2.8 Presente

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24 de dezembro de 2015

O céu brilhava num tom turvo de branco sobre o telhado, as nuvens se misturando com o sol de inverno e refletindo nas paredes e mesas brancas, ameaçando ofuscar as pessoas. As flores no canteiros há muito tinham secado e morrido, mas luzes natalinas brilhavam nos galhos congelados, alegrando o ambiente e servindo como decoração para o almoço de aniversário de Louis.

Louis entrou no jardim de mãos dadas com Harry, que o ajudou a descer as escadas como se ele fosse de vidro enquanto exibia um sorriso tão brilhante quando o sol. Eles alcançaram a mesa montada no centro da propriedade, onde cerca de vinte pessoas estavam sentadas. Niall com a família, Ed, Liam com os pais e o namorado que ele tinha conhecido pela internet — um cara lindo com um nome estranho e tatuagens —, James, o veterinário dos cavalos, com a esposa, outros fazendeiros da área que também vendiam no mesmo mercado que eles, e o psiquiatra que atendia Louis desde que eles tinham se mudado.

Os pratos e talheres já estavam postos, assim como alguns vasos de flores da estufa de inverno dos pais de Ed, mas não a comida. Louis estranhou aquilo, mas seguiu cumprimentando todo mundo e recebendo os parabéns. Enquanto conversava com os Horan, viu Harry se abaixar e falar alguma coisa com Theo, que saiu correndo para dentro de casa. Logo o menino estava de volta, segurando alguma coisa que escondia atrás das costas.

— Lou, você pode vir aqui um momento? — perguntou Harry, se aproximando do canteiro maior próximo à cabeceira da mesa.

Ele foi, e quando o alcançou, teve a mão tomada por Harry. Olhou para as outras pessoas, e de repente percebeu como aquela cena se parecia com a da cerimônia de casamento deles. Harry sorriu para ele, e então para Theo, que se aproximou e estendeu as mão para cima, revelando uma caixa de veludo.

Louis encarou a marido, exigindo uma explicação, mas Harry estava ocupado pegando a caixa e chamando a atenção dos convidados.

— Como todo mundo aqui sabe, — ele começou. — fazem poucos meses que Louis recuperou a memória. Esse foi um período difícil para nós dois, porque infelizmente esse não foi um processo sem sofrimento para o meu Lou... Louis é um guerreiro incansável, que lutou por um ano pela vida enquanto estava em coma, que lutou para se recuperar, que foi capaz de se manter bem mesmo com parte da vida perdida dentro da própria cabeça, que é capaz de tudo para fazer quem ele ama feliz. Meu marido... — a voz dele falhou. — é o maior tesouro que eu tenho, uma bênção que eu fico feliz em ter conquistado, por isso, nesse dia tão especial para ele, eu pensei que era a ocasião perfeita para uma renovação dos nossos votos, dois anos e meio depois que nós nos tornamos um só oficialmente.

Harry abriu a caixa de veludo, e as pessoas na mesa aplaudiram. Louis se sentia como se estivesse prestes a vomitar.

Tinha tomado, há meses, a decisão de ficar, baseado nas duas formas de amor que sentia por Harry. Os dois eram sobreviventes, e só tinham sobrevivido por estarem juntos, e esse tipo de ligação era inquebrável. Assim, gradualmente, toda aquela fúria envenenada que ele sentia no início tinha se transformado num medo quieto que flutuava para a superfície no momentos onde o outro mostrava as garras, e Louis era lembrado de que estava vivendo com um homem que tentara matar a ele e a si mesmo por não ter o amor correspondido.

Agora era um daqueles momentos, e a boca de Louis secou, seus olhos azuis fixos nas alianças de platina decoradas com uma ônix minúscula para não olhar nos olhos de Harry, que suspirou e suspendeu delicadamente seu queixo, forçando contato visual.

— Eu, Harry Edward Styles, juro com todo o meu coração dedicar a você, Louis William Styles, todo o meu amor, por toda a minha vida, e fazer de você a razão da minha existência, independente das circunstâncias, porque eu te amo e te escolhi como meu esposo. — nas últimas palavras a voz dele falhou novamente, e então ele pegou a aliança menor e a deslizou no anelar da mão direita de Louis, que estava vazio desde quando ele parara de usar o anel de noivado antigo, para ele símbolo de uma promessa quebrada e de uma mentira; fazendo um conjunto com a aliança de ouro assentada no anelar da mão esquerda.

