Capítulo 16

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Nesse exato momento, Kitty apareceu no caminho vindo de Longbourn. Ambos a olharam. Ela corria, sem fôlego, e chegou até eles num instante. Ao alcançá-los, imediatamente se dirigiu a Elizabeth, dizendo, "Ai, Lizzy, que bom que encontrei você. Mamãe está fora de si e me mandou atrás de você na mesma hora."

"O que aconteceu, Kitty?", perguntou Elizabeth.

"É a Lydia, ela não desceu para tomar café esta manhã."

"Ela está doente?"

"Não, quando a Sarah subiu e entrou no quarto dela, ela não estava lá. Havia apenas um bilhete. Lizzy, ela fugiu com o sr. Wickham!"

"O quê?" exclamou Elizabeth, começando a correr na direção de Longbourn com a irmã. O sr. Darcy, que havia sido esquecido, as seguiu.

Quando chegaram em casa, Jane estava consolando a sra. Bennet, "Mamãe, tenho certeza de que tudo ficará bem. O bilhete diz que eles foram para Gretna Green. Logo estarão casados e tudo acabará bem, a senhora verá."

"Sim, sim, claro que eles se casarão, mas como ela pode abalar os meus nervos dessa forma? Ah, estamos todos arruinados."

Apesar da certeza da mãe de que haveria um casamento, Elizabeth não conseguia estar tão segura disso. Podia ver, só de dar uma rápida olhada para o pai, que ele também duvidava das intenções de Wickham. De fato, ele nunca havia demonstrado nenhuma afeição especial por Lydia e Lydia não tinha muitas qualidades que a recomendassem e inspirassem um amor verdadeiro em qualquer homem. Tampouco possuía algum outro incentivo, como fortuna ou parentesco. Elizabeth não tinha esperanças de que um homem como aquele pudesse ser persuadido a se casar com Lydia. Na verdade, ela estava certa de que ele não amava Lydia e de que não se casaria a não ser com uma mulher que possuísse muito dinheiro. Lembrou-se, então, da tentativa de Wickham de fugir com Georgiana e, consequentemente, lembrou-se da presença do sr. Darcy. Olhou para ele no intuito de verificar como ele recebera a notícia. Notou que ele se aproximara do sr. Bennet, dizendo-lhe alguma coisa em voz baixa. Pouco depois, os dois cavalheiros se despediram. Além da demonstração normal de cortesia, o sr. Darcy apenas lançou um sério olhar de despedida a Elizabeth.

Alguns instantes depois, o cel. Forster chegou a Longbourn, explicando que o sr. Wickham havia desertado na noite anterior, deixando para trás muitas dívidas em Meryton, incluindo dívidas de honra. O coronel acabara de saber que ele havia levado Lydia consigo e, assim que ouviu a notícia, veio diretamente a Longbourn. Ele não confiava no sr. Wickham e sugeriu que tentassem seguir o casal. O sr. Bennet e o sr. Gardiner lhe disseram, então, que já estavam se preparando justamente para isso. Assim, os três homens logo se puseram a caminho do correio local, na esperança de conseguir alguma informação sobre o paradeiro do casal.

Tendo se entregado, ainda na véspera, à agradável perspectiva de perseguir a mulher por quem o sr. Darcy mostrara um interesse especial, não estaria fora de propósito questionar por que razão o sr. Wickham abandonaria a expectativa de executar uma vingança tão perfeita. Contudo, quando alguém se vê frente a poucas alternativas, deve analisar cuidadosamente suas prioridades, especialmente se estiver vislumbrando, e não pela primeira vez, um encarceramento por débitos.

O sr. Wickham havia se comportado de tal maneira, em Meryton, que se via obrigado a sair da área sem demora. Quando retornou ao quartel na noite anterior, depois de haver jantado em Longbourn, recebeu notícias que o alertaram que seu melhor plano de ação seria partir no dia seguinte. E embora ainda não tivesse tido a oportunidade de conquistar a srta. Elizabeth Bennet, a companhia voluntária de sua irmã mais nova e mais inconsequente se apresentou como uma nova alternativa. Sendo o homem que era, não pôde recusar.

