1.0 Passado

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Aviso: Descrição gráfica de um acidente de carro, leiam com cuidado mais uma vez.

H

16 de março de 2012

Estava chovendo quando Harry saiu da confeitaria onde trabalhava. Ao invés de ir diretamente para o carro estacionado no fim da quadra, ele saiu caminhando até um parque próximo, um dos muitos em Londres, pontilhado de crianças, animais de estimação e gente dos mais diferentes tipos. Ele se sentou em um dos bancos de piquenique, colocou a bolsa que sempre carregava sobre a mesa, e tirou de dentro dela um caderno pequeno e uma caneta.

Tocou com as pontas dos dedos a capa de couro marrom e buscou delicadamente a página marcada por uma fita verde escura, onde começou a escrever.

Tinha começado aquela espécie de diário no dia 25 de dezembro do ano anterior, determinado a escrever por um ano todas as lembranças, sentimentos e sonhos que tinha sobre Louis, e entregar a ele o diário completo na véspera de Natal. Nunca fora bom em vocalizar os próprios pensamentos, mesmo quando a timidez da infância fora embora, continuara dependendo do melhor amigo para se fazer ouvir. Agora enfrentava o desafio de se fazer ouvir pelo melhor amigo.

Terminou a cota do dia, alguns parágrafos falando sobre como achava as Terras Altas da Escócia o lugar mais lindo do mundo, e como sempre sonhava em viver lá, numa casa pequena e quentinha por causa de uma lareira, com Louis preenchendo cada milímetro de espaço com seu riso fácil até que nenhum dos dois se sentisse mais só. Se levantou e caminhou de volta, colocou a bolsa no porta malas do carro e partiu, cantarolando as músicas do rádio enquanto dirigia para buscar Louis na clínica odontológica onde ele trabalhava como recepcionista.

Foi saudado por um sorriso radiante quando chegou ao destino, e sorriu automaticamente de volta, enquanto Louis abria a porta do carro e se revirava no banco, jogando a mochila no banco de trás. Harry deu partida e tinha aberto a boca para mandar o amigo colocar o cinto de segurança quando foi interrompido.

— Eu tenho uma revelação a fazer! — exclamou Louis, enquanto mudava a estação do rádio, como sempre.

Harry franziu a testa, intrigado.

— Você é um agente secreto?

— Não, dã! Uma novidade na minha vida!

— Foi promovido?

— Nana-nã! Maior que isso!

— Ganhou na loteria?

— Hmmm, não. Você 'tá com preguiça de pensar.

Harry mordeu o lábio, pensando. O carro entrou suavemente na estrada que dava a volta no centro da cidade e ia para a região onde ficava o apartamento que eles dividiam, e que estava praticamente vazia, então era seguro aumentar um pouco a velocidade.

— Não tenho ideia do que pode ser, Lou.

Louis se remexeu no banco mais um pouco, inquieto como sempre, mas tentando fazer suspense. Finalmente ele se virou e disparou:

— Eu vou casar!

Harry dirigiu por mais alguns quilômetros tentando processar a informação, mas falhando.

— Desculpa, o quê?

— Casar! Eu pedi Belle em casamento e ela aceitou!

Sentindo como se água gelada fosse derramada na parte de trás de seu pescoço, Harry balançou a cabeça.

— Você vai se casar com Isabelle?

— Não sei por que a surpresa, Hazz. Nós estamos juntos há-

— Eu sei há quanto tempo vocês 'tão juntos, Louis. Só achei precipitado. Vocês não são jovens demais pra casar? — pela visão periférica ele viu Louis fazer uma careta.

— Você sempre foi o primeiro a dizer que não existe isso de "jovem demais pra casar", se tiver amor envolvido. A gente se ama, é o que importa.

Harry caiu em silêncio, dirigindo automaticamente enquanto a mente vagava. O mundo poderia muito bem estar acabando, o asfalto rachando e derretendo com o calor de mil sóis, meteoros caindo sobre o acostamento, furacões e ondas gigantes arrancando as árvores de seus lugares, porque era como se tudo o que ele tinha dentro de si estivesse ruindo.

Era como morrer, mas permanecer consciente para assistir ao próprio funeral.

De muito longe, ele ouviu a voz de Louis.

— Eu queria muito que você fosse o padrinho...

Aquilo foi a gota d'água, e Harry precisou inspirar profundamente pela boca para não gritar. Mesmo assim, sentiu a pressão dolorosa na garganta, o aperto no peito, a vontade de fechar os olhos e dormir para sempre que o perseguia desde a infância voltando.

— Eu não acredito que você 'tá fazendo isso... — sussurrou, sufocado, lutando para não começar a chorar.

— Harry, 'tá tudo bem? — Louis se inclinou para a frente, buscando o olhar dele, mas Harry se limitou a manter a visão fixa no para brisa.

— Eu não sei se você é cego ou bondoso demais pra dizer a verdade, Louis. — disse, as mãos apertando o volante até os nós dos dedos ficarem brancos. — Se for a segunda opção é melhor dizer agora.

— O que? — o outro balbuciou, confuso. — Harry, eu não entendo...

Frustrado, Harry enfiou o pé no acelerador.

— Você não entende! — exclamou, e naquele segundo a vontade de fechar os olhos ficou mais forte, até que a voz de Louis voltou e o lembrou de que não podia se matar com o outro dentro do carro.

O que? — repetiu Louis, dessa vez gritando, parecendo assustado.

— Eu amo você! — gritou, e então a súbita iluminação o atingiu. Ele e Louis não estavam destinados a ficar juntos. Mas quando ele fechasse os olhos, Louis deveria fechar também, para que eles pudessem se encontrar no que viesse depois da morte. Louis pertencia a ele, só a ele, e o universo tinha que compreender isso, tinha que honrar a promessa de um nunca abandonar o outro, e levar os dois juntos para o que quer que existisse além do véu. — Só eu amo você!

Tomado por uma fúria apaixonada, Harry fechou os olhos e girou o volante sem tirar o pé do acelerador, atirando o carro para fora da pista, os lábios formando uma última vez as palavras:

— Só eu amo você.


Nota: Harry de PBR e Louis de Gun Out entram num bar chamado Obsessão... HAHAHAHA desculpem!

Agora que todo mundo sabe de tudo que aconteceu (as tendências homicidas do Harry são absurdas até pra mim cara), e só falta o último capítulo, o que vocês acham que vai acontecer? (não respondam "dor" nem "sofrimento" aff sejam criativos). A beta colourrying a-m-o-u o final, devo dizer!

Obrigada pelos comentários, votos, teorias e ameaças de morte, não esqueçam de comentar, votar e me ameaçar mais nesse capítulo.

Até amanhã ;)

xxx Lua

Poison, Beauty and Rage ♠ L.S. AUOnde histórias criam vida. Descubra agora