Louis sentiu que podia sufocar a qualquer momento, quando olhou para cima e viu olhos verdes do marido, marejados e cheios daquela expressão vazia que ele sempre tinha quando desafiava Louis a contradizê-lo.

— Eu, — respondeu, segurando o choro. — Louis William Styles, juro com todo o meu coração dedicar a você, Harry Edward Styles, todo o meu amor, por toda a minha vida, e fazer de você a razão da minha existência, independente das circunstâncias, porque eu te amo e te escolhi como meu esposo.

Com a mão tremendo visivelmente, ele colocou a aliança no dedo de Harry, mal ouvindo as palmas dos convidados enquanto se atirava nos braços do marido e usava o ombro dele para esconder seu choro desesperado.

♠♠♠

A festa foi tranquila, Harry pediu ajuda de Niall e Ed para trazer as travessas com comida, em torno de cinco pratos que ele mesmo tinha preparado, assim como tinha feito o bolo de casamento. Eles serviram vinho, cerveja e suco, que foi o que Louis bebeu, sob o olhar vigilante de seu médico, que tinha receitado remédios para enxaqueca tempos antes.

Ali, eles estavam claramente construindo um novo começo, mais um começo, sobrepondo os outros, todos cheios daquela mesma dor orfã que os perseguia desde a juventude, e Louis já podia até prever as fotografias brilhando nas molduras novas sobre a lareira.

— Senhor Styles? Hum, quer dizer... — chamou seu psiquiatra, fazendo Louis e Harry rirem ao mesmo tempo pela formalidade.

— Me chame de Louis e poupe a confusão, doutor, nós estamos entre amigos.

— Quero dar a você, a vocês na verdade, os parabéns. Não só pelo aniversário e pelos votos, mas pela recuperação como um todo, você é um vencedor Louis, e tenho certeza que o amor de Harry foi essencial para lhe dar força. — Louis assentiu, tentando permanecer relaxado apesar da sensação de déja vu. — E é por isso que, por essa ocasião especial, quero dar a notícia de que estou dando alta a você.

Louis encarou o homem com a boca entreaberta de surpresa, enquanto Harry passou um braço por sua cintura, depositando um beijo em sua testa.

— Isso significa que eu 'tô curado? — perguntou.

— Suas memórias voltaram, seu corpo está completamente recuperado do acidente, e eu não vejo mais necessidade de tratamento psicológico. É claro, ao menor sinal de uma mudança você deve me procurar, mas você está o mais saudável possível.

O médico voltou a comer, e Louis assentiu, encarando o próprio prato.

— Ah, as maravilhas curativas do ar das terras altas... — sussurrou Harry em seu ouvido. — Eu já comprei todos os presentes de aniversário e natal, mas o que você quer para comemorar sua cura, meu amor?

Louis olhou para ele, depois voltou a brincar com a comida, completamente sem apetite. Refletiu por um momento, mas então tomou a decisão que sempre tomava, nem que fosse para não enfrentar o próprio medo.

— Você escolhe, Hazz. — ele deliberadamente acariciou a mão esquerda de Harry, brincando com o metal da aliança brilhante e imaculada, uma jóia que deveria "durar para sempre", como ele mesmo tinha dito ao escolher. — O que você quiser eu quero. Nós dois sabemos que você me conhece melhor do que eu mesmo...

FIM

Nota: Louis de PBR e Harry de Gun Out entram num bar chamado Desespero... Tá vendo no que dá me proibirem de escrever morte? Eu escrevo coisa que é pior que a morte!

Agradecimentos eternos à beta eternamente paciente com minhas mensagens ridículas na madrugada colourrying, às amiguinhas da seita, ao ser humano que escreveu Sinister e me inspirou para aquela cena de smut com cacos de vidro, e a cada pessoa que leu, votou e comentou. Espero que a oldirectioner tenha gostado do presente!

E por favor, não sejam tímidos e comentem o que acharam do final, o que acham que aconteceria com eles no futuro, o que pensam da história agora que leram tudo!

Até a próxima (leiam minhas outras fics)

xxx Lua

Poison, Beauty and Rage ♠ L.S. AUOnde histórias criam vida. Descubra agora