Capítulo Dois

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E aqui estou novamente, nos corredores, só que desta vez poucos alunos ainda perambulam por ele. Sigo rapidamente em direção aos armários e busco pelo meu, que é o numero quatrocentos e cinquenta e dois. Ao abri-lo, me assusto com a pilha de livros que há lá dentro. Olho rapidamente para o horário e decido pegar apenas os livros das aulas que terei hoje, afinal, não sou nem tão burro, quem dirá um camelo, pra carregar essa porrada de livros atoa. Pego meu caderno e meu estojo dentro da mochila e a enfio dentro do armário. Tenho que colocar os livros junto com o meu material no chão para conseguir fechar o armário. Faço tudo isso rapidamente e sigo com pressa pelo corredor, até a sala da minha primeira aula, que por sorte é a sala dez e fica neste mesmo corredor.

Agradeço mentalmente à secretária por ter me atrasado, a minha primeira aula era de matemática e, sem dúvidas, esqueceram-se de incluir essa parte de meu cérebro na hora em que fui fabricado. Paro em frente à porta, bato suavemente em sua superfície lisa e branca. Pelo visto a professora que está na sala, só tá explicando como as coisas vão funcionar durante o ano. Menos mal, né?

Ela para o que estava fazendo e vem até a porta. Ela me encara através do vidro antes de abri-la e depois me olha dos pés à cabeça. Se tem uma coisa que não gosto nas pessoas é isso, essa coisa de me analisar completamente, me dá a sensação de estar pelado. Sua aparência definitivamente me lembra a supernany, a única coisa que muda é a idade.

- Pois não? – Ela diz, seu rosto sério me arrepia todinho.

- Oi, eu sou novo na escola e no meu horário diz que a primeira aula é aqui. – Mantenho o tom de voz doce e educado, as primeiras impressões contam muito nessas horas.

- Tudo bem, mas você está um pouco adiantado para a aula de amanhã. – A desconfiança está estampada em seu rosto.

- É que eu estava na secretaria pegando meu horário e a chave do armário, me desculpa. – Sinto vontade fugir desse lugar. O escola maldita, essa que minha mãe foi arrumar.

Ela pondera sua decisão durante alguns minutos e quando finalmente responde, seu tom de voz é doce e carinhoso, me causando uma sensação de alivio e conforto.

- A famosa dona Lurdes, adora enrolar os alunos novos! – Ela ri baixinho e indica para que eu entre na sala e escolha um lugar. Ufa, pelo visto a dona Lurdes já é bem famosa por atrasar todo mundo.

Ao entrar na sala, sinto alivio ao ver que ela não está tão cheia e que eu poderei escolher o lugar onde sentar. Acabo optando por um lugar não muito no fundo da sala, perto das janelas e me sento.

Encaro a lousa durante alguns instantes, mas apenas um cronograma fora escrito nela. No cronograma posso notar as datas de provas e as matérias que serão discutidas durante o primeiro semestre.

Pego o meu caderno e começo anotar as coisas na parte reservada para matemática, mas não tenho muito tempo, pois logo a professora volta a falar as coisas sobre o ano letivo, as regras da escola e como é o seu modo de trabalhar. A aula não demora muito para acabar após este ponto, graças a deus!

Segundo o quadradinho de papel que contem meu horário, a próxima aula será no prédio dois, na sala setecentos e oitenta, biologia. Finalmente algo com o qual eu me identifico.

Alunos caminham de um lado para o outro nos corredores, um verdadeiro turbilhão de jovens, digno da famosa Avênida Vinte e Cinco de Março. Esbarro, sem querer, em diversos colegas, alguns até me olham torto e um outro chega a me xingar. Contenho o impulso de me virar e socar a cara dele, ao mesmo tempo em que o xingo também. Qual é o problema deles? O corredor está lotado, não dá para evitar esbarrar em alguém.

O Primeiro Beijo (Romance Gay)Where stories live. Discover now