XII. Fim

9.5K 1K 965
                                    

10 anos depois...


Era um dia extremamente gelado de começo de inverno.

Daqueles em que a água da chuva começa a congelar nas calçadas e que deixava tudo meio escorregadio. Um clima que tornava muito fácil a queda de uma criança, por exemplo; porque crianças eram estabanadas e nunca tinham muito noção de que correr livremente pela calçada parcialmente cristalizada poderia leva-las para o hospital.

O típico dia que fazia Louis Styles querer puxar os cabelos de preocupação.

Styles porque ele havia se casado com Harry assim que completou dezoito anos. Há aproximadamente cinquenta anos as nações universalizaram o matrimônio entre duas pessoas do mesmo sexo e até mesmo os países mais conservadores foram obrigados a aceitar que, perante a lei, casais homossexuais pudessem conceber os direitos do casamento. Então, para um garoto que nunca teve um sobrenome, pegar o do marido foi algo extremamente natural.

Agora, oito anos depois, já nem lembrava-se bem da época em que se confundia ao falar seu nome completo.

— Lana, pelo amor de Deus, não corra ou seus pais vão me processar! — Pediu, apressando-se para segurar a mão da menina que havia ficado até mais tarde na escolinha. A garotinha já estava com quatro aninhos e era espoleta como Zayn havia sido na infância. O que ela não podia ter de semelhança em traços físicos com os pais, definitivamente possuía em personalidade. Principalmente com a do moreno.

Lana não era uma menina que distribuía sorrisos. Ela era desconfiada e difícil de conquistar. Nunca chorava, por mais que se machucasse e tinha uma personalidade tão forte que às vezes colocava os adultos loucos. Entretanto, quando se apegava a alguém, parecia uma gatinha de tão manhosa que ficava. Queria colo, queria carinho, queria sorrisos, queria ir ao céu, se isso a levasse para perto dos que gostava.

E ela amava Louis.

Na verdade, o ex-puppet havia se tornado sua primeira paixonite. Aquela que você tem ainda na primeira infância e que é algo completamente platônico, mas necessário para o seu desenvolvimento como ser humano e Louis achava isso adorável por parte da menina. Exatamente por isso tratava sua afilhada como uma princesinha que merecia todo o amor do mundo. O que não era difícil, porque com aqueles cabelos compridos e lisos, presos num rabo de cavalo alto, ela realmente parecia da realeza.

— Lou, ‘tô com fome! Veeeeem! — A garota pediu com sua voz infantil de quem ainda não fala muito bem, puxando a mão do mais velho, tentando leva-lo para depois dos portões da escolinha.

Louis olhou para os lados, tentando se lembrar se mais algum aluno tinha ficado lá dentro ou se ele poderia trancar tudo.

— Calma minha princesa, o tio tem que fechar tudo antes de irmos, tudo bem? — Lana fez um bico enorme, mas acabou concordando.

Louis era professor do primário daquela escola desde que havia se formado na faculdade. Depois de tanto ser cuidado por Liam, ele acabou querendo retribuir esse cuidado e essa educação para os outros. Era um excelente professor, do tipo que sempre era amado pelos alunos e elogiado pelos empregadores e pais. Tinha paciência e uma personalidade doce que nunca o abandonou de verdade, mesmo com vinte e seis anos de idade.

Quer dizer, vinte e seis anos biológicos, porque tecnicamente ele tinha nascido há apenas onze anos.

Verificou mais uma vez pra ver se não tinha sobrado ninguém no prédio e começou a trancar tudo, só parando quando o zelador chegou e falou que faria o restante do trabalho. Louis agradeceu, sorrindo antes de voltar para onde sua afilhada estava.

Lhe estendeu a mão, vendo a menina aceitá-la com a própria, coberta por uma luva vermelha e quentinha.

— Aonde você quer comer, princesinha?

O Inverso do Perfeito {l.s}Where stories live. Discover now