Caça às Crianças

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De repente o vento começou a agredir os pinheiros próximos à escola de Stanville, as nuvens escureceram, como se uma sombra tomasse conta dos céus, podia-se sentir o som agudo vindo com a ventania, as folhas voavam de forma estranha. O grupo de amigos engolia seco percebendo aquela situação, ao voltarem seus olhares para o chão, viram as coisas encolherem, plantas murchavam lentamente, e as borboletas agonizavam pelas suas vidas, logo os sinos começaram a soar, os alunos sentiam um horror quando perceberam quem estava vindo.

─ Ele está vindo!!! ─ gritou um garoto, que do intervalo foi direto para o mais longe possível de onde estava.

Todos começaram a correr, o desespero tomou conta, tinham que se esconder o mais rápido possível, a cada segundo os sinos começavam a ecoar mais alto, causando um caos total na escola, alunos colidiram ao chão e foram pisoteados por outros, os professores tentavam ajudar as crianças que se perdiam ou que acarretaram em ter ataques de pânico, encolhidos aos cantos da escola, os amigos ajudavam uns aos outros os puxando pelas mãos, o tempo estava esgotando e o sino ia parando de emitir o seu som, a escola ia ficando levemente escura e quase todos já estavam escondidos, alguns gemiam e ficavam ofegantes, o silêncio não era comum em nenhuma escola que ele visitava. Barulhos de passos, a estrutura vibrava como se fosse desmoronar, metade da unidade começava a ter otorragias, que levou alguns deles a gritarem e atraírem a entidade, ele caminhou em direção aonde os gritos eram mais agudos, além de que os barulhos não paravam, era inútil tentar sobreviver quando o silêncio era inalcançável. O ser portava a habilidade da auracinese, mas as regras estabelecidas eram claras, apesar de ele conseguir localizá-los, não poderia ir até eles sem que eles o fizessem chegar.

O ser andava e cantarolava uma sequência repetida de u, os passos começaram à ficar mais pesados onde Daniel estava escondido, numa sala do andar de baixo que continha várias camas e outras coisas, poderia dizer que aquilo era um tipo de armazém grande para que os que estavam na escola tivessem chance de escapar e se esconder de novo, Daniel se encolhia embaixo de uma cama com um colega de classe, de alguma forma todos ali imploravam por um salvador, mesmo sabendo que restava o caos, se esqueceram de algo importante, a esperança, segundo a lenda que perseguia desde a antiga vila, nascia alguém com habilidades para repelir o mal, para que, de alguma forma ele não durasse.

─ Está sentindo o mesmo que eu? ─ cochichou o garotinho do lado, apavorado.

─ Tipo uma exaustão? Estou sim... ─ Dan tentava manter a neutralidade, mas seus dentes rangiam, não dava pra esconder o seu medo e apavoramento.

No acaso, a porta abre como se fosse arrombada, contudo sem sinais de impulso, o silêncio tomou conta do lugar, todos seguravam o choro e suspiros, sem esquecer que estavam trêmulos.

─ Hannibal ad portas. ─ deu um passo à frente e comentou a frase com uma voz mal encarada, possuía o tom doce como de uma criança, enquanto ecoava outra de ódio.

Alguns não conseguiram conter os gritos e começavam a correr, tentando fugir, algumas crianças ficavam até paradas. A polícia não podia intervir, já tentaram muitas vezes impedi-lo, mas sempre falhavam e irritavam a entidade, fazendo com que ela causasse uma destruição gigantesca, deixando alguns inocentes com Alzheimer, algumas pessoas relatavam que para esta crueldade era necessário que você estivesse com as mãos do garoto sobre a cabeça olhando fixamente para seus olhos.

Os que levantavam estragavam o pic-esconde, quando ele tocava nas crianças, ele fazia que elas voltassem a ser bebes com o rosto deformado, já sem a vida, com seus últimos suspiros e lágrimas.

─ O Recurrit está aqui. Eu vou morrer... ─ comentou Dan.

─ Dan, espera. ─ sibilou.

O garoto percebeu que seu colega estava prestes a correr e sair da cama, se sentindo obrigado a segurá-lo para que o pior não acontecesse, o abraçando e puxando para perto de si, engoliu seco e se deitaram sob o chão novamente. O garoto ainda não tinha seus dons manifestados, mas pelo barulho que ambos causaram, os passos cercavam cada vez mais os dois, percebendo que o seu maior medo se aproximava, ele ficou invisível juntamente com seu colega, de alguma forma era como se Recurrit não pudesse sentir nada ali, nem notar os sentidos, os gritos de seu colega não eram sequer escutados, logo ele soltou a cama e voltou a drenar os outros presentes ali, andando até a porta, simplesmente sumiu, de forma lenta, deixando no ar um barulho de sinos gritando.

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