Capítulo 20 - Febre

10.6K 1.1K 2.8K
                                    


Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

Friedrich Nietzsche


Após ouvir a aceitação de Marinette, Nathanaël sentou-se ao lado dela e lhe ofereceu o braço como conforto, onde ela se encostou naquele final de tarde fria, pegando no sono logo em seguida. Ele passou a mão pela franja dela, afastando os cabelos enquanto via o perfil adormecido da garota. Seu peito pulava de ansiedade, o desejo de tomá-la nos braços e colocar os lábios sobre os dela formigavam sob sua pele, mas ele sabia que ela ainda estava vulnerável demais para que ele passasse por cima daqueles limites.

Quando notou que ela já estava com o sono mais pesado, Nathan pegou-a nos braços e subiu a escada até o quarto dela, colocando-a sobre a cama e cobrindo-a com um cobertor. Ainda ficou por mais alguns segundos observando-a dormir antes de descer as escadas novamente. Pegou a chave da casa sobre o balcão, saiu, trancou-a por fora e atirou a chave por baixo da porta. Saiu então a passos apressados em direção a seu destino. Havia mais uma coisa que precisava fazer antes que o dia terminasse, e encaminhou-se em direção à casa de Chloe.


*****


Adrien caminhava enquanto esfregava as mãos nos cabelos impacientemente. Justamente quando as coisas pareciam estar dando certo tudo lhe escorregava pelos dedos. Queria se acertar com Marinette, mas não podia deixar que a segurança dela ficasse acima dos seus sentimentos, nunca. Por causa daquilo parecia que tudo o que havia acontecido quatro anos antes estava se repetindo. Será que aquele era o destino dele sempre? Ser o vilão da história para que ela pudesse viver em paz? Grunhiu pensando que toda vez se aquele fosse o preço, não sabia quantas vezes ainda teria condições de pagá-lo e ainda assim manter sua sanidade.

Após convencer Chloe que era uma má ideia ir até à diretoria, voltou à sala de aula para buscar suas coisas e recebeu um sermão de Alya, que o chamou dos piores nomes que ele já ouvira. Não tivera coragem de discutir, e sabia que tampouco adiantaria. Apenas concordou com a ruiva, pegou suas coisas e foi embora.

Por baixo de todo aquele acontecimento com Chloe existia uma verdade que não poderia compartilhar com ninguém, a de que Marinette deveria fazer das tripas coração para manter suas ações o mais discretas possíveis. Qualquer atenção que chamasse para si mesma, também chamaria para a Papillon, e o afligia imensamente que só ele se dava conta daquilo e que ela continuava tão inconsequente em seus atos. Ainda assim, refletiu nas últimas palavras que Alya dissera antes de sair da sala de aula.


Se você não der valor, vai aparecer alguém que dê.


Adrien esfregou a cabeça mais uma vez suspirando pesadamente e foi em direção à Toca do Gato, mas no caminho sentiu algo vibrar no seu bolso e puxou o celular, vendo o nome piscar na tela.

"Nino!" Adrien alegrou-se ao atender o telefone. Era justamente com ele que queria falar.

Adrien conhecera Nino na Itália quando passava por seu terceiro ano na Farfalle. Após uma missão particularmente desgastante, Adrien só tinha vontade de esquecer tudo o que acontecera naquele dia, então resolveu que sairia à noite e beberia até apagar as cenas sangrentas que sua cabeça reprisava sem parar.

DépendanceWhere stories live. Discover now