Incompleto

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hey hey!!

Preparem os coletes, as caixas de kleenex, o samu, porque olha...

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Terça-feira, 23 de agosto de 2016

09h00min. - Lenox Hill, Manhattan, Nova York

Troye sentou na poltrona. Geralmente a situação era outra. Ele estava sentado onde o homem estava sentado e outra pessoa estava sentada no seu lugar.

Era terça-feira. Troye passara a noite inteira na janela do apartamento, esperando. Esperando algo que nunca vinha.

Ele respirou fundo. Não havia nada naquela situação que ele não conhecesse. Um psicólogo, um paciente, alguns conselhos, uma hora inteira de perguntas curtas e respostas longas, cabeças concordando, horas e horas de terapia, durante o mês, tudo porque você não consegue se controlar, porque você não entende, porque você não consegue seguir em frente.

Mas estava tudo bem. Troye sabia que ninguém era perfeito. Ele pensou em Shea. O namorado morto era perfeito? O que Troye não vira nele? O que Troye deixara passar?

O psicólogo tinha trinta anos de experiência a mais que Troye, e talvez por isso ele estava ali. E ele demorara dois anos para isso.

— Então, Troye, por que você está aqui? — Troye respirou fundo. Havia muita coisa.

— Meu namorado. — O médico assentiu.

— Você tem problemas com o seu namorado? — Troye balançou a cabeça, negando.

— Ele está morto. Ele... Morreu.— O médico sabia disso. Quem arrumara a consulta fora Deana. Ela explicara a situação, mas Troye precisava falar.

— O que aconteceu naquela noite, Troye?

— Ele era... Não me impressiona que eu tenha me apaixonado por ele. Ele era incrível. Nós nos conhecemos por causa da Deana. Nova York é tão grande, mas ao mesmo tempo tão pequena. Ela me apresentou para ele no meu aniversário. Eu tinha acabado de me mudar para cá e ela não queria deixar o dia passar em branco. Nós descobrimos que nós estávamos indo para o mesmo lugar. Psicologia na NYU juntos. Nós namoramos, nós éramos... Imbatíveis. No ano seguinte, no dia do meu aniversário ele ia me buscar em casa, porque, supostamente, nós íamos sair para jantar, então eu esperei, sabe? Eu esperei a noite inteira. Ele estava quatro horas atrasado. Você nunca pensa no que realmente aconteceu. Eu achei que ele estava tendo um caso. — Troye riu. — Eu conheci o Shea. Ele nunca faria isso comigo. Eu já estava pronto para dizer tudo o que ele merecia ouvir, mas ao invés disso Deana apareceu. Quando ela abriu a porta eu comecei a gritar, achando que era ele, então eu a vi. Ela estava ansiosa. Ela disse: "Troye, fica calmo. Troye olha para mim." e eu estava com a boca aberta, entre a raiva e a realidade. E ela pegou no meu rosto, as mãos tremendo e suando e ela perguntou "Shea não está aqui, não é?" e eu sabia que ela sabia a resposta. Eu não a ouvi dizer. eu estava dormente. Eu estava em choque. Eu sabia o que estava acontecendo. Ele não ia voltar. Nós sairíamos para jantar, mas agora nós não iríamos mais. Eu sentei no sofá, a noite inteira, esperando por ele e eu continuo esperando. Eu não sei, mas eu continuo esperando. Acho que eu estou esperando que ele me liberte, mas ele não vem.

— O que aconteceu com Shea?

— Deana estava dando essa festa surpresa para mim. Ele estava no metrô, e ele tinha acabado de arrumar as coisas da festa, no apartamento dela, e estava indo me buscar. E ele foi morto no metrô, esperando o trem para voltar para casa. Eles dizem que foi um assalto que deu errado. E ele atirou nele para matar. Eles disseram... — Troye respirou fundo. — Eles disseram que ele encostou a arma no estômago dele e atirou, e ele segurou a arma, as câmeras do metrô mostram ele segurando a arma, tentando tirá-la dali, mas Glenn Roach atirou e saiu correndo. Eu vi. Eu vi tudo aquilo em uma televisão minúscula em uma sala apertada. Eu o perdi. E não tem um dia na minha vida que eu não ligue para o telefone dele, para ouvir a sua voz. — O psicólogo olhou para Troye e assentiu.

Strange Love | TronnorWhere stories live. Discover now