- Como é possível que você possa ver Deus?! Isso não é crível! - Nein comenta assim que finalizo minha história.
- Claro que é. Não teria por que mentir em um assunto como esse, até porque eu nem acreditava que Deus pudesse mesmo existir. - Falo e ela me encara com um semblante de espanto total. - Tudo bem se não quiser acreditar, eu não tenho culpa; mas essa é a verdade. Ou de que outra forma você acha que eu poderia ficar curado de uma hora para outra?
Ela balança a cabeça em negativa. - Não, eu... Acredito sim, é que é uma história tão... Diferente. Sei lá! - Ela muda o olhar de direção e passa uns segundos em silêncio. - Se bem que depois de te ver ressuscitar, ter uma perna curada não é nada de mais! - Ela ri. - Queria ver Deus também!
- E você não vê? - Pergunto.
- Não! - Ela responde de uma vez.
- Como assim: não?! - Rio desconfiado.
- Ué, eu não vejo. Aliás, também não ouço. Minha mãe frequentava a igreja antes de ser presa e disse que nós ouvimos a voz de Deus através da bíblia. Não sabia que podíamos ouvir normalmente, como eu ouço sua!
- Mas Deus não é uma pessoa?! Quero dizer, nós conversamos; e nos vemos; e nos tocamos, então pensei que...
- Ai, Alli, eu não sei! Minha mãe é que entende disso. Eu apenas pensei que isso não era possível, mas se você diz, eu acredito. - Me corta. - Será que você pode chama-lo para conversar conosco? - Indaga.
- Bom, não sei... Geralmente ele aparece quando quer mesmo, eu nunca sei; quando eu o chamo às vezes não funciona.
- E por que não tenta?
- Não sei se ele vai ouvir. - Falo, mas apenas após concluir a frase lembro o que ele disse a mim no hospital: Eu estarei aqui. - Na verdade, ele vai ouvir, só não sei se vai atender, digo... De qualquer forma, ele está aqui agora. - Falo e vejo-a arregalar os olhos, virando o corpo em várias direções e estreitando os olhos.
- Está?! Onde? - Pergunta com as sobrancelhas franzidas ainda procurando.
- Bom, eu também não sei o local exato, mas ele disse que está.
- Disse?! Agora?! Não acredito! Eu não ouvi! - Comenta.
Rio. - Mas não foi agora, foi quando estávamos no hospital. Ele me ajudou a te tirar de lá.
- Nossa, que legal! - Sorri. - Quando ele aparecer ou falar com você, me avisa.
- Tudo bem. - Digo sorrindo.
⌛
- Ei, nós vamos dormir aqui? - Nein muda de assunto após falarmos sobre a minha faculdade, os meus amigos, a minha cidade e a minha vida.
Olho em seus olhos e abro os braços. - Pelo visto, sim. - Respondo com rigidez.
- Sério?! Mas está fazendo muito frio, e de noite vai ficar pior ainda! Eu não vou aguentar! Não com essa película branca que você chama de roupa.
- Dá pra parar de reclamar?! - Falo ao desencostar da árvore e levantar.
- Não estou reclamando, estou sendo realista. Você também não vai aguentar o frio. - Diz ao se levantar também.
A encaro. - Tem uma opção melhor?
- Poderíamos procurar uma caverna, então ficaríamos mais aquecidos. - Opina.
- E se não encontrarmos? -Pergunto.
- Daremos um jeito, mas é melhor irmos procurando antes que escureça; fora que estamos no inverno e pode nevar a qualquer momento. - Diz.

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SpiritualUMA OBRA EM QUE FANTASIA, FICÇÃO CIENTÍFICA E ROMANCE COMBINAM PERFEITAMENTE. Você se perde em uma floresta. Encontra pessoas estranhas. Se depara com mistérios provocadores. Você não sabe nada. Precisa de uma resposta para todas as suas perguntas d...