua frente e não poder tocá-lo era bem pior. Abigail achava que quando tornasse a encontrar Noah a dor teria diminuido e ela conseguiria usar a máscara de frieza que havia criado para os piores momentos da sua vida. Vê-lo bem ali, no entanto, trouxe uma enorme mistura de sentimentos que quase a sufocaram fazendo-a perder todo o controle do corpo. Mágoa, saudade, amor... Muito amor. Era tanto amor que a garota não sabia como havia conseguido se manter longe.

Estar perto dele novamente fez com que seu coração balançasse e clamasse pelos olhos negros e as mãos fortes de Noah, deixando claro mais uma vez para Abigail que nunca poderia se curar daquilo, mesmo que tentasse muito. Noah seria eterno em suas memórias e pior, em sua alma.

Adeus relacionamentos estáveis. – resmungou.

A morena sabia que nunca conseguiria estar cem por cento com alguém, sabia que sempre iria comprar o ex aos atuais e isso não seria nada saudável, sem sombra de duvidas a levaria para vários términos até que se cansasse de tentar e finalmente ficasse sozinha. Provavelmente no futuro Abigail seria uma daquelas mulheres que criaria animais e viveria solitária, enquanto Amanda se casaria com o homem que amava. Seria uma vida deprimente e só Deu sabe como ela aguentaria.

Empurrou o corpo mais pra baixo e recostou a cabeça contra o encosto do banco, tentou relaxar escutando algumas músicas extremamente barulhentas, mas estava difícil, muito difícil. Seus pensamentos ficavam vagando para aquela maldita cena de Amanda abraçando Noah exatamente como ela fazia.

Foda-se! – disse entredentes.

Com os olhos em fendas, concentrou-se nas casas que surgiam do outro lado do vidro e de uma a uma as contou, usando isso como uma segunda forma de distração. Queria que as imagens de minutos parassem de girar constantemente na sua cabeça e principalmente queria muito seguir adiante sem imaginar o que eles fariam logo depois do abraço. Bufou. Era nesses momentos que odiava tanto o fato de ser criativa.

"Só queria que você desligasse por algum tempo, cérebro querido." Pensou com amargura.

O caminho até a casa que dividia com o pai durou menos de vinte minutos e por incrível que pudesse parecer todos a deixaram em paz, ninguém tinha arriscado qualquer piadinha para seu lado. Ou Deus havia escutado sua irritação, ou Abby estava com a cara tão amarrada que ninguém sequer tinha ousado sentar-se perto dela, mas aquilo não importava, tinha mais com o que se preocupar como o fato de chegar em casa o mais rápido possível para tomar dois comprimidos que a apagassem até a hora do pai chegar, o que a distrairia por um bom tempo.

Com a cabeça baixa e os olhos concentrados nos próprios pés enfiou a mão no bolso do casaco, e o revirou em busca do Ipod, quando o encontrou baixou o som, em seguida apressou os passos na direção de casa que estava alguns metros à frente. O caminho já era tão conhecido que a garota podia fazê-lo de olhos fechados... Ou quase isso, já que era um tanto desastrada e corria o risco de tropeçar nos cadarços e cair no chão. Abigail era um daquelas pessoas que precisava andar olhando para o chão ou acabava pisando nos próprios pés. Era uma situação cômica e isso sempre causou risadas em Kate e Noah, eles adoravam fazer piadinhas com sua falta de coordenação.

"Droga! Não pense no passado, não pense no passado, não pense no passado..." Repetiu.

Talvez ela precisasse aprender a meditar, aquilo provavelmente limparia sua mente e a levaria a pensar em coisas úteis para alcançar um futuro de sucesso.

"Quem sabe umas aulas de yoga não resolva meu problema?" Abigail pensou esperançosa "Vai ser interessante relaxar o corpo e a mente, isso pode..."

Abbs. – chamou aquela voz levemente rouca tãoconhecida, às suas costas.

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