Two.

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   O oxigênio por longos segundos não adentraram os pulmões de Dean. Ele tinha perdido completamente a habilidade de respirar e raciocinar ao mesmo tempo. Isso porque ele era aquele tipo de pessoa completamente racional e focada em teorias científicas, muitas vezes esquecendo suas emoções humanas por ter uma grande resposta lógica para tudo.

   Ou melhor, quase tudo.

   Porque, definitivamente, Dean não tinha uma resposta para o que estava vendo naquele exato momento. Não era algo completamente estranho aos seus olhos, mas de fato era único. Vasculhou em seu cérebro, procurando uma suposição para aquilo, e tudo que passava pela sua cabeça era a palavra "radiação", o que não fazia o menor sentido, então num surto, começou a questionar-se sobre religião e pensar na possibilidade daquilo ser um anjo.

   Obviamente gargalhou mentalmente. Dean com certeza não era um homem religioso, muito menos acreditava em seres divinos e angelicais. Mas pela primeira vez, ele não tinha ideia de uma resposta para aquele ser em sua frente.

   Seu corpo branco e nu emitia uma luz por toda a extensão. Não era um clarão como há minutos, apenas uma luminosidade bonita, como se a pele daquele ser brilhasse igual a Lua. O ser desconhecido estava deitado em posição fetal sobre o solo seco da terra, aparentemente dormindo ou desmaiado.

   Dean respirou fundo, odiando o fato de que sua curiosidade um dia com certeza iria lhe matar, e então aproximou-se daquele corpo, agachando-se próximo o suficiente para poder constatar que realmente aquilo era completamente novo.

   Era apenas um menino com cabelos desordenados, que espalhavam-se pelo rosto um tanto pálido, mas que ainda brilhava por causa da luz que sua pele emitia.

   Dean perdeu mais alguns segundos ao encarar o garoto deitado à sua frente. Tentando, sem muito sucesso, não deixar seu emocional falar mais alto. O que estava sendo uma missão quase impossível ao ver aqueles traços tão bem desenhados, como se fossem sido projetados milimetricamente. Era de tudo muito esquisito, mas ele jamais poderia negar que era algo bonito.

   Então balançou a cabeça, semicerrando os olhos para conseguir pensar devidamente, ignorando que aquele ser deitado poderia facilmente ser uma obra de arte. Seu cérebro começou a trabalhar rapidamente, procurando uma resposta para a questão do motivo de um corpo brilhar.

   Se fosse radiação, provavelmente Dean estaria perto de um nível Chernobyl por estar tão próximo, então já que não haveria mais volta, resolveu tocar naquela pele luminosa, a sentindo completamente gelada, quase como a de um cadáver.

   Rapidamente tirou seu jaleco, envolvendo o pequeno corpo do garoto, e sem dificuldade, conseguiu movê-lo de forma que suas pernas e tronco se apoiassem em seus braços, enquanto o erguia em seu colo.

   Era isso, Dean estava carregando em seu colo um menino desconhecido, que por razões também desconhecidas tinha sua própria luz. Sua vida definitivamente não podia ficar mais estranha.

   Ou poderia...

   Instintivamente, levou o menino em direção ao seu carro, enquanto debatia mentalmente se seu caminho seria para o hospital ou para uma igreja. Claro que na igreja apenas fariam uma sessão fútil de exorcismo, ou pendurariam o menino numa cruz para vê-lo sangrar, o que resultaria num novo salvador da humanidade, e Dean com certeza não queria um novo Jesus Cristo vagando pela Terra, porque isso lhe causava um tédio sem igual. Num hospital, perguntariam o porquê do menino estar brilhando e ninguém naquele bando de médicos incompetentes conseguiriam lhe responder isso, ou cuidar devidamente do paciente. Por isso, ao invés de virar à direita, que o levaria ao centro da cidade, resolveu entrar à esquerda, onde ficava sua casa, um pouco afastada da movimentação urbana.

Elsewhere Thereabouts (E.T.) ➸ destiel versionOnde as histórias ganham vida. Descobre agora