Capítulo Três

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03

A vergonha se apossa de meu corpo e eu estou ruborizando de novo. Droga! Eu preciso aprender a controlar isso. Eles acenam para mim. A garota ruiva, Alexia, mantem a expressão carrancuda, já os gêmeos, estão sorridentes. Aceno de volta.

- Ah, esqueci. – Sofia diz sem jeito. – Esse aqui é o Jeferson.

Aceno para ele, sem graça, e ele acena de volta. Então é esse o cara que Gisele disse que Sofia está pegando. Que bom para ele. Sofia é muito bonita, mas eu não posso dizer o mesmo sobre ele. O garoto definitivamente tem estilo, seu cabelo é bonito, mas nada disso combina com ele, tudo parece fora do lugar. Se uma coisa está boa nesta mesa, é a animação. Os gêmeos não param de irritar Alexia, jogando batatinhas e outras coisas nela. Ou então fazendo caretas para Gisele e Bruno. Um deles até chegou a piscar para mim. Babaca.

Gisele e Bruno, que eu agora entendo, formam um casal também. Eles conversram comigo durante o intervalo inteiro sobre a escola e como as coisas funcionam nela. Gisele é animada quando se trata de descrever cada um que passa. Ela diz quem são os párias, quem são os descolados e quem são as pessoas do último ano, com as quais eu devo evitar me envolver.

Prin....Prin....Prin...

A campainha do sinal soa alto em meus ouvidos. O intervalo acabou.

Eu ia pegar bandeja e devolver na lanchonete, mas Gisele me impede, dizendo em seguida:

- Pode deixar aí. – Ela comenta sorrindo. – Daqui a pouco as mulheres da faxina vão recolher pra limpar!

- Mas... – Tento dizer, mas a garota me interrompe.

- Mas nada, deixa aí! – Tá, a dona Gisele pode ser bonitinha e tal, mas seu jeito mandão me assusta pra caramba, credo.

Acompanho Sofia, a ruiva e Bruno até os armários novamente. Desta vez eu não irei levar os livros pesados, uma das aulas é de educação física e a outra e de artes. Me despeço de Gisele e Bruno e sigo Sofia até o terceiro prédio da São Miguel.

***

A aula de educação física foi, como posso dizer, calorosa. O professor era marrento e musculoso. A primeira parte da aula foi basicamente o mesmo que as outras, mas a segunda parte foi desastrosa.

O professor pediu para que formássemos times para jogar queimada. Sofia, é claro, me escolheu para o seu time. Coitada, não sabia que eu era um desastre nos esportes.

Os outros times estavam claramente mais fortes do que o nosso. O jogo fluiu bem durante os primeiros lances, mas isso não durou muito. A rivalidade cresceu rapidamente, a gritaria ecoava no ginásio.

Em um dos lances, um dos quais eu não quero me lembrar, acabei por levar uma bolada na cara.

Todos riram, inclusive eu, mas que aquela porcaria doeu, isso não posso negar. Eu sempre tive em mente que, em situações constrangedoras como essa, a melhor solução é rir.

Peço para o professor me deixar ir ao banheiro. Ao chegar lá, noto a presença de vários garotos conversando. Sigo silenciosamete até a torneira mais próxima e lavo o rosto. A sensação de alivio rapidamente toma conta de mim.

Não consigo não notar no físico daqueles garotos, eles são fortes e bonitos, diferente da lombriga branca que sou. Pelo que consigo notar, eles fazem parte do time de futebol da escola. Legal, garotos metidos e prepotentes. Gisele já havia me avisado sobre eles.

Saio do banheiro o mais rápido que consigo, sem que eles notem minha presença.

Quando retorno à quadra, o nosso time já havia saído do jogo. Sofia está com uma cara de bunda, daquelas de alguém que acabou de perder e não consegue aceitar isso.

O Primeiro Beijo (Romance Gay)Where stories live. Discover now