XXII

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A temperatura em Corfu estava perfeita para caminhar na beira da praia. Amélie sentia que seus pulmões estavam agradecendo por ela ter escolhido passar aquela temporada naquela ilha. Mas, era ela que estava mais agradecida por estar ali.

Sentiu o vento passar por seus cabelos soltos; amava aquela sensação, assim como amava receber as cartas de Heinz diariamente. Desejava que ele estivesse com ela, os dias passariam mais rápido, tinha certeza disso em seu coração. Porém, algumas coisas não poderiam sair da forma que eles desejavam.

Muitas coisas haviam mudado desde a sua briga com Eugenie. Sua irmã a odiava mortalmente, tinha ido embora sem se despedir, ou, ao menos pedir desculpas pela atitude egoísta e precipitada. Amélie não se importava, não mais, mas algo dentro dela dizia que era ruim guardar sentimentos ruins dentro de si. Por isso, perdoou Eugenie, mesmo que ela não fizesse questão desse perdão.

Sua mãe estava completamente fria em seu comportamento com ela, isso a afetava mais. Querendo ou não, a kaiserin continuava sendo sua mãe, e ela a amava muito. Mas não ficaria se martirizando com isso, pensaria somente na sua felicidade ao lado do seu futuro marido.

— Amélie? — Anika colocou a mão sobre seu braço.

— Sim? — saiu do seu devaneio.

— Eu dizia que está um bom tempo, que deveria se aventurar nas águas salgadas.

— Oh, hoje não me sinto muito à vontade para isso.

— Está sentindo alguma coisa? — perguntou preocupada.

— Nada. Não me sinto bem assim faz anos, sabe disso. Corfu é maravilhosa.

— Sentirei falta daqui quando formos embora.

— Podemos voltar nas temporadas de verão da corte.

— Sabe que não é tão fácil.

— Infelizmente sei. — começou a se abanar com o leque. — Aqui é um paraíso. Sorte tem os gregos. — chutou um pouco de areia. — Leu os jornais alemães hoje?

— Sim.

— Fico em dúvida se acredito naquelas palavras.

— Eu simplesmente procuraria ignorar.

— Não é tão simples.

— Sim, é. Tudo aquilo que não nos faz bem, devemos ignorar. Deixa a vida mais leve de certa maneira.

— Talvez.

— Podemos voltar para casa?

— Está cansada? — Amélie sorriu.

— Estou com fome.

Amélie riu mais ainda.

— Claro, vamos.

Amélie e Anika deram os braços e caminharam de volta para a casa em que estavam temporariamente morando. Provavelmente teria uma grande mesa com chá, biscoitos e frutas esperando por elas na varanda principal, como era costume de todas as tardes.

Assim que colocou os pés nas escadas, Rachel surgiu com um sorriso nos lábios.

— Pouparam-me de andar nessa areia e sujar a barra do meu vestido. Bem, o chá está esperando somente por vocês.

— Sua devoção pelas barras dos seus vestidos é admirável. — Amélie começou a rir. — Fico feliz que não sujará a barra do seu vestido hoje. Não gosta da praia, Rachel?

— Não. — colocou a mão na cintura, e apontou o dedo para Amélie. — Chegou três cartas para você hoje.

— Quais os remetentes?

O destino de AmélieOnde histórias criam vida. Descubra agora