XXIV

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Era aquelas pequenas sensações que fazia com que Amélie amasse ainda mais sua vida. Ele havia conseguido tirar suas inseguranças, não todas, mas uma boa parte tinha ido embora, pelo simples fato dele amá-la da maneira como ela era. Não havia falsidade ou fingimento no que sentiam, era tudo puramente verdadeiro.

Todos os toques, todos os beijos, cada segundo, eram únicos. Arrepiava-se quando ele falava em seu ouvido, quando passava a mão suavemente por seu cabelo, e beijava a ponta do seu nariz.

Heinz havia conseguido transformar aqueles poucos dias em uma maravilhosa eternidade; eternidade que apenas os dois podiam sentir.

As caminhadas na praia eram feitas pela manhã e no final da tarde, durante o pôr-do-sol, sem ninguém por perto, algumas coisas não podiam ser ditas na frente de outros, mesmo que fossem de confiança. Precisavam de seus segredos, como qualquer outro casal existente no mundo.

Amélie encostou a cabeça no ombro de Heinz e fechou os olhos.

— Partirei amanhã.

— Essa é a parte mais difícil, a despedida. — respirou fundo. — Eu não queria que esse dia chegasse tão rápido.

— Eu também não, mas eu preciso voltar para Berlim.

— Eu sei. — fez um biquinho, mas depois conseguiu dar um sorriso. — Mas, em breve vamos nos ver, falta poucos dias para sermos oficialmente marido e mulher.

— Falta um mês. — olhou para ela rindo, e depois deu um beijo no topo da cabeça dela.

— Certo, muitos dias. — soltou-se dele e ficou em sua frente. — Vamos aproveitar cada minuto que ainda nos resta.

— Certo. O que podemos fazer?

— Não sei, simplesmente ficarmos juntos. Sem ninguém. — deu de ombros.

— Posso lhe contar um segredo? — disse no ouvido dela.

Amélie confirmou com a cabeça.

— Estamos fazendo isso.

Ela se abaixou e jogou um punhado de areia nele.

— Jogo sujo, Amélie. — Heinz começou a rir, abaixando-se para pegar areia. — Vou pegar você!

— Não vai não! — Amélie começou a correr pela areia da praia.

A sensação do vento batendo em seu rosto enquanto corria era tão prazeroso, coisa que nunca havia sentido antes, pois sempre foi proibida de correr. Não que pudesse correr como as outras pessoas, de maneira muito rápida, mas corria no seu limite, e isso era bom. Muito bom.

Heinz conseguiu alcançar ela rapidamente, sabia que isso iria acontecer. Apenas começou a rir e envolveu seus braços no corpo dele. Agarrada ao corpo dele, pensou novamente nas coisas boas da vida.

— Toda vez que estamos juntos, penso em como me faz bem ficar ao seu lado. Veja, eu nunca tive momentos tão bons assim, tudo começou a mudar em Berlim, o lugar que eu não queria ir. Fui somente por causa da recomendação médica, e tudo mudou. Acho que nossos destinos já estavam traçados por Deus, apenas não tínhamos conhecimento.

— Nunca temos o conhecimento do que Ele traçou para nós, vulgo, todos os seres humanos. Esse é o mistério da vida, é mágico, e ao mesmo tempo, curioso. Porque sempre estamos procurando respostas para as nossas perguntas. Recorremos a religião, para nos dar algum conforto, mas eu digo que as respostas estão nesse vento que passa em seus cabelos, na folha que cai da árvore, das ondas do oceano. Tudo isso acontece porque Ele deseja que seja assim. E, se nós estamos aqui, juntos, apaixonados, é porque Deus deseja que fiquemos juntos.

O destino de AmélieOnde histórias criam vida. Descubra agora