2.7 Presente

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Aviso: Esse capítulo é violento, então leiam com cuidado.

L

20 de setembro de 2015

Faziam dois dias que Louis não conseguia falar. Cada vez que abria a boca, um grito ameaçava se atirar para fora de seu peito, e ele voltava a fechar os lábios, trincar os dentes, e fingir sentir uma dor de cabeça forte demais. Harry estava desconfiado. Não só disso, mas de tudo. Ao longo dos dias, Louis tinha mencionado o nome de Isabelle e um ou outro detalhe que pretensamente aparecera em seus sonhos, e era possível ver o desespero devorando Harry por dentro, ainda que ele continuasse impassível.

A cama deles parecia uma câmara do inferno, então Louis se arrastou até a sala, vestindo só uma camisa e boxers, mas embrulhado em cobertores, e se enrolou numa poltrona, encarando o fogo da lareira por horas a fio, até que Harry entrou no cômodo.

— Eu sei que você não fala porque não quer. Se fosse uma enxaqueca você 'taria chorando, não mudo, eu te conheço. — disse, e se sentou na outra poltrona.

Louis continuou em silêncio.

Alguns minutos depois, Harry voltou a falar.

— Se foi alguma coisa que eu disse... tenho certeza que nem é tão grave assim, você sempre fez tempestade em copo d'água.

Silêncio.

Em cima da lareira ficavam cerca de uma dúzia de fotografias emolduradas, começando com uma da cerimônia de casamento deles, e depois cenas variadas dos dois sorrindo, abraçados, trocando beijos, imagens de uma felicidade aparentemente inquestionável.

Louis se levantou, largando os cobertores para trás, e caminhou até a lareira. Pegou um dos porta-retratos, que continha uma foto deles no dia do casamento. Olhou bem para a foto, observou seu próprio rosto muito mais magro e abatido, o sorriso que Harry dava para ele, a forma como as mãos deles estavam entrelaçadas. Acariciou o vidro — que mesmo com o calor do cômodo continuava frio — e a moldura dourada. Fechou os olhos, guardando um momento para lamentar tudo aquilo. E então atirou o objeto no chão com força, ouvindo o som do vidro se espatifando e a exclamação surpresa de Harry.

Metodicamente, foi pegando foto por foto e jogando no chão, coalhando o piso de cacos de vidro, até que a antiga — antiga? Fazia menos de um mês que recuperara as memórias! — fúria o invadisse, e ele simplesmente estendeu o braço e empurrou as três ou quatro fotos ainda intactas para o lado, gritando inarticuladamente.

Tudo isso durou menos de meio minuto.

Logo, Harry o agarrava, forçando seu corpo a se virar, o encarando assustado.

Louis parou de gritar, ficou imóvel. Então sua voz saiu, praticamente por vontade própria, rouca:

— Eu sei que isso é tudo mentira. — disse, tão baixo que Harry não poderia ouvir se estivesse alguns centímetros mais distante.

Esperou uma resposta, qualquer uma. Uma negação. Um grito. Um tapa. Mas o que veio foi um beijo.

Os lábios de Harry se colaram aos seus, as mãos dele envolvendo seu maxilar e obrigando Louis a abrir a boca, a aceitar o que lhe fosse dado.

— Você entende, agora? — perguntou Harry com a boca colada na pele do outro.

— Entendo o que? Que você é louco?

— Não. — ele se afastou um pouco, mas então colou a testa na de Louis, forçando contato visual. — Entende o quanto eu te amo? Eu faria qualquer coisa pra ter você.

Poison, Beauty and Rage ♠ L.S. AUOnde histórias criam vida. Descubra agora