De fato, Lydia havia flertado descaradamente com Wickham na noite anterior após o jantar, e já que Elizabeth havia se recolhido com dor de cabeça, ele simplesmente redirecionou suas atenções para Lydia. O flerte de Lydia foi tão bem-sucedido que os dois combinaram, ao longo da noite, de se encontrar mais tarde, depois que a família dela já estivesse dormindo.

Assim, resolvido a abandonar Hertfordshire, Wickham rapidamente reuniu seus pertences, contratou uma carruagem e voltou a Longbourn para manter seu compromisso com a srta. Lydia. Ele deixou a carruagem esperando no portão de entrada de Longbourn e seguiu a pé pelos jardins até onde ela o esperava. A princípio ele planejara apenas exercer certo controle sobre ela, mas ela estava muito ansiosa para acompanhá-lo e ele achou que seria uma grande aventura. Desta forma, ela o deixou no jardim por menos de meia hora e retornou com algumas coisas guardadas em um pequeno baú. E eles se foram.

Embora os encantos da srta. Lydia exercessem menor fascínio sobre ele do que os da srta. Elizabeth, o sr. Wickham tinha que se contentar com o que podia conseguir naquelas circunstâncias. No entanto, podia contar com o consolo da esperança de que, embora não tivesse tido tempo de comprometer a amada do sr. Darcy, a ruína da irmã dela pudesse, de alguma forma, causar desgosto ao homem que o sr. Wickham adorava odiar.

No dia seguinte à fuga, o sr. Bennet já não estava em casa. A família logo recebeu um expresso seu, informando que ele e o sr. Gardiner já se encontravam na casa deste em Londres. Eles haviam conseguido rastrear Wickham e Lydia até Londres, mas não além disso, e estavam quase certos de que não haviam seguido para a Escócia. A casa estava em polvorosa. A sra. Bennet não se sentia em condições de deixar seus aposentos e estava convencida de que a família inteira estava arruinada.

O sr. Bingley passou apenas para uma rápida visita nesse dia. Ficou aproximadamente meia hora com Jane no jardim e foi embora. Elizabeth ficou sabendo por Jane que o sr. Darcy havia partido de Hertfordshire naquela manhã bem cedo, antes que todos acordassem, sem uma palavra sobre seu destino ou sobre seu retorno.

Elizabeth se sentiu mal. Ela e o sr. Darcy haviam chegado tão próximo de um entendimento e, agora, a conduta de Lydia arruinara tudo. Obviamente o sr. Darcy não queria ter nenhum vínculo com ela ou com sua família agora. Sem dúvida, tamanha demonstração de impropriedade ultrapassara o seu limite de tolerância. Ele nunca se ligaria a uma família assim. Estava claro que ele havia se ausentado da vizinhança para evitar qualquer proximidade com Elizabeth e para expurgá-la de seu coração.

Infelizmente, a única maneira possível de salvar Lydia era o único obstáculo que tornaria impossível a aproximação do sr. Darcy. Certamente ele nunca se casaria com Elizabeth se Lydia se casasse com o sr. Wickham. Ele nunca se vincularia voluntariamente àquele homem. Mesmo que a união de Wickham e Lydia ocorresse da forma mais honrada, Elizabeth não podia esperar que o sr. Darcy ainda quisesse desposá-la. E Elizabeth não podia e nem desejava, para seu próprio bem, que Lydia não se casasse com o sr. Wickham. Não, eles teriam que se casar. Realmente, fosse esse casamento consumado ou não, o sr. Darcy não teria mais nenhum interesse numa família tão desonrada.

Diante de tal quadro, Elizabeth pensou, "talvez eu devesse tê-lo encorajado, ao invés de o ficar provocando, de tal forma que ele chegasse à questão ontem. Ele teria feito a proposta e nós estaríamos noivos agora. Ou, se eu tivesse revelado que ouvi tudo o que ele disse naquele dia na biblioteca, ele teria se pronunciado naquela mesma ocasião, e já poderíamos estar casados. Mas acabou concluindo, não, eu o teria recusado então." De repente, ela se deu conta, com grande pesar e desespero, "Eu nunca mais o verei."

Continua...
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