Hora 16

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- Como é possível que você possa ver Deus?! Isso não é crível! - Nein comenta assim que finalizo minha história.

- Claro que é. Não teria por que mentir em um assunto como esse, até porque eu nem acreditava que Deus pudesse mesmo existir. - Falo e ela me encara com um semblante de espanto total. - Tudo bem se não quiser acreditar, eu não tenho culpa; mas essa é a verdade. Ou de que outra forma você acha que eu poderia ficar curado de uma hora para outra?

Ela balança a cabeça em negativa. - Não, eu... Acredito sim, é que é uma história tão... Diferente. Sei lá! - Ela muda o olhar de direção e passa uns segundos em silêncio. - Se bem que depois de te ver ressuscitar, ter uma perna curada não é nada de mais! - Ela ri. - Queria ver Deus também!

- E você não vê? - Pergunto.

- Não! - Ela responde de uma vez.

- Como assim: não?! - Rio desconfiado.

- Ué, eu não vejo. Aliás, também não ouço. Minha mãe frequentava a igreja antes de ser presa e disse que nós ouvimos a voz de Deus através da bíblia. Não sabia que podíamos ouvir normalmente, como eu ouço sua!

- Mas Deus não é uma pessoa?! Quero dizer, nós conversamos; e nos vemos; e nos tocamos, então pensei que...

- Ai, Alli, eu não sei! Minha mãe é que entende disso. Eu apenas pensei que isso não era possível, mas se você diz, eu acredito. - Me corta. - Será que você pode chama-lo para conversar conosco? - Indaga.

- Bom, não sei... Geralmente ele aparece quando quer mesmo, eu nunca sei; quando eu o chamo às vezes não funciona.

- E por que não tenta?

- Não sei se ele vai ouvir. - Falo, mas apenas após concluir a frase lembro o que ele disse a mim no hospital: Eu estarei aqui. - Na verdade, ele vai ouvir, só não sei se vai atender, digo... De qualquer forma, ele está aqui agora. - Falo e vejo-a arregalar os olhos, virando o corpo em várias direções e estreitando os olhos.

- Está?! Onde? - Pergunta com as sobrancelhas franzidas ainda procurando.

- Bom, eu também não sei o local exato, mas ele disse que está.

- Disse?! Agora?! Não acredito! Eu não ouvi! - Comenta.

Rio. - Mas não foi agora, foi quando estávamos no hospital. Ele me ajudou a te tirar de lá.

- Nossa, que legal! - Sorri. - Quando ele aparecer ou falar com você, me avisa.

- Tudo bem. - Digo sorrindo.

- Ei, nós vamos dormir aqui? - Nein muda de assunto após falarmos sobre a minha faculdade, os meus amigos, a minha cidade e a minha vida.

Olho em seus olhos e abro os braços. - Pelo visto, sim. - Respondo com rigidez.

- Sério?! Mas está fazendo muito frio, e de noite vai ficar pior ainda! Eu não vou aguentar! Não com essa película branca que você chama de roupa.

- Dá pra parar de reclamar?! - Falo ao desencostar da árvore e levantar.

- Não estou reclamando, estou sendo realista. Você também não vai aguentar o frio. - Diz ao se levantar também.

A encaro. - Tem uma opção melhor?

- Poderíamos procurar uma caverna, então ficaríamos mais aquecidos. - Opina.

- E se não encontrarmos? -Pergunto.

- Daremos um jeito, mas é melhor irmos procurando antes que escureça; fora que estamos no inverno e pode nevar a qualquer momento. - Diz.

24 horasWhere stories live. Discover now