Amélie não aguentava mais ficar sentada na carruagem. A viagem parecia que durava anos, e nada de chegar em Berlim. Fazia três dias que estavam na estrada, e isso era torturante. Sua mãe e Eugenie só falavam da corte alemã e suas regras, que eram menos rígidas do que as austríacas. Amélie nem estava dando atenção para aquele assunto chato, pois tudo que se referia à etiqueta e modos deixava-a entediada. Levantou a cortina da carruagem e avistou casas surgindo pela estrada.
— Acho que já chegamos. — Amélie sorriu.
— Finalmente. Não ficou sossegada em nenhum momento da viagem. Até dormindo estava agitada.
— É insuportável ficar trancada dentro de uma carruagem. — Amélie revirou os olhos. — Nem consigo ler por causa do sacolejar da carruagem.
— Pare de reclamar, Amélie. Pense que já estamos perto do palácio. — disse Eugenie com um enorme sorriso no rosto.
— Não está reclamando por causa dos seus interesses pelos nossos primos. — cruzou os braços. — Acha que está velha demais para não estar casada. Posso não ser muito presente na vida dos meus irmãos, mas eu estou sempre observando.
— Amélie! — a kaiserin repreendeu a filha.
— Ela está falando a verdade mama. — Eugenie respondeu secamente. — Amélie nunca poupou palavras para dizer o que pensa. — encarou a irmã. — Mas deveria poupar algumas vezes, pois algumas palavras magoam.
— Falam coisa pior de mim, e eu nunca disse nada. — Amélie pousou suas mãos em seu colo. — Não reclame da sua vida, Liebe. Sua única preocupação é arranjar um marido, e a minha é amanhecer bem no dia seguinte.
— Amélie!
— A senhora sempre se incomoda quando eu falo a verdade. — Amélie revirou os olhos mais uma vez.
— Pare de revirar tanto esses olhos. Isso é falta de educação. E eu não me incomodo com a verdade, mas é bastante inconveniente quando quer.
— É um dos meus talentos. — Amélie deu um sorriso malicioso.
— Deus me ajude. — a mãe murmurou.
— Que ele ajude mesmo, porque eu não vou ajudar. — deu mais um sorriso malicioso e encostou a cabeça na janela. — Estamos na cidade. As pessoas são bastante bonitas. Oh, uma criança brigando com a outra por causa de um doce. — Amélie riu. — Eu queria brigar com alguém por causa de um doce.
— Você roubava os meus quando éramos mais novas. — Eugenie acusou Amélie rindo. — No natal roubava todos os meus biscoitos.
— Sempre ganhava mais que eu.
— Todos ganhavam a mesma quantidade. — a mãe deu um risinho.
— Mentira! — Amélie riu. — A senhorita Schramm gostava mais da Eugenie do que de mim. A senhora sabe disso mama.
— Eu não sei de nada. — riu mais uma vez.
— Bem, eu...
Eugenie foi interrompida com a porta da carruagem sendo aberta pelo lacaio. Um mordomo deu a mão para ajudar Magda descer da carruagem, logo depois Eugenie e por último Amélie. Ela observou que havia muitas flores pelo jardim do palácio, e uma pequena fonte no meio. O palácio era simplesmente belo e exuberante. Havia tantas janelas que ela nem conseguia contar. O mordomo começou a guiar elas para dentro do palácio, e Amélie começou a se perguntar onde estaria sua tia Susi para recebê-las. Achou muita falta de consideração ela não estar lá, mas sabia que a tia era extremamente chata, apesar da mãe nunca admitir só porque era sua irmã.
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O destino de Amélie
Historical FictionAmélie nasceu com uma doença nos pulmões. Sua infância foi sempre acompanhada de médicos, sem poder aproveitar muito o que a vida poderia oferecer. Com o passar do tempo, desenvolveu um humor único e ferino, principalmente quando percebia o olhar de...