capítulo 6

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Depois de um incansável tempo esperando até a chegada em casa, finalmente chegamos. Meu pai, um pouco desajeitado, parece trêmulo ao mexer com o controle do portão. Meu pai tem certa diferença de todos nós, em lidar com seus sentimentos. Sente a incrível necessidade em guardar tudo o quê lhe corrói pra si mesmo, não joga pra fora.

E todos nós sabemos...Quantos mais o veneno fica, mais és destruidor.

-Pai, o senhor está bem? - Digo olhando para ele com um tom de preocupação.

-Claro, filha. Por que não estaria? Bom...Fora todo esse susto que você me passara, estou completamente bem - Diz Aladart, meu pai, tentando sair um pouco pela tangente.

Por instantes, imaginei que meu pai estaria naquela situação, por parte, da minha gravidez, mas também, por parte, da volta de Laura. Isso apavorava a todos nós.

Com o apertar um pouco trêmulo no controle do portão, o portão se abre.

-Ei, filha, pode deixar que eu vou aí te ajudar, não desça sem mim.

-Deixe disso, pai. Tô gestante, não deficiente.

-Na na na não - Diz Gabs', virando-se o corpo para o banco de trás onde eu me encontrava. Com um acenar vagaroso com seu indicador, formando ideia de ''não''.

-Ah, Gab's. Eu estou bem, poxa. Pode deixar.

-Não, moça custosa. Permaneça no carro.

Meu pai desce, vai até a direção de Gabriel e ambos vão em direção a minha porta. Sentia-me bem com dois excelentes mordomos ao meu dispôr, haha.

Gab's, com todo aquele porte poderoso, me carrega no colo, com certa ajuda de meu pai, que sai abrindo as portas, até o sofá da sala.

-Bem melhor agora, moça, não é mesmo? Rrun. - Diz Gab's presunçoso.

-Certo, maninho. Mandou bem, ha. Só errou no local. Quero ficar um pouco só, no quarto.

Não quero a movimentação da televisão da sala e etc.

-Ah, entendo...Coisas de gestantes, né? Haha. - Diz Gab's com um ar gozador.

-Aff. - Agora mais essa.

-Mas certo, farei sua vontade, cara majestade. - Gab's sempre tão divertido.

Ouve-se um grito:

-GABRIEEEEEEL. -Veio-se do quarto. Era Aladart. Parecia precisar de algo.

-Já vou, papai. - Gabriel interessado. - Consegue ir sozinha pro quarto?

-Claramente, né, ora essa. Estou de um mês, querido, não nove, rrun.

-Juízo.

Gab's com um olhar penetrante de correção, sobe ás pressas para atender o chamado de papai.

Levanto do sofá, precisando da ajuda do apoio lateral.

-Meu deus...Será mesmo que já estou sentindo os efeitos da gestação? - Falo sem emitir som, apenas ao mexer dos lábios. Algo parecido com um pensamento alto.

Caminho até as escadas. Estendo primeiramente o braço direito, agarro com severidade o corrimão de madeira silvestre da escada. Subo contando degrau por degrau, talvez com medo de desvencilhar de um e deixar por cair. Um ar de curiosidade me chama para ouvir a conversa dos dois. Seria muita curiosidade a minha?!
Ah...Mas vai que seja algo de meu interesse...Não custa nada.

Caminho até a porta do quarto, onde pode-se ouvir sussurros preocupados.
-Mas, mas...Como farei com ela? Não sei por onde entrar em contato. Não sei...Me sinto cada vez mais afundado nisso.

A Tormenta de SamaraWhere stories live. Discover now