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-Vai lá. -A Carol falou, incentivando o Caio falar.

-Não vou falar o quanto você é um amigo incrível, porque isso você já sabe. Mas eu vou contar um momento que me vez perceber que sua amizade valia a pena... Quando você foi lá para nossa escola, você era horrível em futebol, mas ai você ficou bom e teve a oportunidade que muitos meninos querem. Você podia jogar no time do mala do Gustavo, o melhor time da escola e que não perde nunca, mas você preferiu ficar com os meninos que não jogavam tão bem, e foi assim que percebi que sua amizade valia a pena. Fim! -O Caio disse e caímos na risada. Enfim, vou sentir sua falta, lek. -O Caio levantou para abraçar o Guilhermo que retribuiu o abraço.

-Agora eu vou. -O Rafal falou, depois dos dois já terem parado de se abraçar. -Cara, eu só tenho a te agradecer. Você é um menino companheiro, divertido e, como a Elena vive falando, fala as coisas certas na hora certa. Você foi a pessoa que me fez enxergar o que era importante e o que eu queria e foi a pessoa que mais me apoiou para correr atrás disso. Sei que a Itália não é logo ali, mas, também, sei que nossa amizade aguenta mais do que uns mil quilometros de distância. Quero que você seja muito feliz e que corra atrás dos seus objetivos assim como você me fez correr atrás dos meus. Vou sentir sua falta. -Os dois se abraçaram. Depois do Rafa, foi a vez do Paulo falar e logo depois veio o Igor, o Pedro, a Celeste, a Carol e a Milena. 

Os pais do Guilhermo escutavam tudo atentamente e, as vezes, o João precisava traduzir algumas coisas para a Avelina, mas, em momento algum, eles nos interromperam. 

O peúltimo a falar foi o Arthur. 

-Caraca Guilhermo, eu poderia falar um discurso do tamanho da bíblia só para começar em falar o quanto você é importante para mim. Você chegou primeiro na vida dos outros, em um momento que eu não estava sendo uma pessoa legal, e, preciso admitir, que eu odiei isso. Eu via o seu jeito e via como você conseguiu fazer a Elena não pensar no babaca que eu era. Mas saiba que eu me culpo de pensar isso até hoje. Você ficou ao meu lado quando eu estava em coma, mesmo que pela Elena, sem nunca me julgar e sem nunca deixar se influenciar pelas coisas que os outros te falavam a meu respeito. Porém, isso não é nem o começo do que eu te falaria. Você se tornou o irmão que eu nunca tive, confiou seus maiores segredos a mim e é um menino incrível, que corre atrás dos seus sonhos e está sempre disposto a encarar novos desafios. Sei que você ficou dividido entre ir e ficar, e sei que seus pais também sabem isso, mas cara, pense que você foi corajoso e guerreiro ao decidir voltar com a sua família. Sua escolha não deixou nenhum de nós irritado, só nos provou o cara de palavra que você é e que não importa quão difícil foi fazer essa escolha, você conseguiu. Você fez o que muita gente não teria coragem. Você fez o que eu não teria coragem. Não me refiro apenas a sua chegada ou partida, mas sim a tudo. Você é um cara corajoso, lembre-se disso e eu nunca vou ser um terço do cara que você é. -O Guilhermo se levantou para abraçar o Arthur. Ambos sussurraram alguma coisa, mas fui incapaz de ouvir. 

-Eita. -Falei após os dois já estarem nos seus lugares de novo. Antes de falar qualquer coisa, olhei para os pais do Guilhermo e eles sorriram com tristeza para mim. -Tá, vamos lá... Lembro até hoje do menino perdido que quase entrou no banheiro feminino por egano. Aquele menino era risonho, alegre, divertido, inteligente, sábio, tinha um sotaque legal e é o que você ainda é e deve continuar sendo quando voltar para casa. Quando eu precisei de alguém para ficar do meu lado, altas horas da madrugada, você sempre esteve disponível e por mais que eu achasse que a qualquer instante iria cansar de mim, você não cansou. Como todos os nossos amigos falaram, você é guerreiro e corajoso. Nunca desistiu dos seus sonhos, por mais impossíveis que eles pudessem ser e é assim que você tem que continuar sendo. Eu preciso que saiba que você é a pessoa mais determinada e prestativa que eu conheço e seus pais têm muito orgulho de quem você é. A saudade pode ser uma coisa que vai nos consumir se deixarmos, mas é muito melhor lembrarmos do nosso tempo juntos, do que lembrar apenas da sua partida. Vivemos ótimos momentos, todos nós, que podem ser preservados e, gente, apesar da Itália não ser nem um pouco logo ali na na esquina, ainda podemos conversar pela internet e até, quem sabe, fazer uma visita a Itália qualquer dia desse. Vai Guilhermo. Não porque você precisa, mas porque é o que você quer. Vai e seja feliz como ou até mais feliz do que você foi aqui no Brasil. A vida é muito curta para deixarmos a saudade ser o principal sentimento em nós. Vai e realize todas as metas e sonhos que você construiu com sua família e sozinho. Leve esse ano no Brasil com você, para sempre que se sentir triste, lembrar que aqui tem pessoas que querem o seu bem e sua felicidade. -Deixei umas lágrimas esparem e percebi que alguns de nossos amigos também choravam. 

O Guilhermo levantou e andou até ficar na minha frente. Levantei e fiquei cara a cara com ele. O mesmo me puxou e me beijou bem na frente de todo mundo, inclusive dos pais dele. Não me senti envergonhada ou constrangida, estava ocupada demais sentindo e retribuindo o beijo da melhor pessoa que eu já conheci e que eu poderia conhecer.

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