CAPÍTULO 128 - Resolve o que faz comigo!

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**Camila**

— Mais que tudo, gatinho. Infinitas vezes...

Pela primeira vez na conversa, ele me abria um sorriso largo. E era dos mais perfeitos. Aquele deslumbrante, que ilumina o rosto e deixa até o ar difícil de respirar. Depois, um beijo intenso, delicioso, apaixonado.

Era impossível querer parar.

***

— Superada essa etapa, agora que eu vou ficar vivo, você precisa resolver o que faz comigo.

Eu ri, esfregando os dedos nos olhos.

— E o que minha dona me diz? — insistente.

— É difícil...

— Eu sei, linda.

Precisava dizer alguma coisa, mas nada vinha.

— O que te aflige? — e atravessa o silêncio, na intenção de me ajudar, encostando o cotovelo no travesseiro pra apoiar a cabeça na mão, ainda com o rosto a centímetros do meu.

Hesitei. Mas não adiantava meias palavras.

— Você.

— Você tem medo de mim.

Assenti com a cabeça.

— Eu não mordo, linda... Só um pouquinho, vai. — lógico, cravou os dentes na minha bochecha de levinho, só pra ilustrar o comentário e marcar seu território. — Não é esse medo... — ele mesmo deduz.

— Não...

— Diz qual é.

— Eu já falei.

— Repete que eu ando meio perturbado ultimamente. Ainda mais na presença de um anjinho intimidante desse aqui. — e me beija fofo.

— Eu não consigo dar conta de você. Do que você é...

— Mila... O seu Kiko vai ser do jeito que você quiser que ele seja. Já te disse isso.

Eu me calei.

— Não acredita em mim?

— Em partes...

— O que você quer que eu faça pra acreditar?

— Como assim?

— Quer ir embora daqui? Berlim, Bangladesh, Ilhas Fiji... Diz aí, qual a pedida.

— Não sei... — e só pude rir das opções. — Ainda se quisesse, seu pai não ia deixar.

— Camila?! — e retoma o tom repressor. — Vou falar uma vez. Se você não entender, eu repito quantas forem necessárias, tá bem?

Balancei a cabeça.

— Entre essas duas pessoas aqui... — e movimenta a mão. — não existe ninguém. Absolutamente ninguém. Tá me entendendo?! Lá fora, tem um monte de pessoas que a gente gosta. Família, amigos, conhecidos... Aqui dentro, só tem espaço pra dois. Esses dois aqui. — e mexe a mão outra vez. — Alguma dúvida?

— Não... — o esforço dele era admirável, mas eu sabia que na prática não funcionaria. — Você teria coragem de deixar tudo pra trás?

— Tudo, Mila. Tudo... Até a minha vida, se você não me quisesse mais.

Eu sorria, desmanchada em mil pedaços por ele.

— Já disse isso, mas não me custa reforçar... A minha vida é sua, linda. E vai seguir sendo sua até o fim dos meus dias.

Por um motivo ou por outro, tava difícil não chorar. Depois de um esforço supremo, descompensei.

Ele entrelaçou os dedos aos meus, beijando-os incansáveis vezes... Lindo, apaixonado, totalmente entregue pra mim.

— Quer um tempo pra pensar? — e me sugere.

— Um tempo e uma ajuda. Não consigo sozinha.

— Deixa comigo. Eu vou buscar alternativas, pesquisar, depois trago pra você resolver.

— Tá bem...

— Por enquanto, a gente segue com o casamento esquizofrênico.

— Eu acho que vai ser bom... — e não mentia.

— Eu também... Apesar do banheiro apertado.

Eu ria solto, enquanto ele já caía de boca nos meus lábios, carícias, dedos no meio das pernas, a meio minuto de se enterrar em mim outra vez e reiniciar nossa interminável sessão de amor.

Mas tava bom demais mesmo o flashaback do meu gatinho sapo-com-potencial, apesar de saber que essa vida de plebeu dele não passava de ilusão.

***

Nos amamos à exaustão tirando o resto das teias de aranha do período da seca, invadindo a madrugada.

Dia seguinte era umas nove da manhã quando consegui abrir os olhos, num embate ferrenho contra o sono.

O cidadão, por sua vez, roncava alto no meu ouvido, braço, perna e parte do corpo esparramados sobre o meu, me prendendo contra o colchão.

— Kiko?

— Hã..?

— Não tem que trabalhar?

— Depois... — a voz mal saía.

— Tem que ir. Seu pai vai pegar no pé.

— Não vai...

— Como não, Cristiano?!

— Tô café-com-leite* esses dias...

— Como assim?! — tentei virar de frente pra ele, mas não tinha como me mover.

— Até minha mulher voltar pra mim, meu velho me dispensou...

— Que conversa é essa?

Ele finalmente abriu os olhos e sorria enquanto distribuía os habituais beijinhos.

— Depois de toda merda, ele resolveu me dar uma força.

— Pra que?

— Até a gente se acertar.

— Estranho...

— Eu também achei. Mas, parece que é só isso mesmo. Sei lá... Dele, nunca dá pra saber...

— Tentou perguntar pelo menos?

— Várias vezes.

— E ele...?

— Confirmou... Disse que queria ver a gente bem de novo. Até ofereceu ajuda...

— Isso foi piada.

— Certeza... — e rimos juntos. — Você ainda tá brava com ele, né? Nem te tiro a razão...

— Brava, kiko?! Eu abraço o capeta, mas não quero seu pai na minha frente nem pintado de ouro.

Ele suspirou chocho.

— Vai ser foda pra caralho...

— Esse problema é seu, Cristiano. — fui dura. Eu sei. Mas não tem meio termo pra essa situação.

— Você é minha esposa. Não existe problema meu ou seu. Tudo é nosso, linda.

— Menos esse.

— Ele é meu pai.

— Mas o que fez pra mim é imperdoável.

— Você vai me complicar.

— Quanto a isso, eu não posso fazer nada.

— Não tenho tanta certeza.

— Pois tenha! E se insistir nesse assunto, Cristiano, mando você procurar abrigo lá na cama dele!

Ele riu gostoso, enchendo meu cabelo de beijos. E matou a conversa por hora.

Pra mim, se ele quiser falar disso ou não, desabafar, chorar as pitangas, tanto faz, tanto fez... Contanto que não me apareça mais com aquele demônio em formato de sogro na minha frente...

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde histórias criam vida. Descubra agora