Epílogo - A corja de Laura Telles

101 21 17
                                    

Ah não, fala sério, você pensou mesmo que eu fosse te abandonar dessa forma? Você achou que toda essa história fosse acabar assim? Mas é claro que não. Eu ainda tenho um último acerto de contas, uma coisa que preciso que você saiba. Não. Você dessa vez não será apenas um cúmplice, você será um telespectador.

Eu não sou a única vítima em tudo. Você sabe que eu não sou. Afinal, eu te contei tudo, cada detalhe. Antes de qualquer coisa, eu falei que te contaria cada detalhe para você entender como tudo faria sentido no final e fez. Por isso, que eu e você estamos aqui.

Há um dia eu resolvi que deveria colocar um ponto final em tudo isso. E eu pus. Claramente, esse ponto final foi transmitido para cada casa desse país. Cada família soube o que alguns "adolescentinhos" mimados fizeram.

Portanto, prepare-se para o show. Eu vou ligar a tevê para você.

— Hoje estamos aqui com ela, Serena Martins, a mulher que enfrentou por anos um crime que não cometeu e que teve a vida destruída por uma mulher sem coração. – As pessoas na plateia batem palmas.

Ela, Simone Krinchow, é simpática assim só na frente das câmeras mesmo... Nossa, que mulherzinha chata, você precisava ver como ela tratava os funcionários quando não estava no ar. Bom, talvez ela seja assim devido ao stress e a tensão que predominam aquele estúdio, mas vamos nos centrar no que realmente importa aqui.

— Então, Serena, o que o público mais deseja saber é como foi que você aguentou todo esse tempo na prisão? – Simone pergunta, seguindo o roteiro.

— Sem dúvidas esse foi o período mais difícil da minha vida. Sinceramente, nem eu sei como tive forças para aguentar tudo que passei por lá.

— E sobre Laura Telles... Você soube que ela foi transferida para a prisão onde você estava pouco depois de você ser libertada. Então, acredita mesmo que seu assassinato foi uma mera confusão entre as presas por envolvimento com drogas?

Confesso que fiquei encucada com essa pergunta que ela fez, pois acrescentar o fato daquele diabo encarnado ter ficado no mesmo inferno que eu não fazia sentido para a resposta que ela buscava... De todos os modos, resolvi responder da melhor forma possível e desacreditar qualquer teoria mirabolante que pudesse ter influenciado aquele acréscimo desnecessário.

— Bom, sobre isso eu não posso afirmar nada. Ela fez as escolhas dela e eu não me interesso por saber nada sobre ela, mas isso não significa que eu aprove ou que eu esteja feliz com a sua morte. Nem quer dizer que eu acredito ou não no trabalho que a polícia faz. E, pra falar a verdade, a única pessoa que poderia nos dar essa resposta, no momento, encontra-se morta.

— Sobre as mortes misteriosas de Lúcio Fernandes e Jorge Bernardi... você tem algo a dizer? – Simone franze a testa e se apruma na poltrona tentando aparentar interesse ou curiosidade para o público enquanto faz sorrateiramente essa pergunta.

— Sim. Mesmo com a traição de Jorge, ele buscou se redimir a mim, assim que soube que Laura havia armado tudo e me incriminado, ele não pensou duas vezes e buscou os melhores advogados dele para agilizarem meu processo. Depois conversamos e nos encontramos mais algumas vezes, mas não aconteceu nada demais entre a gente. O nosso relacionamento já tinha acabado há muito tempo e não tinha mais uma solução viável para reparar isso... Saber que ele morreu... receber aquela notícia... aquilo sim me abalou bastante.

Nessa parte eu forcei os olhos cheios de lágrimas, aquele sorriso sem graça e a bochecha vermelha já se tornaram característicos meus. Antes eu era mais contida, mas depois de passar quatro anos naquela maldita prisão o que eu mais fazia era chorar... qualquer coisa, até um filme idiota de romance que eu assistisse e que me deixasse emocionada, eu já ficava lacrimejando. A encenação foi tão perfeita que nem precisei comentar nada sobre o outro babaca.

Você pode guardar o segredo de Laura Telles?Where stories live. Discover now