XVII

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Enquanto Bela voltava para o castelo da fera apressada, com os cavalos da carruagem correndo ao máximo, o Coronel Lorde Crawford decidiu que partiriam para o castelo ainda naquele dia. Reuniu cerca de cinquenta homens em alguns minutos, como pretendia, e rapidamente se organizaram, também partindo para o castelo da fera. A morte da besta seria adiantada.

Secretamente, o coronel desejava essa morte por mais de um motivo, e tendo a informação sobre o futuro casamento entre a Bela e a fera, sabendo das coisas que ele sabia, não poderia deixar que essa união acontecesse. Além do mais, era um absurdo que Bela estivesse apaixonada por aquela aberração. Ele não permitiria que isso durasse nem mais um dia.

Bela, chegando ao castelo, adentrou a propriedade chorosa e desesperada. Correu até os aposentos da fera e se jogou em seus braços.

— Estão preparando uma emboscada para você! – ela soluçou de forma ininteligível.

— Bela, se acalme! – a fera não entendeu suas palavras, e nunca tinha visto a Bela naquela situação – Respire fundo e fale devagar, tentando não chorar.

— Querem te matar! Na manhã do nosso casamento!

— O quê? Quem quer me matar?

— No vilarejo, uma cruzada, o coronel, meu pai! – Bela voltou a soluçar.

— Assim eu não entendo, Bela! – a fera rosnou.

Bela não parava de abraçar o corpo da fera, chorando. Por fim, respirou fundo e decidiu tomar o controle da situação. Chorar não serviria para nada. Ela se afastou da fera e a encarou.

— O meu pai me disse que estão organizando uma cruzada para invadir o castelo! Ele vai conduzir alguns homens até aqui liderados pelo Coronel Lorde Crawford, o homem que me seduziu no passado e manchou a minha reputação! Eles vão te matar!

— Você disse Coronel Lorde Crawford?! – a fera rugiu.

— Sim!

Crawford, irmão do duque de Hamptonshire?

— Sim... O próprio!

A fera rugiu furiosa e socou uma pintura emoldurada em um quadro que estava pendurado na parede, quebrando-o em vários pedaços. Bela se assustou com a reação da fera. Ele conhecia o tal coronel? Mas como?

— Bela, há muitas coisas sobre mim que você não sabe. A mais óbvia, que suspeita, é que nem sempre fui uma fera. Você está certa. E antes de me tornar uma fera, eu tinha inimigos.

— O Coronel Lorde Crawford é um desses inimigos?

— Ele tentou me matar quando eu tinha aparência humana, mas meus guardas lhe deram uma surra. Na época mandei prendê-lo, mas devido à influência do duque de Hamptonshire ele não passou mais de uma semana preso.

— Eu estou perplexa.

— Não acredito que esse verme possuiu o seu corpo, lhe usou e lhe enganou...

A fera estava possuída pelo ódio, pressionando o punho fechado com força.

— Que mundo pequeno. – Bela sussurrou, incrédula.

— Sou eu quem vai matar esse desgraçado! – disse a fera dominada por desejos de vingança – Ele que venha e ouse adentrar a minha propriedade!

— Dominic, por favor... – Bela choramingou.

— Não! – a fera rosnou.

— Ele vai atacar munido de muitos homens! Seus guardas não passam de dez! Seus empregados e prisioneiros são em sua maioria velhos! Você não pode lutar essa batalha...

— Não quero ouvir, Bela! Você já foi útil em trazer a notícia sobre a emboscada. Posso me preparar.

— Fui útil? É isso o que você tem a dizer? Deveríamos partir hoje...

— Partir? – a fera gargalhou, mas dessa vez Bela não teve vontade de rir – Você só pode estar brincando. Acha mesmo que vou perder a chance de arrancar a cabeça daquele maldito com minhas próprias mãos?

— A vingança não vai te levar a lugar nenhum.

— Poupe suas palavras, Bela. Eu pensei que nunca fosse ter a vingança que merecia, mas agora essa a chance.

— Não acredito no que estou ouvindo. – Bela lamentava.

— Saia daqui e chame o Elliot.

— Não! Você não entende? Nós...

— Você é que não está entendendo a situação! Saia daqui, Bela! Saia!

— Eu te dei um voto de confiança para que deixasse de ser um monstro. Não é porque se parece com um que deva agir como tal. Agora você está tramando uma vingança...

— O que disse, Bela? – a fera rosnou – Eu sempre fui esse monstro! Qual a parte de que o meu exterior reflete o meu interior que você não entendeu?

— Isso não é verdade.

— Isso é a única verdade! – a fera rugiu e quebrou um jarro que decorava uma mesa – E eu quero que você suma da minha frente.

— Meu Deus! Eu não te reconheço.

Bela saiu da alcova da fera chorando. Ela estava com medo do que iria acontecer. Não queria que um confronto se instalasse, não queria que a fera corresse risco de vida, não queria ver a criatura que amava morrer. Bela sabia que não haveria chances. Decidida a não testemunhar tais acontecimentos, ela se preparou para fugir, e assim o fez. Fugiu do castelo, correndo para a floresta.

A Bela e A FeraTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang