O Primeiro Beijo (Romance Gay)

Capítulo Um

01

"Muitas vezes, um primeiro olhar conta mais do que milhões de palavras bonitas."

É o primeiro dia de aula do primeiro ano do ensino médio, uma transição não muito agradável para mim. Afinal, quando é que mudar para uma nova escola, sem conhecer ninguém, será algo legal? Acho que nunca...

Esses novos desafios, se é que posso chamar essa mudança de desafio e não de tortura, me assustam pra cacete. Acho que a parte mais difícil de todas, será me envolver com esse monte de gente nova e estranha, não sou a pessoa mais sociável que você vai conhecer na sua vida. Tenho certeza de que você não gostaria de passar por isso, ficaria se borrando de ansiedade, mas eu não posso fazer nada, né? Não tenho culpa que minha mãe arrumou um baita de um emprego bom aqui na capital.

Bom, antes de qualquer coisa, meu nome é Samuel, mas você pode me chamar de Sam, para falar a verdade, até prefiro que me chame assim. Provavelmente serei o garoto mais baixinho da turma, tendo apenas um metro e sessenta. Isso não é problema nenhum, eu sei, mas sempre fui e sempre serei o último a ser escolhido pelos times das aulas de Educação Física, mas pouco me importo com isso. Minha mãe sempre diz que posso ter a garota que quiser aos meus pés, meus cabelos negros formam um contraste impressionante com meus olhos verdes e minha pele morena. Ela costuma dizer que a cor da minha pele parece doce de leite, daqueles que ela faz colocando a latinha de leite condensado na panela de pressão e que fica gostoso pra caramba. Isso deve ser um bom adjetivo então, né?

Mas se ela acha que por isso, por ser bonitinho e tal, já saí beijando várias bocas por aí, coitada, mal sabe como está enganada. Eu não me importo nem um pouquinho isso, de verdade, acho que há coisas mais legais pra se fazer enquanto está no ensino médio. Tipo não despertar os olhares daquele povo popular e que adora encher o saco do garoto novo. Esse é um dos meus maiores objetivos na São Miguel, que fica bem no centro de São Paulo, apenas uns quarenta minutos de minha casa. É, acho que tá na hora de aceitar logo que vou ter que enfrentar essa coisa e me aprontar, antes que a velha surte e me arraste pelos cabelos até a cozinha.

Mal me sento na mesa com meu suco de laranja e as torradas com geleia de framboesa e minha mãe já começa a torrar minhas paciências para que eu termine o café da manhã logo, senão posso chegar atrasado no meu primeiro dia de aula e essas coisas não são toleradas em escolas particulares como a São Miguel.

Blá, Blá, Blá.

Mas não quero irritá-la logo hoje, então banco o bom filho e engulo apressadamente meu último gole de suco e nem perco tempo com a última torrada. Corro escada acima para pegar os materiais que ela comprou cuidadosamente, jogo a mochila azul marinho no ombro e desço novamente, encontrando minha mãe irritada diante da porta já aberta. É melhor eu escovar os dentes lá na escola, senão ela vai ter um treco. Já pensou se essa mulher morre porque eu estou atrasado pro primeiro dia de aula?

- Vamos, você vai se atrasar! - Ela diz, ansiosa, enquanto retoca a maquiagem pela milésima vez.

O transito está intenso na região da Paulista. O famoso caos diário da cidade da garoa. A maioria dos paulistas é acostumada com isso, mas eu não. Eu me mudei de uma cidadezinha do interior, onde tudo é muito calmo e fácil, há apenas um ano. As pessoas sempre estão correndo nesta cidade e eu preciso me acostumar com isso. Além de tudo, a São Miguel é a segunda escola na qual eu estudo neste curto período.

Enquanto minha mãe dirige lentamente, desfruto do meu MP3 Player e jogo Pokémon no meu Nintendo DS. Não falta muito para que eu enfrente os corredores lotados de minha nova escola. A verdade é que eu pouco me importo com a escola em si, eu só quero me formar logo para ir estudar em alguma universidade e ser alguém na vida.