Cartas ; LadyKatjaa

#2

Bem, é estranho voltar assim no tempo, falar do passado, falar do presente.... não faz sentido, nem na minha cabeça faz.
É realmente engraçado pensar naqueles momentos em que eu te disse que já tinha deixado de gostar de ti, eu sabia que não era verdade, mas tinha muito medo de te perder. Eu só não queria que me odiasses, não queria que me evitasses, eu queria que me amasses.
E ainda quero, quero que gostes de mim como eu gosto de ti, quero que olhes para mim e não te lembres que sou uma merda, quero que me ajudes, porque eu preciso de ajuda. Eu preciso de um médico, mas eu tenho medo, eu tenho tanto medo. Eu sei que não estou bem, eu sei que deve haver pessoas em condições piores que eu. Mas eu preciso de ti. Tu és a minha única alegria. Quando sorris o meu mundo ilumina-se, como se eu esquecesse os meus problemas,  como se tudo se resumisse a ti.... Tu és especial. Não sei explicar mas, nunca conheci ninguém como tu, até arrisco pensar que somos parecidos, mas tu agora mudaste muito, todos acham que é para melhor. Eu não sei. Percebo que estas diferente de quando te conheci, vejo te mais feliz e confiante, mas, por outro lado, tenho medo que isso faça com que me esqueças, porque, tu és uma boa pessoa, mesmo que não sejas de o demostrar muito tu és. Mas eu.... eu não. Eu não digo isto para parecer fixe e/ou assustar, mas eu nisso não sou como tu.
Eu uso uma máscara todos os dias, eu finjo ser outra pessoa, eu muitas vezes sou obrigada a fingir emoções. "Porque?" Deves estar a perguntar-te, mas eu não tenho resposta para isso, ainda. Só sei que desde Fevereiro de 2015 eu mudei. Para pior. Eu sei que nunca te contei isto (e muita pouca gente sabe do que se trata este dia) mas é o dia que eu gosto de chamar "o pior dia da minha vida". Eu desde pequena tinha o "pior dia" e agora lembro me de 3. O primeiro, no dia do Pão por Deus. Onde o meu pai me obrigou a decorar as tabuadas e eu não estava a conseguir, e não sei, era tanta pressão que acabei por entrar em pânico e comecei a chorar. Bem, eu chamava a este dia o pior, mas realmente, se tu não existisses, todos seriam assim.
O segundo "pior dia da minha vida" foi quando eu estava na minha casa da praia, e numa noite , eu, o meu pai e a minha mãe estávamos a jantar. A minha mãe apenas disse que a comida tinha muito sal. E pronto. Foi-se tudo. Houve uma grande discussão. Eu lembro me de estar em pânico, principalmente quando o meu pai saiu de casa e não voltava mais, eu liguei lhe, a chorar, mas ele tinha deixado o telefone em casa. Finalmente, quando voltou, começou à procura dos seus medicamentos, e acho que era eu que os tinha na minha mala, e não os estava a encontrar. Começaram a gritar comigo e eu entrei em pânico outra vez. Ainda bem que consegui encontrá-los.
Lembro-me de o meu pai me ter dito depois para ter calma que estava tudo bem. Mas comigo não estava. E continua a não estar.