20 - CHAVES

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O seriado mexicano “Chaves” fez parte da infância de muitos de nós e ainda encanta as crianças desta geração (e provavelmente das próximas). O humorístico possui seguidores nas mais diversas partes do mundo, sendo o Brasil um dos países com maior público. Um dos motivos do seu grande sucesso é seu texto que, incrivelmente, se mantém bastante atual, fora as atuações dos atores que deram vida aos personagens cativantes da turma.

O que certamente você não sabia, e tampouco desconfiava, era que alguns fatos bizarros permeiam o universo aparentemente inocente do programa. Teoria da conspiração ou não, saiba o que há por trás do Chaves.

No México, o programa “Chaves” é intitulado “El Chavo Del Ocho”, que traduzido para o português significa “O Moleque Do Oito”, numa referência ao número da casa na qual o protagonista mora – não, ele não mora num barril, como muitos pensam. Acontece que, o número 8 escrito deitado representa o símbolo do infinito, pois a morte é infinita: não haveria nada antes dela e nada depois dela

A vila seria então um pedaço do inferno no qual os personagens ficam eternamente repetindo as mesmas ações que os puseram ali, num ciclo vicioso e violento: “Chiquinha chuta a canela de Quico e faz seu pai pensar que o menino foi o agressor, enervado Seu Madruga belisca Quico, que chama Dona Florinda, que acerta um tapa no vizinho gentalha, que descarrega a raiva no Moleque, que atinge o Seu Barriga quando ele chega para cobrar o aluguel. Enquanto isso, o professor Girafales, queimando de desejo, bebe café, com um buquê de rosas no colo, sem desconfiar a causa, motivo, razão ou circunstância de tanta repetição.

Outro aspecto do cenário da Vila é que trata-se de um labirinto rizomático, confuso, cuja saída leva a uma rua estreita, a uma barbearia, a um restaurante, a um parque ou a uma sala de aula apertada. Cenários como Acapulco são exceções à regra. Há também a questão da suspensão temporal, afinal, por que o senhor Barriga sempre cobraria eternamente os mesmos 14 meses de aluguél? Por que não 15 ou 16 meses? Simples, o tempo não passa naquele lugar!

Analisando os personagens, a coisa fica ainda mais esquisita. Cada um deles representaria um pecado capital e, como estão numa espécie de limbo, ficam fadados a refazer as mesmas ações.

- CHAVES: Representa o pecado da gula, o moleque sempre insaciável que ama o sanduíche de presunto e chama seu professor de “linguiça”, numa contradição aos costumes bíblicos que relatam que a carne de porco é suja.

- SENHOR BARRIGA: Representa a ganância, pois somente alguém muito ganancioso cobraria os 14 meses de aluguel todos os dias.

- QUICO: movido pela inveja, uma vez que os brinquedos alheios sempre são mais interessantes que os seus, apesar de serem maiores e melhores.

- SEU MADRUGA: é a preguiça em pessoa e sempre acha uma desculpa para se esquivar dos seus afazeres e não pagar o aluguel.

- PROFESSOR GIRAFALES e DONA FLORINDA: Representam a luxúria, os dois amantes que, apesar dos seus desejos incontroláveis, jamais passam da tradicional xícara de café e dos incontáveis buquês, pois estão condenados a abstinência eterna. Aliás, o fato do professor Girafales em sempre acender seu charuto – mesmo na sala de aula – representa o cacoete dos amantes em fumar após a relação. Uma vez que o corpo não acompanha a mente, só resta ao pobre homem fumar e fumar.

- CHIQUINHA: É a personalidade furiosa representando a ira e que, apesar dos seus esforços, não consegue se expressar da maneira que gostaria por ser a menor da turma, logo, só lhe resta chorar.

- DONA CLOTILDE: Éa vaidade. Moradora do 71 ( 7 + 1 é 8, o infinito) possui um animal de estimação de nome “Satanás” e que ora é um cachorro, ora é um gato, demonstrando o aspecto transmorfo do demônio.

- JAIMINHO: O carteiro, seria o único representante do lado de cá. Segundo o texto, ele seria um médium e suas cartas, psicografias. O fato de viver cansado demonstra o seu tremendo esforço em vagar entre os planos e sua amada Tangamandápio, onde tudo é grande e mais bonito, não seria uma cidade, mas o próprio mundo dos vivos.

Em 1589 o teólogo Peter Binsfeld, no livro “Binsfeld’s Classification of Demons”, estabeleceu que cada um dos sete pecados capitais possui um patrono infernal. Sintoma­tica­mente, Lúcifer, nome pelo qual muitos chamam satanás, gera a vaidade. Os outros são Asmodeu que gera a luxúria, Belzebu a gula, Mammon a ganância, Belphegor a preguiça, Azazel a ira e Leviatã a inveja. Não nos enganemos: eles rondam a vila. Aparecem circunstancialmente, para promover desordem, dor e tentação.

Se o gato-cão Lúcifer/Satanás ajuda a difundir o boato de que Dona Clotilde é uma bruxa, me parece óbvio que a bela menina PATY e sua tia GLÓRIA são Belzebu e Belphegor metamorfoseados em súcubos, demônio sexuais femininos, prontos para atiçar outros apetites no Moleque e tirar Seu Madruga de seu estado de letargia. Por sua vez, o galã de novelas Hector Bonilla, que visitou a vila, nada mais é do que Asmodeu na forma de um íncubo, demônio sexual masculino, com a missão de tumultuar a relação do casal de libertinos castrados. Nhonho é Mammon, instigando o pai avaro a gastar. Popis é Azazel, esmerando-se em despertar a ira de Chiquinha com sua futilidade enervante. Godinez é Leviatã atiçando a inveja de Quico, com suas respostas tão certeiras quanto involuntárias ao Mestre Linguiça. Figuras de pouca relevância como Dona Neves, Seu Furtado, os jogadores de ioiô, os alunos anônimos na escola, os clientes do restaurante, o pessoal do parque e do festival da boa vizinhança, além de outros coadjuvantes, são entidades demoníacas menores, com a função de criar a ilusão de normalidade.

50 Teorias Da Conspiração [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora